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Porque
é Tão Difícil Falar em Público
Por: Sirley Santos M. Bittú
A comunicação é inerente ao ser humano. Precisamos falar,
expressar nossas idéias e sentimentos e nem sempre nos sentimos preparados para
isso. Nas mais variadas situações que vivenciamos, desde uma reunião informal,
um encontro com amigos, ou nos desafios profissionais, somos solicitados de
forma direta ou indireta a colocar nossas idéias, objetivos, a compartilhar
nossa forma de pensar e perceber o mundo, nossos significados e significantes.
O falar em público, pode tornar-se um grande sofrimento tanto emocional como
físico, pois está relacionado ao medo humano de não ser aceito e não ser
respeitado. Para seres sociais como nós, a aceitação e o respeito do outro
interferem diretamente no desenvolvimento do nosso senso de existência, daí ser
um assunto tão amplo e complexo.
O falar em público é para algumas pessoas, uma situação tão ameaçadora que o
corpo lança mão de todas as alternativas possíveis para proteger-se. São comuns
os relatos de sensação de tremor, taquicardia, sudorese, dores estomacais, dores
de cabeça entre outros sintomas físicos. Lembro-me de uma cena que um cliente me
trouxe, referindo-se à sua experiência traumática de falar em público...
“Senti-me como uma lebre preste a ser atacada por aquele bando de leões!... Só
no que conseguia pensar era em como eram eternos aqueles minutos... Não
conseguia lembrar-me de uma linha do trabalho que preparei durante dias para
apresentar!... Neste exemplo, o medo perdeu sua função natural de proteger a
pessoa e a paralisou, bloqueando o acesso a seu arsenal de conhecimento que
traria com ele toda a segurança e tranqüilidade necessárias para executar a
tarefa que se propôs. Todas as possibilidades de usar seus recursos próprios
para sair daquela situação desapareceram, como se o indivíduo perdesse durante
aquela fração de segundos sua identidade.
O conhecimento que “colecionamos” durante nossa vida, nos define e com isso nos
norteia em nossas escolhas e atitudes. O conhecimento que temos de nosso íntimo,
de nossos desejos, gostos, características, potenciais e limitações é o que nos
dá a sensação de força ou de fragilidade perante os desafios que surgem na vida.
A segurança é um sentimento construído a partir deste tipo de conhecimento
pessoal, e a insegurança é construída por nossos mitos, nossas verdades
inquestionáveis e principalmente nossos medos. Em situações de stress, alguns
indivíduos geralmente perdem esse link interno, essa bússola pessoal, perdendo
os próprios parâmetros. Nesse momento os medos e as fantasias tomam conta
trazendo um espaço onde o outro (ou os outros) sempre ocupa um papel de
perseguidor forte, destemido, feroz e principalmente cruel.
Outro ponto importante na dificuldade de falar em público, além da insegurança
interna, é a busca por um modelo construído por nossas idealizações e fantasias
do perfeito, imaginário e que não é real. A ilusão é necessária para o
desenvolvimento emocional pois precisamos do sentimento de segurança que ela
proporciona, a realidade é necessária, pois precisamos da objetividade que ela
nos traz, nos dando a sensação de existir concretamente, sermos vistos, olhados
amados, e aceitos, traz consigo a certeza de existirmos. A maturidade emocional
conta com esses dois pontos de apoio, pois da área da ilusão nascem a fantasia e
a esperança que auxiliam e aconchegam e da área de realidade nasce o mundo
objetivo que dá segurança e concretude.
São inúmeras as situações onde o medo atua desta forma; o conhecido “branco” que
aparece em situações de testes ou avaliações das mais diversos é o mais
comumente relatado entre esses sintomas. O medo da exposição está ligado ao medo
da avaliação negativa, da reprovação e principalmente do ridículo.
Todos esses medos fragilizam a coragem e a autodeterminação, travando os
conhecimentos que o indivíduo possui sobre si mesmo, seus valores e suas
competências, tornando-os inacessíveis.
E de onde nasce isso tudo?
A forma como nos apresentamos no mundo, está diretamente relacionada à percepção
que temos sobre nós mesmos, cada detalhe que compõe essa apresentação está
carregada de mitos e verdades pessoais, características e peculiaridades,
construídas ao longo de nossas vidas. Como nos vestimos ou como utilizamos as
palavras, nossos gestos, gostos e preferências, contam um pouco de nós, de nossa
cultura e de nossas crenças.
E qual o caminho par resolver essa dificuldade?
O caminho mais eficaz é o desenvolvimento de sua auto-estima e o fortalecimento
de sua segurança interna, buscando identificar e desatar os mitos pessoais que
interferem negativamente em sua autopercepção.
Este é um caminho de autoconhecimento e pode ser feito através da psicoterapia.
Neste processo você terá um espaço protegido para cuidar dessas e de outras
questões de ordem emocional que muitas vezes atravancam sua vida, trazendo
sofrimento e impedindo seu desenvolvimento pessoal.
Da mesma forma que procuramos um especialista para tratarmos das dores do corpo,
muitas vezes precisamos de um especialista para tratar das dores emocionais,
ajudando a tornar nossa vida mais prazerosa e feliz.
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