|
Alguns
Desafios que Aparecem no Caminho da Consciência
Por: Luís Vasconcellos
Até mesmo a ciência “oficial” descobriu, com um alto
custo de esforço e evolução, que existe, de modo apenas aparente, a
REALIDADE a que chamamos de “mundo físico” e que este “plano material”
pode ser subdividido em camadas e que aquela camada percebida é apenas a
mais superficial, esconde-se aos sentidos humanos o fato, hoje corrente,
de que a matéria é composta de energia organizada (átomos, prótons e
elétrons) inclusive com ENORMES espaços vazios entre estas cargas
polarizadas.
A MATÉRIA é, em essência, uma manifestação de uma ENERGIA ainda muito
misteriosa.
Entretanto, popularmente falando, vivemos em uma sociedade que nutre uma
concepção de mundo, predominantemente dependente e submissa ao “mundo
conforme percebido pelos sentidos”. Em nossa época, de inominável pobreza
filosófica, é irreal tudo aquilo que não tiver origem no mundo dos
sentidos.
Mas então, o que é a matéria? Ninguém sabe, com certeza, a resposta a esta
pergunta.
A mesma “descoberta” necessita ser feita por todos aqueles que se abram
“em espírito” para a realidade psicológica humana.
Temos todos que sair da ilusão de que o universo esteja se importando com
nossa tosca tentativa de regulamenta-lo e de circunscreve-lo aos nossos
“pressupostos teóricos”. E digo isto tanto no sentido do Universo Psíquico
quanto no do Universo Físico.
Em nós, seres humanos reais, sobre-existem e sub-existem planos de
experiência da realidade, que não têm origem nos sentidos. Estou, claro,
falando do plano psíquico inconsciente e também, por exemplo, da nossa
capacidade mental. O pensamento é real ainda que ele não se refira,
sempre, a uma realidade palpável.
Quando o pensamento não se refere a alguma “realidade percebida pelos
sentidos” ele é hoje considerado fantástico, irreal, “fruto da imaginação”
e até mesmo patológico.
E isto acontece a despeito da existência de uma imensidade de experiências
humanas, como o já citado pensamento, a fantasia, a intuição, a
imaginação, a religiosidade etc., que não podem ser simplesmente derivadas
ou deduzidas do mundo dos sentidos.
Nosso mecanismo de explicar e de entender nossa vivência psíquica e,
portanto, nossa real VIVÊNCIA psicológica, precisa de uma reforma
urgentíssima.
Em cada um de nós, por entrarmos em sintonia com o pensamento da época,
existe o perigo de que acontecimentos reais, da experiência diária, sejam
MAL VISTOS pelo nosso JULGADOR/EXPLICADOR INTERNALIZADO que, de tão
condicionado pelo modo corrente de pensar, ACABA REPRIMINDO e censurando A
PRÓPRIA EXPERIÊNCIA PESSOAL roubando dela, tanto o VALOR, quanto o
SENTIDO, que poderia ter para nós. Todo mundo acaba sentindo uma certa
“vergonha” pelo simples fato de ter uma experiência psíquica intensa.
No entanto, é a nós mesmos, indivíduos reais, que este modo de conduta
prejudica, pois nos vemos então privados de nossa CONEXÃO COM O
INCONSCIENTE, em prol de uma adaptação a um mundo circunscrito - e
regulamentado - pela concepção que se nutre a respeito do homem e da
realidade.
Todos sabemos que uma CONCEPÇÃO COLETIVIZANTE é a antítese da cidadania
responsável que todos esperamos da AÇÃO INDIVIDUAL engajada na busca do
autoconhecimento.
Temos que nos lembrar, continuamente, que as concepções humanas são
incompletas e momentâneas (historicamente datadas) e que, portanto, não
constituem a única e absoluta palavra de ordem para o que possa ser
encontrado ou experimentado no universo de vivência pessoal.
