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Filosofia Budista é Psicologia Por: Carlos Antonio Fragoso Guimarães O físico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, nos fala que o
budismo - ao contrário do hinduísmo que lhe serviu de preparação e que
possui um forte colorido mitológico e ritualístico - tem um caráter e um
"sabor" eminentemente psicológicos. Segundo Capra, "Buda não estava
interessado em satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do mundo,
da natureza do Divino ou questões desse gênero. Ele estava preocupado
exclusivamente com a situação humana, com o sofrimento e frstrações dos
seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era metafísica; era uma psicoterapia.
Buda indicava a origem das frustrações humanas e a forma de superá-las.
Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais de maya, karma,
nirvana,etc., atribuindo-lhes uma interpretação psicológica renovada,
dinâmica e diretamente pertinente." (Capra, 1986, p. 77). Ele havia
dedicado-se a um aspecto da evolução humana: a autocompreensão para por
fim ao sofrimento humano, e só a este aspecto se dedicara. Temporalidade no Budismo A única constante universal é a mudança. Nada do que é físico dura para
sempre; tudo está em fluxo em determinado momento. Isto também se aplica a
pensamentos e idéias que não deixam de ser influenciados pelo mundo
físico. Isto implica que não pode haver uma autoridade suprema ou uma
verdade permanente pois nossa percepção muda de acordo com os tempos e
grau de desenvolvimento filosófico e moral. O que existem são níveis de
compreensão mais adequados para cada tempo e lugar. Uma vez que as
condições e as aspirações, bem como os paradigmas, mudam, o que parece ser
toda a verdade numa época é visto como imperfeita tentativa de se
aproximar de algo noutra época. Nada, nem mesmo Buda, pode tornar-se fixo.
Buda é mudança. Já que tudo o que parece exisitir de fato apenas flui, como nuvens,
também é verdade que tudo o que é composto também se dissolve. A pessoa
deve viver no mundo, utilizar-se do mundo, mas não deve se apegar ao
mundo. Dever ser alguém que saiba utilizar-se do instrumento sem se
identificar com o instrumento. Deve também ter a consciência de que seu
próprio ego também se transforma com o tempo. Somente o self, o Atman
imortal permanece, mesmo assim se desenvolvendo eternamente através das
reencarnações e através dos mundos. O problema básico da existência é o sofrimento, que não é um atributo
de algo externo, mas sim numa percepção limitada que advém da adoção de
uma visão de mundo defeituosa adotada pelas pessoas. Como disse Jesus:
"apenas quem se faz como uma criança pode entrar no reino dos céus", pois
as crinças não se prendem ao passado nem se preocupam com um futuro. Elas
vivem o presente e são autênticas com o que sentem, até o dia em que a
cultura as fazem comer do "fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal", enchendo-as de preconceitos e ansiedades que as expulsam do paraíso.
Os ensinamentos budistas - e de todos os grandes Mestres da humanidade -
são caminhos propostos para nos ajudar a transcender nosso senso comum
egoísta para se atingir um senso de relativa satisfação conosco e com o
mundo. Se o sofrimento é fruto da percepção individual, algo pode ser
feito para amadurecer esta percepção, através do autoconecimento: II - A insatisfação é o resultado de anseios ou desejos que não podem ser plenamente realizados, e estam atrelados à sede de poder. A maioria das pessoas é incapaz de aceitar o mundo como é porque é levada pelos vínculos com o desejo narcísico do sempre agradável e com sentimentos de aversão pelo negativo e doloroso. O anseio sempre cria uma estrutura mental instável, no qual o presente, única realidade fenomênica, nunca é satisfatório. Se os desejos não são satisfeitos, a pessoa tende a lutar para mudar o presente ou agarra-se a um tempo passado; se são satisfeitos, a pessoa tem medo da mudança, o que acarreta novas frustrações e insatisfações. Como tudo se transforma e passa, o desfrutar de uma realização tem a contrapartida de que sabemos que não será eterno. Quanto mais intenso for o desejo, mais intensa será a insatisfação ao saber que tal realização não irá durar. III - O controle dos desejos leva à extinção do sofrimento. Controlar o desejo não significa extinguir todos os desejos, mas sim não estar amarrado ou controlado por eles, nem condicionar ou acreditar que a felicidade está atrelada a satisfação de determinados desejos. OS DESEJOS SÃO NORMAIS E NECESSÁRIOS até certo ponto, pois eles têm a função primária de preservar a vida orgânica. Mas se todos os desejos e necessidades são imediatamente satisfeitas, é provável que passemos a um estado passivo e alienado de complacência. A aceitação refere-se a uma atitude calma de desfrute dos desejos realizados sem nos perturbarmos seriamente com os inevitáveis períodos de insatisfação. IV - Há uma forma de se eliminar o sofrimento: O Nobre Caminho Óctuplo, exemplificado pelo Caminho do Meio. A maioria das pessoas busca o mais alto graude de satisfação dos sentidos, e nunca se dão por satisfeitas. Outros, ao contrário, percebem as limitações desta abordagem e tendem ir ao outro prejudicial extremo: a mortificação. O ideal busdista é o da moderação. O Caminho Óctuplo consiste no discurso, ação, modo de vida, esforço, cautela, concentração, pensamento e compreensão adequados. Todas as ações, pensamentos, etc, tendem a ser forças que, expressando-se, podem magoar as pessoas e a ferir e limitar a nós mesmo. O caminho do meio segue a máxima de ouro de Jesus Cristo: "Fazei aos outros o que gostariam que fizessem a vós". Voltar para Psicologia e Filosofia - Voltar para Pagina Inicial
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