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O Pensar Consciente e o Pensar Silencioso

  Por: Luís Vasconcellos

Analogia para tornar compreensível o conceito de Inconsciente Coletivo e estabelecer de modo claro e conciso a necessidade de integração entre o consciente e o inconsciente para que sejam realizados potenciais humanos.

A maneira mais fácil de tornar compreensível o conceito do Inconsciente Coletivo é fazendo uma analogia do processo psíquico com a formação e o funcionamento do corpo humano que, em seu nível orgânico/fisiológico é composto por uma conjunto organizado de sistemas interdependentes. Este conjunto de órgãos e sistemas funciona através de uma integração de suas partes especializadas e diferenciadas em um mecanismo complexo, onde uma alteração em um de seus componente provoca uma série de efeitos e adaptações em todos os outros. Este sincronismo e interdependência é característico de todos os seres vivos mais evoluídos e é conseqüência de sua maior ou menor complexidade de funcionamento.

Os bilhões de células que um corpo humano contém se diferenciam a partir da matriz do óvulo, onde tudo que o "ser biológico futuro" (homem) significa e é está presente de forma codificada, desde os genes e o DNA. Deste modo, todos os pulmões humanos são semelhantes, todos os estômagos e corações são assemelhados e, em suas funções, comportam-se de modo análogo independentemente dos hábitos alimentares, raça, credo religioso, posição geográfica ou condições do meio. Este organismo vivo também é uma teia estruturada de energias e linhas de força, de fluxos e demandas de energia vital. O ESPÍRITO, nesta analogia, é a força ativa do conjunto e que envolve o organismo total (constituído de suas partes diferenciada e especializadas).

Cada especialização pressupõe e necessita, para a continuidade da vida, de sua contraparte, de seu oposto (ou daquela atividade característica / função que compensa cada especialização ou diferenciação).
- Deste modo temos, para um estado de vigília.......o sono;
- para uma porta de entrada (boca)..................uma saída (ânus);
- necessidade de atividade..........................necessidade de repouso/inércia;
- temos o ir........................................e o ficar;
- temos o dentro....................................e o fora;
- o centrífugo......................................e o centrípeto...
- o Bem ............................................e o Mal...
- o Eu..............................................e o Outro
Poderiam ser aqui citados milhares de exemplos da interpenetração dos pares de opostos na natureza e em nós mesmos. Cada característica humana (especialização) pressupõe a existência de seu antídoto.
Há sempre um “antídoto” para cada especialização funcional.

Se, por analogia, considerarmos que a marcha da humanidade é composta por pessoas com diferentes tipos psicológicos; variados e conflitantes interesses, preferências e gostos... então vemos que o fluxo vital do organismo psíquico coletivo se alimenta de todos os seus componentes e de todas as suas diferenciações e especializações para compor um todo funcional, equilibrado, e que replica (em seu todo) a matriz orgânica funcional original. Temos assim, em analogia, tanto a colmeia quanto a abelha; a árvore e a floresta; o indivíduo e a espécie. Este conjunto funcional permanece e existe em um nível que transcende, assim como abrange, as funções diferenciadas de suas partes interdependentes. O que o TODO produz vai muito além daquilo que suas partes podem conceber ou compreender, mantidos os seus “pontos-de-vista” e características funcionais particulares.

Podemos representar hoje o “analisar de tudo” (e o “dividir tudo em partes para estudar seus componentes básicos”); como característica e especialização da versão mais popular do pensamento científico/materialista contemporâneo, como uma analogia funcional com o intestino, em seu afã de dividir e separar; discriminar e classificar; separar o útil e aceitável do inútil e inaceitável. É o intestino que analisa, aceita e assimila ou rejeita e afasta "tudo aquilo que passa diante dos seus sensores discriminadores". Nesta fase do desenvolvimento mental da civilização ocidental: somos "intestinais" no sentido da discriminação do Bem e do Mal, do certo e do errado, do assimilável e do rejeitável. Este tipo de função mental especializou-se e tomou o poder nos últimos quatro séculos de nossa história e fica difícil produzir ou exercer outras possibilidades de nossas funções mentais (já que comungamos os pontos-de-vista advindos desta função especializada). Para os "tipos mentais intestinais" o que eles não vêem não existe nem pode ser alvo de qualquer consideração. São exemplos do ceticismo, são os "São Tomé" que só podem crer naquilo que podem tocar, apalpar, manipular e controlar. A comunhão e cooperação através de outros tipos de funcionamento mental fica difícil, já que os frutos desta especialização proliferaram enormemente. É rara a oportunidade de comungarmos outros tipos de pensamento, exercermos outros e variados pontos-de-vista; ou mesmo, darmos alguma abertura para os produtos de outras especializações, cujos tipos característicos têm que se confinar em guetos (artístico, religioso etc.) e se conformar ao fato de que não constituem o pensamento da moda: o pensamento linear moderno... o único correto, o único coerente e o único defensável...

