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O
Ser Humano e a Busca de Si Mesmo através dos Mitos Gregos
Por: Maria Aparecida Diniz Bressani
O homem sempre buscou entender sua origem. Sempre
procurou o sentido de sua existência. De onde vim? Para onde vou? Perguntas
básicas que desde sempre ocuparam nossas mentes.
O ser humano é um ser múltiplo: já nos dizia Jung. E antes dele os filósofos
antigos gregos também já procuravam entender a complexidade do ser humano, sua
existência e o por quê. Antes, ainda, temos a Mitologia Grega, histórias
populares, contadas e reunidas com a intenção de explicar e entender a criação
do universo, assim como a do homem e o seu desenvolvimento.
Por ser um ser múltiplo e complexo – e ainda possuir a capacidade única de dar
significado à sua própria existência – é que o homem desenvolveu muitas teorias
sobre a criação do universo e de tudo que ele contém e, conseqüentemente, sobre
si próprio.
Na idade antiga o ser humano era muito ligado às forças da natureza; e a elas
estava subjugado. Naquela época, a interação homem–natureza era estreita e
vivenciada por ele como se ela fosse “alguém” que lhe era superior e a quem
devia obediência. Em sua complexidade, vivia uma dicotomia: sentia-se “filho” da
natureza, portanto, fazendo parte dela, mas sempre “brigava” para dominá-la e
sair do sentimento de subjugação que sentia em relação a ela.
Só um parêntese: hoje, com todo avanço tecnológico, ainda percebemos essa
dicotomia, pois parte dos seres humanos busca um retorno à natureza, outra parte
ainda “briga” e não se percebe como fazendo parte dela. Mesmo esse seu retorno à
natureza é bastante forçado e racional, pois sabemos que o “bem estar” do
planeta Terra é fundamental para a nossa sobrevivência aqui. O homem da idade
antiga já sabia disso intuitivamente, pois sentia-se mais integrado e fazendo
parte da natureza do que nós, homens da modernidade.
Hoje, conhecendo a Mitologia Grega, compreendemos toda a sapiência do nascente
de nossa cultura ocidental que nos apresenta a multiplicidade das facetas do ser
humano.
O ser humano é agressivo, mas é terno; é destruidor, mas é construtor; é gerador
de vida, mas também o é da morte; é sonho, fantasia, porém tem capacidade de
concretizar; possui necessidade de desenvolver-se espiritualmente, mas também
precisa cuidar da saúde do seu corpo físico.
Na Mitologia Grega percebemos, através dos mitos, todas essas partes, atuantes e
puras, do ser humano.
Jung entendeu que essas “partes” seriam o que ele chamaria Arquétipos, ou seja,
“modelos de ser”, pois cada um dos mitos representaria uma faceta do ser humano
– contendo todos os outros dentro de si, mas que num “mix” individual daria o
“tom”, pessoal e único, chamado Indivíduo. Por isso, existe indivíduo mais
agressivo, enquanto há outro mais terno; ou aquele que é mais destruidor, quando
há aquele que é mais construtor; ou como os artistas, ligados mais à fantasia.
Existem também aqueles mais preocupados em concretizar.
Os Arquétipos seriam para Jung o que os Mitos eram para os gregos antigos:
forças puras da natureza atuando no ser humano.
A diferença é que para os gregos antigos os Mitos personificavam as forças da
natureza com qualidades puras do ser humano, que estavam fora do homem e a quem
deviam reverenciar. Já Jung entende que essas qualidades puras estão dentro do
ser humano, agindo dentro dele e proporcionando modelos de como atuar em cada
papel que representa na vida.
Encontramos portanto nos mito gregos modelos de como ser, segundo Jung. Por
exemplo: o deus Marte, deus da guerra, que para os gregos deveria ser
reverenciado durante os períodos de conflito para ajuda-los a vencer, seria para
Jung - dentro da visão conceitual de Arquétipo - a capacidade do indivíduo de se
auto-afirmar para poder assim conquistar o que se deseja na vida.
Os Arquétipos para Jung – ou, em uma analogia, os Mitos Gregos – são todas
facetas do ser humano: cada indivíduo atuando mais com uma do que com outra. Em
sua complexidade enquanto ser humano, o indivíduo se identifica mais com uma -
ou algumas - de suas facetas do que com outras, atuando e atualizando-as,
tornando-se único na sua expressão como ser humano.
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