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Psicologia Transpessoal 2

   Por: Carlos Antonio Fragoso Guimarães

O termo “Psicologia”  é familiar à maioria das pessoas, embora nem sempre seja compreendido no seu real aspecto. A idéia ou senso comum ainda dominante é a de que esta área apenas trate de criaturas com problemas mentais e emocionais, sendo, portanto, quase sempre à imagem de uma terapia mais ou menos isolante das pessoas com problemas emocionais ou mentais. Embora a Psicologia realmente adote a terapia para o tratamento de “problemas” este é apenas um dos ramos da Psicologia. Sua área de atuação é de uma grandeza muito mais ampla, inclusive na psicoterapia, cujo potencial de auxílio abarca muito mais que os problemas emocionais, já que o termo grego “PSIQUE”, d’onde deriva as palavras Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise e outras, significa “ALMA”, sendo, pois, a psicologia, etimologicamente, o “Estudo da Alma”.

Dentro das várias ramificações da Psicologia – Psicologia Clínica, Psicologia da Educação, Psicologia das Organizações, Psicologia Jurídica, etc. – vamos encontrar várias abordagens, ou seja, maneiras de se explicar a ação humana com base em determinados pontos de vista, ou formas de se interpretar o ser humano, que constituem escolas baseadas em teorias da personalidade: comportamentalista, humanista, psicanalista, etc. Estas áreas e diferentes abordagens, porém, não devem ser mais vistas como contrárias entre si, mas complementares.

Uma forma de se entender isso é lembrarmo-nos da unidade em que se constitui, na sua bela variedade de cores, o arco-íris. São sete cores visíveis, mas não se sabe ou pode-se determinar onde começa uma ou termina a outra. Antes, uma vai se transformando paulatinamente em outra, e, apesar de diferentes, estão juntas em um mesmo todo: o todo que constitui o arco-íris. Da mesma forma, as diferentes abordagens psicoterapias, embora se atenham a uma determinada característica essencial do ser humano, formam, em seu conjunto, um espectro de “cores” que constituem diferentes estados, ou etapas, ou níveis de consciência. Em se estando em um determinado nível ou estado de consciência, tem-se a tendência de explicar tudo a partir daquela determinada “cor”, o que hoje sabemos ser algo bastante limitador da realidade.

Pois bem, esta compreensão aprofundada do “espectro” da consciência é melhor dada por uma área bastante recente da Psicologia, denominada Psicologia Transpessoal, ou a Psicologia dos Estados de Consciência, sendo que a denominação “Transpessoal” significa “para além dos limites do pessoal”, este pessoal, entenda-se, se referindo a uma pequena parte de nossa consciência “consciente”, classicamente denominada “ego”. Espliquemo-nos:

A abordagem Transpessoal é uma área da psicologia que estuda as possibilidades psíquicas (mentais, emocionais, intuitivas e somato-sensoriais) do ser humano pelos diferentes estados ou graus de consciência pelos quais passa a pessoa (para se ter idéia do que seja estados de consciência, lembre-se que o estado de consciência de quando se está acordado é diferente do estado de consciência de quando se está dormindo; que o estado de consciência de quando se resolve um problema de matemática é diferente de quando se assisti a um filme, etc.). Em cada um destes estados de consciência (que são vários, alguns ainda desconhecidos) é experimentada uma forma diferente de se perceber ou interpretar a realidade (quando estamos com raiva ou frustrados, percebemos o mundo de uma maneira muitíssimo diversa de quando estamos apaixonados). A Psicologia Transpessoal, portanto, volta-se para o estudo destes diversos estados, não os encarando como contrários, mas como complementares, dando, porém, especial ênfase aqueles estados de consciência superiores, espirituais ou “transpessoais”, porque em tais estados, o sentimento de separação e de egoísmo tornar-se um segundo plano em relação a um sentimento e identificação mais ampla, cooperativa, fraternal, transpessoal para com todos os seres vivos (consciência crística, búdica, nirvânica, universal ou ecológica). E foram exatamente os grandes mestres, quer religiosos (Cristo, Buda, Francisco de Assis), quer científicos (Einstein, Tesla, Heisenberg), quer políticos (Gandhi, Luther King), quer artísticos (Bach, Da Vinci) que experimentaram, em graus variáveis, picos de “Consciência Cósmica” que mudaram não só suas próprias percepções da realidade, como ajudaram a outros (embora de modo diferente, pois a experiência não pode ser facilmente posta em palavras) a atingirem ao menos uma intuição desta “outra maneira de ver e sentir” o mundo, natural e humano.

