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Como
Desenvolver Auto-Estima
Por: Sirley Santos M. Bittú
Quando somos crianças necessitamos da opinião de nossos pais (ou
daqueles que desempenham esse papel) para nos sentirmos confirmados no mundo,
aceitos e “normais”, tanto perante os outros, como perante nós mesmos. Conforme
vamos crescendo, a opinião de outras pessoas a respeito de nossas idéias e
atitudes também se torna importante, afinal, somos seres sociais.
É nessa relação entre nosso mundo interno e o mundo externo que desenvolvemos
nossa auto-imagem. O esperado é que gradativamente essa imagem possa ser checada
com nossa própria avaliação de nossos potenciais e de nossos limites, a partir
de uma percepção mais assertiva e cuidadosa de nossas verdades.
A auto-estima é um processo dinâmico que se inicia na infância e continua vivo
durante toda a vida. É base significativa de toda nossa estrutura emocional, por
isso é tão importante entender e tratar essa questão.
Durante nosso desenvolvimento, aprendemos a nos relacionar afetivamente a
exemplo das relações que vivenciamos durante nossa vida. Sabemos que temos um
pouco de nossos pais e das figuras afetivas que nos acompanharam em nossa
infância e que estes serão por muito tempo nossos modelos e nossas referências.
A família é nosso primeiro grupo social e nos fornece os parâmetros que
necessitamos para nos relacionar socialmente. Construímos com essas vivências
nosso brasão pessoal, permeado por mitos e verdades sobre nós mesmos e sobre o
mundo. Nosso autovalor é formado ao longo do tempo, desde muito cedo, através da
confirmação - ou não - de nossas atitudes, nosso comportamento, nossos desejos e
nossas escolhas.
Durante nossa infância precisamos ser confirmados, ou, poderíamos dizer melhor,
“alimentados”, pelo amor incondicional, recebido geralmente de nossos
pais. Desta forma abrimos espaço para a segurança interna, a autoconfiança e
conseqüentemente a autonomia e a independência. Para isso a qualidade da relação
afetiva estabelecida com nossos pais faz muita diferença, tendo papel
fundamental na confiança que temos nesse feedback.
O amor incondicional traz consigo a aceitação do outro e de seu “pacote
completo”, com todos os seus “defeitos” e “qualidades”, mas o limite entre
aceitação plena e a permissividade torna-se tênue e muitas vezes de difícil
entendimento. Para exemplificar, vamos imaginar alguns pais que no difícil
exercício do educar, erram pelo excesso, oferecem tudo sem pedir nada em troca,
não ensinam o advento da gratidão. Como resultado podem dar origem a pequenos
tiranos, crianças egocêntricas e prepotentes, que fatalmente sofrerão para
entender que o mundo é maior que a extensão de sua casa. Outro engano comum no
entendimento do amor incondicional é a ausência de limites. Alguns pais
simplesmente não conseguem colocar limite, muitas vezes por medo de frustrar a
criança e com isso perder seu amor, deste modo dão a criança uma idéia
equivocada de que tudo lhe é possível e permitido. O que muitos desconhecem é
que o limite utilizado como parâmetro e não como simples cerceamento, é
extremamente importante para o desenvolvimento da noção de respeito, pois tem
papel essencial para ajudar a criança a perceber suas características próprias,
dificuldades, seu potencial, sua existência e a existência do outro.
Durante a adolescência a confirmação ainda é buscada fora de si, no amigo, nos
grupos, nos “iguais”; é a idade dos ídolos, das modas e do “papo cabeça”. Cada
pessoa vivencia essa fase a seu modo, variando conforme sua história de vida e
sua personalidade.
Desta forma vamos aprendendo como somos importantes para o mundo e descobrindo
nosso valor pessoal. Algumas vezes esse processo não ocorre como esperado,
surgindo daí crianças, adolescentes e adultos inseguros, insatisfeitos e muitas
vezes rancorosos com maior ou menor estima por si e pelos outros.
Uma das formas de reparar a “baixa” auto-estima, é buscar através do processo de
aprofundamento seu autoconhecimento (psicoterapia), desenvolver um outro olhar
sobre si mesmo, muitas vezes um primeiro olhar positivo sem préconceitos,
num processo de revelação de suas características; aprendendo a fazê-las
trabalhar a seu favor, descobrindo desta forma, quem realmente somos, quais os
desejos, medos, necessidades, potenciais enfim, sua singularidade.
Olhando as qualidades e os defeitos que possui e aprendendo a aceitá-los, você
estará “topando” o pacote completo, chegando mais perto do humano, revendo sua
autocrítica e perdoando-se por ser genuinamente imperfeito.
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