Meditação sobre o Buda

Para fazer as meditações com os Yidams (seres iluminados) e suas imagens geralmente é preciso receber a iniciação do Yidam que você vai fazer a meditação, mas para fazer essa do Sidarta Gautama, o Buda, não precisa.

Por: Kathleen McDonald

Acalme sua mente, fazendo alguns momentos de meditação sobre a respiração. Então, contemple a prece de refúgio e bodhichitta.

Eu tomo refúgio, até estar iluminado, nos buddhas, no dharma e na sangha. Pelo mérito que criei através da prática da generosidade e das outras perfeições, possa eu atingir o estado de buddha para ajudar a todos os seres sencientes.

Gere amor e compaixão, refletindo brevemente sobre o predicamento de todos os seres: seu desejo de experienciar a verdadeira felicidade, mas a inabilidade de obtê-la; e seu desejo de evitar o sofrimento, mas encontros contínuos com ele. Então pense:

Para ajudar a todos os seres e conduzi-los à paz e felicidade perfeitas da iluminação, devo atingir a iluminação. Por este objetivo, vou praticar esta meditação.

A visualização do Buddha

Imagem do Buddha Shakyamuni, para ajudar na viualização

Cada aspecto da visualização é feita de luz: transparente, intangível e radiante. No nível de sua testa, a mais ou menos 2 metros a sua frente, está um grande trono dourado, adornado com jóias e sustentado, em cada um de seus quatro cantos, por um par de leões das neves. Estes animais, que na realidade são manifestações de bodhisattvas, têm a pele branca, e a juba e rabo de cor verde.

Sobre a superfície plana do trono, está um assento, constituído de um grande lótus aberto e dois discos radiantes, representando o sol e a lua, um sobre o outro. Estes três objetos simbolizam as três principais realizações do caminho para a iluminação: o lótus representa a renúncia; o sol, a vacuidade; e a lua, a bodhichitta.

Sentado sobre isto, está o Buddha, que atingiu estas realizações e é a corporificação de todos os seres iluminados. Seu corpo é de luz dourada e ele veste os mantos monásticos, cor de açafrão. Seus mantos não tocam realmente o seu corpo, mas estão a uma distância de mais ou menos dois centímetros. Ele está sentado na postura de lótus completo. A palma de sua mão direita está sobre o joelho direito, com os dedos tocando o assento de lua, significando o seu grande controle. Sua mão esquerda está sobre seu colo, em gesto de meditação, segurando um pote cheio de néctar, que é o remédio para curar nossos estados perturbadores e outros obstáculos.

O rosto de Buddha é muito belo. Seu olhar sorridente e compassivo está direcionado para você e, simultaneamente, para todos os outros seres sencientes. Sinta que ele é livre de todos os pensamentos de julgamento e crítica, e que ele aceita a você assim como é. Seus olhos são longos e finos. Seus lábios são vermelho-cereja e os lóbulos de suas orelhas são longos. Seu cabelo vai de azul para preto e cada fio está individualmente enrolado para a direita, sem se misturar com os outros. Cada característica de sua aparência representa um atributo de sua mente onisciente.

Raios de luz emanam de cada poro do corpo puro de Buddha e alcançam cada canto do universo. Estes raios são realmente compostos de incontáveis buddhas em miniatura, alguns indo ajudar os seres sencientes, e outros voltando e se dissolvendo em seu corpo, tendo terminado o seu trabalho.

A purificação

Sinta a presença viva do Buddha e tome refúgio nele, recordando suas qualidades perfeitas e sua disposição e habilidade para ajudá-lo. Faça um pedido, de coração, para receber as bênçãos e se tornar livre de toda a energia negativa, enganos e outros problemas, e para receber todas as realizações do caminho para a iluminação.

Seu pedido é aceito. Um fluxo de luz branca purificadora, cuja natureza é a mente iluminada, flui do coração de Buddha e entra em seu corpo, pela topo de sua cabeça. Assim como a escuridão de uma sala é instantaneamente eliminada no momento em que uma luz é ligada, assim também a escuridão de sua energia negativa é eliminada sob o contato com esta luz branca radiante.

Imagem do Buddha Shakyamuni, para ajudar na viualização

Enquanto ela flui para você, enchendo o seu corpo completamente, recite a seguinte prece, três vezes:

Ao mestre e fundador,
Bhagavan, Tathagata, Arhat, Samyaksambuddha,
O glorioso conquistador, o domador do clã Shakya,
Eu me prostro, tomo refúgio e faço oferendas:
Por favor, conceda-me suas bênçãos.