Como esperar que um crítico de arte seja também um grande artista? Todos conhecemos as piadas maldosas que apontam todos os críticos de arte como artistas sem talento e, no fundo, frustrados. Estes mostram-se, muitas vezes, discriminativos e censuradores para com os que têm o dom de manifestar algum "dom artístico". Vice-versa: Qual gênio criativo foi reconhecido e festejado ainda em vida, por seus contemporâneos?

Especialistas que somos, falta-nos com exagerada freqüência a abertura e o desapego (dos nossos adoráveis e diletos pontos-de-vista!) que permita e que autorize a assimilação de pontos-de-vista que não se ofereçam já avalizados pelas autoridades de plantão. Os "tipos intestinais" estão como sentinelas atentos em todas as guaritas, convictos com relação às suas certezas e quanto à correção dos seus comungados pontos-de-vista. Estes postulados, embasados em suas peculiares especializações, tornam-se VERDADES e axiomas aparentemente inquestionáveis.

Só que o "corpo da humanidade" - retomando a analogia que estamos usando - não é composto só do intestino e transcende em muito as especializações deste órgão (em si mesmo tão vital, sagrado e importante para a manutenção da vida e a continuidade da existência).

Se há paz e equilíbrio entre as funções do TODO, no sentido orgânico, não é isto que se observa no “corpo” da civilização, pois os "tipos humanos", cada qual em sua especialização e na peculiaridade dos seus pontos-de-vista reivindicam, cada qual e sem exceção, para si próprios a verdade absoluta, a certeza indiscutível e se julgam, na sua esmagadora maioria os "escolhidos de DEUS", ou puros, os corretos, os que têm o apoio divino à tiracolo...

O maior desafio à humanidade de nossos dias é a conscientização do TODO, é a superação e a transcendência da limitações de nossos pontos-de-vista especializados. O maior desafio psicológico dos tempos modernos é vencer a unilateralidade da consciência. Que não constitui o desafio de uns mas de todos. Este é o desafio que só pode ser vencido numa batalha psicológica que se trava no âmbito individual, pois a alternativa que resta é o isolamento (injustamente vivido), de uma “célula” ou “órgão”, que se esqueceu do fato de que é parte de um todo e, como tal, comunga e se beneficia de tudo que o TODO produz. A célula ou órgão injustamente (neuroticamente) alienado ou alijado (exilado) do TODO ao qual pertence, não partilha dos prazeres e das dores reais da experiência de estar viva. Esta “célula” perde seu sincronismo e interdependência com o TODO ao qual pertence. Ela não partilha do fluxo de energia vital que vivifica todo o conjunto. Ela (célula) não comunga da linha de força, que estrutura em um só ser vivente, todas as partes que o constituem, em suas diferenciações e especializações. Ela não compreende o "espírito da coisa", não aprende a admirar as outras partes no exercício de suas funções, não sabe compartilhar ou a fazer justiça nos seus julgamentos, nem é verdadeiramente democrática em seus pontos-de-vista. Sob o ponto de vista orgânico esta descrição corresponde ao câncer, como doença quase sempre fatal. Ôpa! Acabo de dizer que o homem unipolarizado e ego-centrado é o câncer da humanidade!!!!

Sob o ponto de vista psicológico temos evidentes sinais de alerta no crescimento da depressão e da solidão neurótica nos nossos tempos modernos, com o homem temendo o homem e o homem como inimigo do homem (a solidão na multidão).