Faz muito tempo que eu digo: “se a sua TEORIA (julgamento, explicação,
justificativa), não serve para compreender as EXPERIÊNCIAS VIVIDAS; então,
dane-se a “teoria”...
Nosso desenvolvimento psicológico se dá por etapas ou estágios que são,
todos eles - de um modo sempre surpreendente - REVELADORES de uma visão
mais ampla, mais abrangente e mais relativa, que nos faz compreender,
finalmente - com grande prazer - aquilo que antes nos “escapava” devido à
nossa imaturidade...
A CONSCIÊNCIA de cada um cresce, na medida em que encara e se defronta com
aquilo que foi, até então, de algum modo, ilusório.
A Psicologia é uma das “ciências modernas” que precisa - por obrigação e
mérito - manter-se responsavelmente compromissada com a experiência
psíquica propriamente dita - conforme VIVENCIADA – mais do que em
cumplicidade com o que “se interpreta oficialmente” a respeito dela. E
isto porquê nossa realidade psíquica não se reduz apenas aos pensamentos
lineares, com base nas experiências dos sentidos.
Não é casual que, justamente quando o “pensamento da época” defende que,
nossa prisão ao mundo dos sentidos, é a única verdade palpável, ocorra
esta escalada para o oculto, para o mágico, para o místico e para o
religioso.
Concomitantemente, a ciência (dita oficial), aventura-se no mundo
energético, subjacente à matéria, mais do que no mundo da aparente (aos
nossos sentidos), “realidade física”.
Parece que o Universo escondeu a VERDADE aos nossos ávidos sentidos...
Isto se deve à unilateralidade da concepção ocidental (filosoficamente
pobre) a respeito da realidade e de nós mesmos.
Por mais que se façam esforços para erradica-la deste suposto MAL, a nossa
“realidade vivida” estará sempre “CONTAMINADA” (assim dizem as más
línguas!) pelo misterioso, pelo mágico, pelo supra-sensível e pelo
sobrenatural.
O “Cyborg” que está se insinuando no funcionamento humano (discussão que
aprofundo em meu texto “Cyborgs versus Humanos”) é aquela capacidade
(aparentemente inesgotável!), de encontrar (sempre!) uma resposta pronta
pra todos os desafios que surjam, além da facilidade de estabelecer
julgamentos, automáticos e sem nenhuma reflexão pessoal, para todas as
experiências vividas.
Os esforços contínuos (dos poderes controladores da opinião pública
vigente), que se fazem para conter e controlar a Mudança, a Fluência - e,
portanto, a Evolução da CONSCIÊNCIA Humana – servem como instrumentos para
fixar, rotular, julgar e prescrever receitas a serem seguidas pelo Cyborg
que se está instalando em cada indivíduo privado de sua consciência
individual.
Temos que aprender a filtrar e a selecionar o SENTIDO e o VALOR da
informação que nos chega, a respeito de tudo...
Hoje em dia nutre-se a certeza ingênua de que é “bom”, “moderno” e
“evoluído” permanecermos aprisionados aos limites prescritos do
funcionamento do “pensamento correto”.
Precisamos sair da ilusão de que o que hoje SE PENSA (impessoalmente,
genericamente), a respeito de tudo (e, sobretudo, de nós mesmos) seja
confiável.
Em algum sentido pode ser que SIM, mas do modo ingênuo, como a maioria de
nós se coloca a este respeito, a resposta certamente é NÃO!
Os atos que denotam a presença da consciência individual possuem algumas
características que os diferenciam dos atos “irreflexivos” do “cyborg”
implantado em cada um de nós.
Estamos assistindo a uma situação em que, ao invés das máquinas se
reduzirem aos homens, estamos, aos poucos, nos reduzindo a máquinas de
fazer, de pensar, de ser...