Vejamos esta descrição, feita por Stanislav Grof, de experiências correlacionadas com o declínio de uma patologia (extraído, com comentários meus, de Fadiman & Frager, 1986, página 168): 

"No estado de consciência 'normal' ou usual, o indivíduo se experimenta existindo dentro dos limites de seu corpo físico (a imagem corporal), e sua percepção do meio ambiente é restringida pela extensão, fisicamente determinada, de seus órgãos de percepção externa; tanto a percepção interna quanto a percepção do meio ambiente estão confinadas   dentro   dos   limites  do   espaço  e  do. Em experiências psicodélicas (área explorada por Grof em fins dos anos 50, na Tchecoslováquia, e nos anos 60 nos EUA) de cunho transpessoais, uma ou várias destas limitações parecem ser transcendidas (este fenômeno também se encontra, de modo esporádico, nas várias terapias psicológicas, tendo recebido nomes como "Experiências Oceânicas" em Freud, "Experiências Culminates" em Maslow, "Consciência Cósmica", em Weil, "Experiência Mística", etc).  Em  alguns casos, o sujeito experiencia um afrouxamento de seus limites usuais de ego e sua consciência e autopercepção parecem expandir-se para incluir e abranger outros indivíduos e elementos do mundo externo. Em outros casos, ele continua experienciando sua própria identidade, mas numa percepção de tempo diferente, num lugar diferente ou em um diferente contexto. Ainda em outros casos, o individuo pode experienciar uma completa perda de sua própria identidade egóica e uma total identificação com a consciência de uma 'outra' entidade. Finalmente, numa categoria bastante ampla destas experiências psicodélicas transpessoais (experiências arquetípicas, união com Deus, etc.), a consciência do sujeito parece abranger elementos que não têm nenhuma continuidade com a sua identidade de ego usual e que não podem ser considerados simples derivativos de suas experiências do mundo tridimensional". 

São, pois, estas experiências culminantes e transuamas, bem como suas conseqüências no comportamento humano, que são o foco central da Psicologia Transpessoal.

Foi em meados da década de sessenta, durante o rápido desenvolvimento e aceitação dos pressupostos básicos da psicologia humanista, com Maslow e Rogers, que alguns psicólogos e psiquiatras começaram a discutir quais os limites e características a que seria possível chegar o potencial da  consciência  humana.   Muitos pesquisadores achavam que a visão da psique dada pela Psicanálise e pelo Behaviorismo eram, no mínimo, bastante simplificadas e reducionistas, não explicando uma grande gama de fenômenos  mentais  que  escapavam  - e muito -  do campo de alcance de tais teorias.  E a  Psiquiatria  dava  ainda  menos  clareza  sobre  uma  ampla  gama de estados de consciência claramente chocantes e, ao mesmo tempo, fascinantes, que não podiam se restringir unicamente à história orgânico-biográfica de alguns pacientes. Ademais, existiam pessoas de grande capacidade humana que possuíam experiências de consciência que não se enquadravam nas teorias vigentes da Psicologia. Daí a necessidade de estudar os estados não-ordinários positivos, ou “Transpessoais”, de percepção e consciência...

Eis as palavras de Maslow anunciando o desenvolvimento da Psicologia Transpessoal:

"Devo também dizer que considero a Psicologia Humanística, ou Terceira Força  em Psicologia,  apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda "mais elevada", transpessoal, transumana, centrada mais na ecologia universal do que nas necessidades  interesses  restritos  ao  ego,  indo além da identidade,  da individuação e congêneres... Necessitamos de algo "maior do que somos", que seja respeitado por nós mesmos e a que nos entreguemos num novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico, talvez como Thoreau e Whitman, William James e John Dewey fizeram".

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