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A Experiência do Amor e o Silêncio

  Por: Luís Vasconcellos

Muito se falou - e se escreveu - ao longo de todas as eras, sobre o Amor (interpessoal).
Contudo a EXPERIÊNCIA DO AMOR é indecifrável e quem a vive sabe que, por mais apropriadas que sejam as palavras usadas para descrever alguns de seus aspectos, nada substitui a vivência própria, nada muda o fato de que QUEM VIVE, SABE (o que significa) e, vice-versa, QUEM NÃO A CONHECE é porquê NÃO A VIVEU.

Para estabelecer as bases de uma reflexão sobre a experiência psicológica do Amor (interpessoal), vamos fazer um paralelo entre os funcionamentos psicológicos do CONSCIENTE e da CONSCIÊNCIA - com a arte de compor...

Muitos artistas criativos afirmam que, no ato de criação (ou recriação) eles se apropriam do instrumento para expressar algo de indefinível e que, a partir de um certo momento, eles mesmos se entregam e se tornam INSTRUMENTOS, e então, ALGO coloca notas e falas em suas mentes (e seus CONSCIENTES precisam desesperadamente de meios de registrar a experiência que, de outro modo, se perde como um sonho do qual nos esquecemos – alguns gravam outros anotam e alguns são pegos agarrados pelo momento criativo e correm a registra-lo, por exemplo, em um guardanapo, como bem relatou Milton Nascimento em canção recente).

Não me entendam mal pensando que estou falando em “possessão” ou “incorporação”, muito menos em influências de seres desencarnados, explicações estas muito comuns (e muito difundidas) para “esclarecer” ou EXPLICAR o processo criativo e a experiência inspiradora. A meu ver estas são apenas limitadas explicações e esta verborréia toda mais oculta do que esclarece a experiência propriamente dita.
No momento em que a CONSCIÊNCIA individual atinge o limiar da EXPERIÊNCIA do AMOR já não importa mais qualquer explicação ou definição a este respeito: o que importa (e é o mais gostoso!) é VIVER e APRENDER...

O que faz com que nos identifiquemos com uma canção, geralmente, é a capacidade que teve o autor, de se traduzir de modo arquetípico, ou seja, traduzir bem, uma VIVÊNCIA pessoal.

É bom não esquecer também que o que mais se ouve, nas ditas “canções de Amor” são as lamúrias e reclamações de um CONSCIENTE (no caso, o do autor) que, com muita freqüência, está inconformado com a posição de estar sem controle; está “impotente” diante das “coisas da vida”; “sofre pela ausência do ser amado”; “deseja, mas não tem”, e assim por diante...

Isto se pode compreende, na medida em que o “administrador do prazer e da dor” (vulgo, CONSCIENTE), residente e ativo em cada um de nós, é um funcionamento autocentrado e que é muito zeloso de seus “investimentos”, pois sob o seu PONTO DE VISTA TUDO DEPENDE de SEU CONTROLE e SUA MANIPULAÇÃO (incluindo-se o ser amado), de modo que ele (Administrador Consciente) não dá um passo (nem dá nada), sem pensar no que vai ganhar com isto; sem avaliar se vai dar certo; conjeturando se as probabilidades de sucesso estão controladas; se tem em mãos todos os meios de fazer as coisas darem certo, do jeito mais conveniente; se vale a pena dizer ou fazer alguma coisa e assim sucessivamente... Há um Amor de Dar e um Amor de Receber...

Esta função egóica (em nós) não se ocupa de dar testemunho espontâneo do EU, ele não é bom para DAR nada; ele “administra” os atos pensando no que vai receber, no que vai ganhar com cada ação e não se move se não tiver, por trás de sua ação, um legítimo e renitente INTERESSE PESSOAL a ser atingido.
Temos aí a figura do “conquistador barato”, que repete, feito papagaio, belas falas de criadores que autenticamente “sentiram aquilo” enquanto se expressaram; mas, para ele, que é um tipo de ator tipicamente canastrão, aquelas palavras são rituais vazios que só valem para os ouvidos daqueles que nelas acreditam.

O CONSCIENTE é capaz de fazer jogos com palavras, mas incapaz de VIVER O SENTIDO do conteúdo do que é falado. Ele “sabe” (intelectualmente) a letra da canção, conhece e domina, por exemplo, um instrumento musical; sabe dar nomes às notas musicais e assim por diante...

Não me entendam mal, pois esta parte, a do esforço e a do exercício, não pode faltar nem mesmo nos maiores seres criativos que se possa imaginar, pois sem o esforço CONSCIENTE a fonte vital criadora fica sem os MEIOS de se expressar e de se concretizar.

Porém, é a CONSCIÊNCIA (como ponte de ligação com o Inconsciente – a fonte básica de tudo) que pode ser INSTRUMENTO do processo vital subjacente e então é esta que cria (ou recria); que desenvolve o novo, que imagina uma letra, faz poesia, fantasia realidades e ritmos; alternativas e probabilidades de realização...