Exemplo recente da interpenetração dos opostos: o "órgão EUA", através do seu porta voz, afirma que hoje há uma guerra entre o BEM (EUA) e o MAL (primeiro o Islã, depois corrigido para “o terrorismo”). Curiosamente, neste sentido, o discurso dos seus inimigos declarados é o mesmo, ou seja, também se julgam a si próprios como o BEM e se julgam igualmente avalizados e autorizados por DEUS a combater o Satã representado pelos EUA. Paradoxalmente o discurso tem paralelos indiscutíveis e muito peculiares. A correção deste discurso, o do Bem contra o Mal, naturalmente, veio logo depois e a guerra passou a ser contra o “terrorismo” (o que é muito justo). Sem pretender julgar, tomar partido ou dar razão a qualquer dos “pontos de vista conflitantes”, pode-se dizer que AMBOS SE JULGAM IGUALMETE DONOS DA ÚNICA VERDADE sobre a face da Terra. E são idênticos, de um modo muito inquietante, neste aspecto em particular: o de se auto proclamarem os donos da verdade.

Quem será capaz de consciência verdadeira? Quem será capaz de justiça equilibrada? Quem será capaz de isenção e de dar razão a quem tenha e só até o limite onde comece a razão do outro?

Vivemos um mundo onde está ausente a "cabeça do mundo", seu órgão de reflexão, a capacidade da razão superior, a fantástica possibilidade do TODO produzir algo muito maior do que suas partes isoladas sejam capazes de conceber.

Estas "superiores" possibilidades humanas estão ausentes do "corpo da civilização" humana? É claro que não! Pode ser que em um segundo momento tudo possa ser repensado e melhores atitudes surjam, mais completas, mais sábias e conclusivas. Temos que ter fé, pois o potencial humano não é assunto de nenhum de seus órgãos ou sistemas (tomados isoladamente) e sim assunto de seu DNA, assunto coletivo e da espécie como um todo e está contido no espírito de cada indivíduo vivo.

Despertar a consciência de pertencer a um todo é o maior desafio para a "intestina" consciência moderna que, no seu afã de "dividir para explicar" acaba enxergando mais a árvore em seus detalhes, do que a floresta e, muito menos ainda, a multiplicidade de seres vivos que a habitam. Exemplo disto é a atitude desrespeitosa (prática, puramente materialista) que resulta na exploração predatória de certos recursos naturais em detrimento da natureza em si mesma.

O antídoto (existente em cada um de nós) para a explicação / discriminação / julgamento / separação em partes
é a...........................visão integrativa / a visão do todo / compreensão e o sentimento de comunhão (a certeza de pertencer a um todo). Estas possibilidades do pensar e da consciência ampla do Homem existem, mas não estão acessíveis a quem se deixa viver apenas no “piloto automático” ou a quem se satisfaça com uma vida circunscrita e balizada unicamente pelo campo consciente pessoal. Sintoma claro disto é a facilidade para transformar em dicotomias irreconciliáveis os paradoxos naturais da vida real.

Só em face do TODO é que a parte (o órgão, o sistema diferenciado) encontra o significado e o sentido para a existência individual. Hoje, mais do que nunca, vivemos em um momento histórico no qual criam-se abismos que separam e afastam o que, em essência, é uno e completo.

A verdade psicológica da qual nenhum de nós pode se alienar é a de que a democracia legitima as relações entre as partes em conflito e, quando existe nas relações do indivíduo com o Inconsciente Coletivo, ela é exercida e experimentada dentro do próprio âmbito de funcionamento da consciência, que integra os opostos em um todo funcional, tornando muito mais complexas as deliberações e decisões pessoais e fazendo cada um de nós muito mais responsável pelos caminhos do mundo, já que temos todo o universo representado dentro de nós, em nosso Inconsciente Coletivo... do qual somos PARTE constituinte e necessária, para a realização do potencial do TODO. Para todos os efeitos é como se o “cérebro moderno” (função consciente / raciocínio lógico/linear) se reintegrasse ao todo do cérebro do qual se diferenciou na história da humanidade.

Ainda vivemos um abismo entre as aparências do EGO CONSCIENTE (na sua separativa consciência de si mesmo) e as realidades mais amplas que são vividas. Deste modo, podemos encontrar um homem que tem cargo público, que defende com ardor princípios democráticos perante o grande público ou a mídia, enquanto tiraniza e explora seus subordinados, seus colegas de partido, sua família, e principalmente, a si mesmo.

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