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Amar o Outro Implica em Abandonar o Eu?

  Por: Luís Vasconcellos

Há muitas armadilhas ocultas no envolvimento entre duas pessoas e a pior delas é a PERDA DA IDENTIDADE PESSOAL, ou seja, a entrega, não à realização da experiência do Amor, mas ao OUTRO.
Alguém desconhece (ou duvida), da sedução implícita no desejo de ENTREGAR-SE PERDIDAMENTE?
Pode parecer ainda mais sedutor narcotizar-se mutuamente, através de contratos de cumplicidade, rotinas de conveniências e comunhão de interesses mútuos que, no conjunto, só servem para ocultar o SENTIDO e o VALOR de uma VIDA COMPLETA, COMUNGADA COM O COMPANHEIRO DE JORNADA.
Muitos vivem o mito de que é preciso reprimir tudo que for individual para haver harmonia e felicidade familiar e conjugal, posto que estas dependem de renúncia ao EU e de submissão aos OUTROS (esta característica era mais comum entre as mulheres, mas também aparece nos homens, pois não tem nada a ver com o gênero e, sim, com a ação das Polaridades Psíquicas).

Por que isto acontece? Ora, a pessoa que se sente “insegura”, “dividida” e “incompleta” (homem ou mulher), aceita pagar qualquer preço para não se sentir rejeitada nem separada do OUTRO.
Qualquer pensamento ou sentimento separativo é reprimido e censurado em prol de atitudes e sentimentos que pareçam “garantir” ou “assegurar” a continuidade da relação. Deste modo, os pensamentos e sentimentos espontaneamente pessoais são evitados como ameaçadores e perigosos para a continuidade da relação. Acredita-se estar omitindo a verdade (aos olhos do OUTRO), dissimula-se, esconde-se tudo que for considerado perigoso ou censurável...
Na necessidade de sentir-se acompanhado, qualquer um que se sinta incompleto pode chegar até aos extremos de uma ENTREGA INCONDICIONAL, mas os caminhos da “devoção ao OUTRO” e da perda do EU psicológico já estão esgotados.
Esta via serviu mais ao Estado do que aos indivíduos envolvidos; serviu mais às necessidades sociais (incluindo as das Instituições estabelecidas: família, igreja etc.), do que ao crescimento psicológico dos indivíduos envolvidos no processo.

As metas do desenvolvimento psicológico são:
- Nos tornarmos completos (realizando os opostos).
- O acordar da CONSCIÊNCIA individual.

Todos sabemos da insuficiência e da inutilidade de se fazer exortações morais em prol da permanência (por obrigação), no casamento ou na relação, pois já se esgotou o sentido da “obrigação” e o do “dever”.
Atualmente é a dinâmica psicológica entre os opostos que pode garantir ou dar bases à entrega e à permanência, de cada um, em um casamento.
Se ela acontecer, que se veja justificada pela busca de se viver em amor e em cooperação autênticas, sem forçar as aparências e sem esconder as “realidades sombrias” que, de fato, assaltam cada convívio conjugal.

Para o crescimento psicológico acontecer, em uma vida a dois, o amor e a liberdade precisam conviver, enfrentando-se o risco de não dar certo para que se possa - também - correr o risco de que dê certo.

A busca da liberdade, do prazer e da responsabilidade pessoal pode - e deve - ser permeada por um sentido de finalidade, de desenvolvimento e de expansão da CONSCIÊNCIA individual.
Nesta expansão, descobre-se o OUTRO como alguém que também está exposto aos desafios da vida e que tem seus pontos fortes, assim como os seus defeitos e notórias dificuldades. Contudo, seu mérito não está em ele ser perfeito, mas em TAMBÉM estar em uma luta para crescer, amadurecer e aprender...