Estou aqui ajudando a desmontar tese de que o CONSCIENTE é capaz de ORIGINAR a experiência criadora (que pressupõe um movimento da energia psíquica) e, portanto, de criar alguma coisa, pois é a CONSCIÊNCIA (como ponte entre o CONSCIENTE e o Inconsciente) que amplia, supera, engloba, sintetiza; apresentando analogias, metáforas e “histórias” com típico enredo. Estes são “representações do vivido” (vide letras das canções, que são sempre enredos com base em acontecimentos vividos, somados à imaginação e ao desejo de realização pessoal).

O que não pode “vitalizar” nada (tornar intenso e vívido!!!) é o CONSCIENTE e o maior exemplo disto é o “técnico musical” que nada cria em toda a sua vida e que só foi ensinado:
- a repetir (por exemplo: os grandes mestres da música), assim como
- a dominar as técnicas de tocar e de interpretar, sem que isto garanta, de modo algum, que ele possa dar a elas uma marca verdadeiramente pessoal, nem servir de veículo de expressão de sua criatividade.
Como sabemos, podemos burocratizar e tornar “habitual/rotineiro” praticamente tudo, pois sempre existe a possibilidade de alguém interpretar, por exemplo, J.S. Bach mecanicamente ou; outro exemplo, fazer sexo “tecnicamente” sem qualquer intensidade, sentido ou valor psíquico.

O campo CONSCIENTE se apropria de “produtos” legitimamente inconscientes ("made in" Inconsciente) com uma enorme ingratidão e um não reconhecimento para com o valor da sua própria fonte vital e, assim sendo, volta-lhe as costas arrogantemente, fazendo crer, até a si próprio, que tudo se origina nele mesmo, e que tudo gira em torno dele mesmo.
Claro que aí está o exercício da arrogância, da vaidade pessoal, do egocentrismo e do orgulho do ego (plano CONSCIENTE) humano.

A experiência do “sentido e do valor” se origina do exercício da CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL (na sua conexão ao plano vital inconsciente) enquanto que, o conhecimento intelectual/técnico, pertence ao âmbito do funcionamento do campo CONSCIENTE.
Sempre reverenciamos os criadores, sem jamais nos lembrarmos de agradecer à FONTE DE ONDE TUDO SE ORIGINA (incluindo-se a experiência do Amor!).

No sentido positivo (por outro lado), também é proverbial a vivência do intérprete que RECRIA o já criado, de modo pessoal e em comunhão com o criador original.

Eles (intérprete e criador) se tornam como que parceiros na criação, assim como qualquer um de nós pode REDESCOBRIR o sentido e o valor de alguma coisa já vivida por outros homens e mulheres, ao longo de todas as eras, e que foi, portanto, experimentada, de todos os modos possíveis, há muito tempo atrás.
Quando sentimos, que algo de TRANSCENDENTAL e ATEMPORAL está sendo vivido, significa que estamos comungando com uma EXPERIÊNCIA e CONHECIMENTO UNIVERSAIS, como se estes houvessem se originado naquele exato momento. Dizemos ao ser amado os mesmos “lugares comuns” já ditos em todos os tempos, às vezes com beleza e arte, outras vezes, nem tanto; contudo, sempre é uma EXPERIÊNCIA VITAL renovada e intensa. Nestas horas sentimos que há um encontro de almas e que este encontro é eterno.

São estes os momentos em que finalmente “comungamos a CONSCIÊNCIA de um CONHECIMENTO EXISTENCIAL, que sabíamos (INTELECTUALMENTE) de antemão, mas que, só então, compreendemos o sentido e o valor (psicológicos) inerentes a ele”.

Não existe nada desmerecedor na experiência da INTERPRETAÇÃO INSPIRADORA, pelo contrário, ela passa uma sensação de confiança, de identificação, de honestidade e de espontaneidade àquele que a recebe... O importante é saber se as palavras e canções, que tomamos emprestadas traduzem algo que estejamos, de fato, vivendo...

Na vida prática, como seres em evolução, encontramos inúmeros desafios e verdadeiras charadas, pois a existência parece querer pôr em prova (em teste) nossa CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL.
Para tal ela (como que) se serve de “cenas” que REPRESENTAM uma “experiência” ou uma “atitude” e a tarefa da CONSCIÊNCIA é a de decifrar e de resgatar o SENTIDO (pertinência, aplicabilidade) destas representações de um conhecimento coletivo e eterno.
Quando resgatamos este SENTIDO, nos tornamos mais responsáveis com o que fazemos e com o que falamos. Aliás, o fundamental não é ficar falando, falando, falando...

Muitas vezes, temos que nos render e admitir, que O QUE VALE (e faz sentido!) é a EXPERIÊNCIA do AMOR e que é muito menos relevante tudo que se possa dizer a respeito dela.
Por melhor que a retratemos, sabemos que, talvez, o principal ainda está para ser dito, pois a VIVÊNCIA DO AMOR (da Beleza, da Perplexidade, da Religiosidade) nos deixa “sem palavras” e nos induz ao silêncio.

O AMOR, assim como a Fé, a Confiança, a Entrega, a Generosidade, o sonhar, o fantasiar etc. são RADIANTES e emanam do EU (para o meio externo/os outros) através da Consciência individual, sem expectativas ou cobranças, nem com vistas ao que se possa obter com isto.
Aquele que AMA é feliz pelo simples exercício da experiência de AMAR.

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