A REFORMA DA NATUREZA |
Senhores, o mundo não é mais o mesmo. E eu não estou me referindo às
eras AG e DG (antes de Gates e depois de Gates). Agora, ao olhar os céus rubros
de um verão fora de época, o que estou vendo é um misto de uma infinidade de
universos, de espaços-tempos, de Capelas, Nossos Lares e Marduks. O espaço do
crioulo doido à espera do Stanislaw para ser devidamente retratado.
Nós, que temos contatado o Invisível regularmente, temos de optar pela
discrição cautelosa que nos livrará do Pinel e do Juqueri ou botarmos nossa
boca no mundo, esperando pedradas da fortuna ingrata. Calar ou não calar, eis a
questão. Que destino meu, o de ser um carioca de língua comprida! Tempos atrás
eu seria condenado a virar carne assada. Se os senhores preferem uma atitude
mais recatada, sofrem da coluna ou têm náuseas com o movimento, sugiro que
parem por aqui e embarquem no IT’S A SMALL WORLD, que é melhor e não faz
mal. Não digam que não avisei.
Em 1981, eu estava descansando no quarto dos fundos, o mesmo que uso para
as transcomunicações pelo silêncio que me oferece. Penumbra. Dessas que só
depois de alguns minutos permite ver alguma coisa. Abro os olhos, e estou em
outro local. Constato que não estava dormindo, fecho e abro os olhos e, em vez
da parede há um corredor, com duas saídas: uma no fim à direita e outra para
um aposento à esquerda, de onde vinha a luz do dia que iluminava o corredor
intruso. Alguns instantes de confusão. Como é que eu teria parado ali? Que
diabo de lugar era aquele? As cenas que se seguiam eu as previa com uma antecedência
de segundos: entra um menino com uma camisa listrada horizontalmente de azul e
rosa, ele se assusta com a minha presença e entra no tal quarto da esquerda.
Fico só por instantes longos demais. Tento analisar se estou tendo algum tipo
de ilusão, visão, alucinação e outros ões, mas o novo espaço continuava
teimoso, firme e forte. Então eu procurei tocar na cama para ver se eu teria
tido um mal súbito e tivesse sido removido para um hospital. Mas a cama não
era daquelas cheias de roldanas e alavancas. Pelo contrário, era igualzinha a
cama onde eu tinha me deitado alguns minutos antes. Envergonho-me (mas tenho de
admitir) de ter chegado a pensar que eu teria sido removido junto com a cama e
tudo para o tal hospital.
Engraçado? É que não aconteceu com os
senhores. E se acontecesse, teriam a coragem de oferecer o pescoço ao cutelo?
Acredito que sim. Mas não acabou por aí, ou nessas horas eu estaria perdido no
tal mundo paralelo, e não escrevendo essas maltraçadas linhas. Eu me virei
para olhar o teto, e ver as tábuas do jirau que meu pai construíra no
quartinho. Só que o quarto onde eu estava teria uns quatro metros de pé-direito!
Pânico. Concentro-me nas benditas
tábuas e vejo o teto distante. Aos poucos, porém, o segundo vai sumindo
e vem surgindo o jirau. Vitória! Estou aqui-agora! Passados alguns dias, eu me
arrependi de não ter tido a idéia de seguir o menino assustado parede a
dentro.
Algumas pessoas (as que não saíram rindo depois do meu relato) acharam
que eu teria feito uma viagem astral. Ora, OBEs eu já cansei de fazer. Hoje
mesmo (manhã de 7 de Outubro de 1997) tive a felicidade de rever um amigo que
desencarnou mas que está muitíssimo bem, melhor até do que na época que se achava são. Com o tempo, eu aprendi a reconhecer o
que era sonho ou realidade (isto é, uma experiência fora do corpo –
out-of-the-body experience). Outros me colocaram no selecionado clube dos que se
bilocam (estar em dois lugares ao mesmo tempo). Talvez eles estejam mais próximos
da verdade. Pois estamos todos numa infinidade de lugares “aos mesmos
tempos”, pois também os há em quantidade e simultaneidade. Complicado? É
claro que é.
Oh-oh... Quebrei o sigilo.
Esse “algum lugar do passado” off-Hollywood bem que poderia me render
um prêmio Globo de jornalismo, um best-seller
de memórias ou dois meses de análise. Mas que aconteceu, podem
crer que aconteceu. E não é mais incrível que as vozes da TCI. Então,
direis, ouvir estrelas? É o que fazemos o tempo todo. Vejam o artigo
“Transcomunicação Instrumental – O Definitivo Portador do Caos”, onde
descrevemos uma intervenção de (supomos) Elvis Presley. Logo estaremos
narrando um puxão de orelhas que nos foi dado por (supomos) Albert Einstein. Em
“Vozes Paranormais – TCI” há uma série considerável de nossas comunicações,
todas documentadas, e consideramos tudo isso tão normal quanto todo o resto. Não
estamos preocupados com o “mau-olhado” que os descrentes possam nos secar...
pois estes já terão pulado para pages
mais atraentes e já estamos no meio da segunda página.
A Mãe Natureza não é a mesma, senhora dona Emília. As pulgas ainda não
perdem a gravidade no pulo nem as vacas têm os rabos no meio das costas, mas
coisas mais graves andam acontecendo...
Os senhores materialistas que me perdoem, mas não dá mais para acusar o
doce Chico Xavier de charlatanismo, por mais provas que ele ofereça da sua
autenticidade. As provas, bem, quem se importa com as provas? Que interessa
saber que o Gasparetto recebeu dois quadros de Pancetti pintados em ocasiões e
lugares diferentes mas que, se colocados um ao lado do outro, se completam? E o
que dizer de Thomas Green Morton, que desmorre os pintos e desqueima diplomas? E
o Divaldo? E o Rubens? E a Célia Silva?
Humanos? Coincidências? Gente ingênua de boa vontade, mas...?
Antes de tais descrentes opinarem, peço que
peguem seus gravadores, leiam o nosso artigo “O Que é a Transcomunicação
Instrumental”, captem as vozes do Além, e então decidam pelo melhor caminho:
admitir o engano e passar um zipper na boca, ou “baixar o facho”
humildemente e expor a chaga em público.