Um relacionamento REAL se dá no mundo do “NÓS” que, naturalmente, é o resultado da interação de “UM” com o “OUTRO”.
Porém quantos se esquecem que se houver uma obliteração (negação) do EU (ou de tudo que é pessoal), o resultado desta dinâmica pode ser uma falência total!
Quantos deixam de viver a própria vida para viver a vida “DO OUTRO” ou “PARA O OUTRO”?
Quantos entendem a vida de relacionamento como uma RENÚNCIA a tudo que for pessoal ou individual?
No sentido oposto, temos que lembrar que A IGUAIS RESULTADOS DESENCORAJADORES chegam:

- Aqueles que se satisfazem com a crescente submissão do “OUTRO” ao seu próprio poder pessoal.
- Aqueles que gostem de dominar. Ou, ainda.....
- Aqueles que gostem de ganhar qualquer discussão ou disputa, transformando qualquer troca em um combate de “pontos de vista particulares”.

Quantos casais se desgastam em “conversas de surdos” nas quais ninguém ouve ninguém!
Quantos homens e mulheres vivem sob a regra de que "se alguém tiver de dar o braço a torcer, que seja (sempre!) o OUTRO”!

Trabalhando há mais de vinte anos com a terapia de casais eu posso afirmar que, em uma briga, não existem um ganhador e um perdedor; mas sim, dois perdedores desperdiçando oportunidades de evolução e de aprendizado...

Voltando a comentar o que ocorre na atitude mais “conformista” (antes tão comum nas mulheres):
Quando acreditamos que é HARMONIA o exagero contraproducente de “fugir do confronto e concordar com o OUTRO em tudo”, estamos em verdade acendendo o pavio de uma bomba que, na certa, disparará em futuro próximo ou remoto.
Do mesmo modo, se acende o estopim para aqueles que acreditam que VIVER EM HARMONIA é obrigar o OUTRO a uma concordância incondicional!
Quanto mais cedo esta "bomba" explodir, melhor será para todos os envolvidos...

Quando contamos com a união de forma muito temerária (exagero da dependência), acabamos atraindo aquilo de que mais tentamos fugir: a separação e o desrespeito por parte do OUTRO.
Vice-versa, quando jamais admitimos mostrar "fragilidade" (exagero da independência), não temos "olhos" para valorizar o OUTRO naquilo que é mérito dele; e nada fazendo para sustentar as bases de uma cooperação entre os opostos (união), chegamos a um resultado igualmente frustrante.

Achamos bonito e romântico aquele casal que, quando um morre, o outro o acompanha em poucos meses já que:

“A vida pessoal não faz qualquer sentido na ausência do companheiro”!!!
Estes dois podem ter vivido um grande amor, mas também podem ter vivido uma engolidora dimensão do "NÓS", que eclipsava a existência real dos "EUS".
Quantos foram juntos até o fim odiando-se mutuamente...
Que enorme poder isto movimenta!

Contudo, a realidade psicológica mudou e hoje a exigência é a de que qualquer um de nós desenvolva consciência das possíveis oposições internas básicas:

- Consciente & Inconsciente
- Persona (personagem para os outros) & Sombra (aspectos humanos que possuímos, mas que são negados na personalidade)
- Polaridades Masculina & Feminina (e...... todas as outras polarizações possíveis)
- O que EU acho que sou e o modo como o OUTRO me vê.
- A Imagem “polida e filtrada” que eu projeto para os OUTROS e a pessoa que eu realmente SOU.

A exigência psicológica atual é a de que se abandone a cômoda facilidade de culpar o OUTRO por ele ser obstáculo, limite, barreira ou adversário para o crescimento individual.
É sempre mais confortável para o EU culpar o OUTRO por sua infelicidade, falta de realização pessoal ou frustração.
É sempre mais difícil notar que tudo aquilo que usamos para culpar o OUTRO não passa de uma mera PROJEÇÃO PESSOAL (e INCONSCIENTE) sobre o parceiro da relação.

Hoje, o homem e a mulher amadurecida sabem que não existe harmonia que não surja de algum conflito, bem como não se encontram as soluções através do expediente de fugir dos problemas e dos conflitos.
Nos casais mais maduros a crise não é evitada a todo custo, mas simplesmente “afastada” por uma eficiente e atenta negociação (permanente), que abarca todos os aspectos possíveis da convivência.

Não se pode ser autêntico (em nenhum relacionamento humano), desconsiderando a existência real do OUTRO ou fazendo-se ausente da experiência real do EU.

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