Agora, recite o mantra de Buddha, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha. Repita alto ou cante pelo menos menos sete vezes, e então repita-o quietamente para si mesmo, por alguns minutos.

Quando você terminar de recitar, sinta que toda a sua energia negativa, problemas e obscurecimentos sutis foram purificadas. Seu corpo sente felicidade e luz. Concentre-se nisto por um instante.

Recebendo a força inspiradora

Visualize que um fluxo de luz dourada desce do coração de Buddha e flui para o seu corpo através do topo de sua cabeça.

Ele pode transformar seu corpo em diferentes formas, animadas e inanimadas, para ajudar os seres vivos de acordo com suas necessidades individuais e estados mentais particulares.

Com sua fala, ele pode comunicar diferentes aspectos do dharma simultaneamente aos seres de vários níveis de desenvolvimento e ser compreendidos por eles em suas línguas.

Sua mente onisciente vê claramente cada átomo da existência e cada ocorrência — passada, presente e futura — e sabe os pensamentos de todos os seres vivos: tal é sua consciência em cada momento.

Estas boas qualidades infinitas fluem para cada parte de seu corpo. Concentre-se nesta alegre experiência quando repetir novamente o mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha.

Quando você terminar a recitação, sinta que você recebeu as infinitas qualidades excelentes do corpo, fala e mente de Buddha. Seu corpo sente a luz e a alegria. Concentre-se nisto por algum tempo.

Absorção da visualização

Agora, visualize que os oito leões das neves são absorvidos no trono, o trono no lótus, e o lótus no sol e na lua. Estes, por sua vez, são absorvidos no Buddha, que agora vem para o espaço acima da sua cabeça, se funde em luz e se dissolve em seu corpo.

Sua sensação de um Eu — indigno e carregado de falhas — e todos os seus outros conceitos errôneos desaparecem completamente. Nesse instante, você se torna um com a mente alegre e onisciente de Buddha, no aspecto do vasto espaço vazio.

Concentre-se nesta experiência o maior tempo possível, não permitindo que outros pensamentos o distraiam.

Então imagine que deste estado vazio aparece, no lugar onde você está sentado, o trono, o lótus, o sol, a lua e, sobre tudo isto, você aparece como o Buddha. Tudo é da natureza da luz, exatamente como você visualizou, anteriormente, diante de você. Sinta que você é o Buddha. Identifique-se com sua sabedoria e compaixão iluminadas, ao invés da sua habitual visão incorreta de um Eu.

Ao redor de você, em cada direção e preenchendo todo o espaço, estão todos os seres sencientes. Gere amor e compaixão por eles, ao lembrar que eles também querem atingir felicidade, paz mental e liberdade de todos os problemas. Agora que você está iluminado, você pode ajudá-los.

Em seu coração, estão um lótus e uma lua. Voltados para fora, ao redor da circunferência da lua e no sentido horário, estão as sílabas do mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha. A sílaba semente Mum está no centro da lua.

Visualize que raios de luz — que na realidade são a sua sabedoria e compaixão — emanam de cada letra e se difundem em todas as direções. Eles alcançam incontáveis seres sencientes ao seu redor e os purificam completamente de seus obscurecimentos e delusões, preenchendo-os com inspiração e força.

Enquanto imaginar isto, recite novamente o mantra, Tayatha Om Muni Muni Maha Munaye Soha.

Quando você terminar de recitar, pense: "Agora eu levei todos os seres sencientes à iluminação."

Visualize que todos aos seu redor estão agora na forma de Buddha e estão experienciando a alegria completa e a sabedoria da vacuidade.

Não se preocupe, achando que a sua meditação é uma simulação e que você não ajudou nem mesmo uma pessoa a alcançar a iluminação. Esta prática é conhecida como "trazer o resultado futuro no caminho presente". Ela nos ajuda a desenvolver a convicção firme em nossa perfeição inata — nosso potencial búddhico; aquilo o que acabamos de fazer na meditação, vamos definitivamente realizar um dia.

Conclua a sessão dedicando toda a energia positiva e insights que você tenha obtido por fazer esta meditação ao eventual atingimento da iluminação pelo benefício de todos os seres.

(McDonald, Kathleen. How to Meditate: A Practical Guide.
Editado por Robina Courtin. Ithaca: Snow Lion, 1998. Pág. 126-133.)