O plano CONSCIENTE, que tem a ver com o nosso estado de vigília “normal”,
tem o pensamento linear e sistemático, enquanto que a CONSCIÊNCIA é o
poder humano de CRIAR e de ORIGINAR, de IMAGINAR e de EXPERIMENTAR
ativamente. Poder “divino” do qual nenhum computador até hoje sequer se
aproximou.
O que estou dizendo e deve surpreender o leitor é que podemos estar
acordados e, no entanto, não estarmos despertos. Pode-se imaginar um
despertar da CONSCIÊNCIA que se dá por camadas sucessivas, como fronteiras
que vão sendo desbravadas e que se vão abrindo na medida do
desenvolvimento de cada um.
O que não faltam são os ardis e as charadas postas ao longo da caminhada
da consciência até o seu despertar final.
Desde muito cedo o INDIVIDUO se depara com um choque entre os seus desejos
e impulsos naturais e o que o meio social e familiar exige dele. Desde
cedo, quando ainda muito imaturos, nos convencemos de que se houver um
choque de valores, desejos ou necessidades, entre a nossa emergente - e
ainda frágil - CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL e o grupo social, formado de pessoas
aparentemente mais maduras e muito unidas em seus pontos de vista, então,
provavelmente, o “errado” é o EU.
Como ficamos inseguros do valor e do sentido dos pensamentos
verdadeiramente individuais, “deixamos de beber da água da fonte
inconsciente” e acabamos por nos render ao “pensar da época” como se esta
fosse a única maneira eficaz de nos fazermos queridos e aceitos pelo
ambiente familiar e social.
Nosso temor à rejeição (por parte de pais e professores; patrões e
gerentes; amigos e conhecidos), faz com que a gente selecione (e censure)
nossos naturais impulsos de expressão, o tempo todo. Deste modo ficamos
mais que atentos ao quê fazer, como fazer, o quê dizer, como dizer e assim
por diante.
De modo geral, a importância relativa dos atos do EU, é perdida e então a
pessoa segue as “DETERMINAÇÕES familiares, sociais e coletivas”.
Somos ensinados, desde o princípio, a nos tornarmos dissimuladores de tudo
que é verdadeiramente pessoal e que, portanto, demanda decisões e escolhas
eminentemente individuais. Estas decisões pessoais também envolvem
“riscos” e a inconveniência (sentida pelos imaturos), de que tenhamos de
escolher alternativas (de ser, de fazer, de se expressar), sem a SEGURANÇA
da obtenção do sucesso ou prazer.
Hoje em dia, a pesquisa psicológica está avançando bastante e tenho que
ESTIMULAR a demolição da crença ingênua de que, pelo simples fato de
sermos humanos, possamos atingir CONSCIÊNCIA DE NÓS MESMOS sem qualquer
esforço de nossa parte.
Cada um deve reformar e educar o seu “julgador/explicador internalizado”
de modo que ele reflita, com pertinência e propriedade, a evolução da
consciência individual em direção da sabedoria e da maturidade.
Uma Psicologia COM Alma tem que ser o resultado natural de um esforço da
CONSCIÊNCIA HUMANA para vencer as barreiras (muitas vezes arbitrárias e
totalmente artificiais), que nos impedem de compreender o significado (ou
o valor) do fato de sermos humanos, na plenitude do exercício de nossas
naturais e reais possibilidades de desenvolvimento.
Nossa evolução, como cultura, acabará por discutir a CONSCIÊNCIA POSSÍVEL
NO HOMEM, suas alternativas e possibilidades - seus alcances e limites - e
terminará por corrigir o hábito, hoje consagrado, de dar desmedido valor a
uma concepção limitadora e restritiva (a respeito de nós mesmos) e que
evita, a todo custo, o contato com a dimensão de Desconhecido que reside
no Universo íntimo de cada um, tanto quanto no Universo físico
propriamente dito.
Talvez faça algum sentido, a seguinte palavra de ordem:
Compreenda-se mais e explique-se menos!
Voltar para
Dificuldades
-
Voltar para Pagina Inicial
|