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Nossa
Visão de Mundo é Individual
Por: Luís Vasconcellos
TUDO que vemos do mundo e no mundo está
em ressonância com o estágio evolutivo da Consciência Individual
O ato de relativizar os nossos julgamentos/explicações de origem
intelectual é fundamental para o desenvolvimento de uma consciência
verdadeiramente individual.
A oposição entre Ego e Inconsciente é ilusória, pois depende que
acreditemos no paradigma de que somos divididos e que possamos existir
divorciados (Ego versus Inconsciente) do modo como fomos ensinados a
funcionar neste particular momento histórico.
Quando estamos nos aproximando de um problema verdadeiramente nosso é
sempre uma experiência terrificante. Não há alternativa possível e isto se
deve a um momentâneo confronto (ou encontro?) com uma parte de nós mesmos;
a maior, a mais substancial e a mais vital, para a qual damos o nome de
Inconsciente já que, a respeito dela, pouco ou nada sabemos...
Se, por exemplo, estamos enredados em um conflito entre opostos, a saída
sempre se esconde em algum terceiro termo ou fator que devolverá a
dinâmica e o movimento ao conflito.
Devido à rigidez de nossos processos explicativos internalizados, se
estamos oscilando entre opostos o desfecho nunca acontece e parecemos
“parados no espaço e no tempo”.
Enquanto isto acontece, criamos um abismo dentro de nós, pois o
Inconsciente só se torna acessível pela experiência e pela compreensão; de
outro modo, torna-se quase inacessível quando nos servimos apenas do
intelecto.
Não adianta falar de um “termo” como Inconsciente. Costumo dizer que o
Inconsciente só é acessível à experiência. Só pode ser experimentado,
vivido e não pode ser tratado como um conceito, um nome, vazio, sem valor
prático, empírico ou existencial.
Através da experiência do contato com outras áreas da consciência,
(diferentes da egóica) descobrimos que nossos pensamentos, julgamentos e
explicações são apenas relativos e que o nosso plano inconsciente/vital -
e seu peculiar funcionamento – está “pouco se lixando” quanto às nossas
teorias e racionalizações a respeito dele. Ele é o que é e não responde
bem a tudo aquilo que nós – civilizados – pensamos a este respeito.
Inclusive e principalmente aquilo que, devido ao modo particular como é
pensado, não possua uma boa RESSONÂNCIA com o que ele é ou com o modo como
ele funciona... (Incluindo-se aí as mais “belas e coerentes”
racionalizações psicológicas).
Crescemos - todos nós, sem exceção - com o hábito de ler e de receber
informações, porém também habituados a fazer nada - ou quase nada - com o
que “sabemos”.
Hoje em dia tornou-se absolutamente normal a pessoa se encontrar alienada
de si mesma.
Hoje em dia funcionamos como máquinas e o que é pior: inconscientes de sua
programação.
Alguém pode “ter a INFORMAÇÃO” de que existe um “cyborg”
funcionando dentro de si; porém, só verdadeiramente “COMPREENDERÁ” este
fato quando, digamos, SENTIR isto com todo o seu ser. Quando chegar à
EXPERIÊNCIA VIVIDA saberá o que significa a palavra e saberá que há um
“jogo de vida e de morte” acontecendo, sempre, e que, neste jogo, a
alienação da consciência é quase inevitável; portanto é imperativo FAZER
algo a este respeito.
Ao descobrir o quanto é previsível e repetitivo, o Ego Consciente tem o
natural desejo de libertar-se das amarras... Isto é um instinto natural e
ele nos leva à busca, à necessidade da descoberta, do esclarecimento, do
despertar... Para tal é necessário expandir a consciência individual e
tirá-la do “atoleiro intelectual” na qual ela sempre viveu.
Nosso maior desafio, nestes campos de experiência, é a inércia, pois
aprendemos a nos encher de informações impertinentes, mas jamais somos
ensinados a usar a informação que possuímos... Somos bem mais ensinados
sobre o que pensar do que propriamente a pensar...
Qualquer instituição de ensino moderna está intelectualizada e se baseia
no fato de que o importante é que tenhamos a informação, claro,
antecipadamente, para quando precisemos dela (ainda que isto possa jamais
ocorrer).
Somos levados a absorver informação mesmo que esta seja irrelevante e não
tenha qualquer pertinência nem faça qualquer sentido na nossa vida
concreta.
Somos obrigados a absorver informações em grande quantidade e quase nada
delas se referem a nós mesmos; quase nada delas é importante para o
autoconhecimento acontecer ou se desenvolver.
Isto é algo instalado em nós e tipicamente um produto do “mundo moderno”.
Somos, portanto, especializados (por especialistas!) e usamos apenas as
partes de nós mesmos que foram exigidas em nosso processo de
aprendizagem...
Eu já escrevi um artigo, aqui mesmo neste portal com o título “Ainda
bem que sonhamos o impensável”, pois isto é o que vem
garantindo a possibilidade da humanidade se salvar do completo desastre!
Um Viva para a arte, outro viva para o mistério, outro viva para a
magia!!!
O Mistério de que eu falo não tem nada a ver conosco, com qualquer crença
ou teoria de qualquer um de nós, nem com a escolha humana, de qualquer
tipo... Devido a isto, ele é O mistério. Ele existe pelo fato único e
inquestionável de que pouco ou quase nada sabemos a respeito do universo
íntimo de nós mesmos e pouco ou nada descobrimos a respeito do universo
exterior como um todo.
Neste sentido, nada tem a ver com escondido, escamoteado, reprimido,
fantasia, alucinação ou imaginação... Tem a ver com o desconhecido ainda
não revelado, nem desvendado: o Inconsciente... Que existe para o passado
e para o Futuro, que não tem extensão nem se extingue...
O mistério de que a pessoa comum fala é uma mera camuflagem... Do tipo:
Coloca-se um “fio dental” e aí fica todo mundo olhando pra ver o que
faltou mostrar (é sempre mais importante do que o que está exposto!!!).
Qual é o sentido do que estamos fazendo aqui neste planeta no meio do
imenso desconhecido?
Haverá ou não um sentido para nossa existência? Isto é um mistério... e
continua oculto mesmo quando a gente levanta algo aqui e algo ali...
sempre há muito mais a descobrir... E é sempre um grande prazer aprender,
conhecer, esclarecer... Ainda assim, não fosse a arrogância típica dos
intelectuais de plantão, todos saberíamos que O Mistério insondável sempre
existiu e sempre existirá, pois tudo indica que sempre existirão
seres/indivíduos a se perguntarem algo assim...
Esta experiência - acima descrita, diante do desconhecido - é a raiz mais
pura e factual da real (e natural!) religiosidade humana.
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