RACHEL

 

 

 

 

 

 

     O professor Weiss, em seus diversos livros, destaca a permanência da afinidade entre pessoas da mesma família, ou de amigos que se transformam em verdadeiros irmãos. Shirley McLaine também cita os seus familiares como velhos companheiros de jornada, testemunhas de alegrias e de dores... Outros têm de voltar para que haja resgate de dívidas, uns vêm cobrar, outros perseguem o perdão. A palavra-chave parece ser sempre o amor... ou a falta de amor.

 

     “Um novo mandamento vos dou: amai-vos uns aos outros tanto quanto eu vos amei”, o 11o e que engloba todos os demais. Sábio e conciso Jesus! Em uma frase temos a chave para todos os problemas que nos afligem. Amor ao próximo... Nos remete a “Ama o próximo como a ti mesmo”. Primeiro, aprender a amar a si mesmo, a se respeitar. A não se dominar pela mentira, mãe dos complexos de culpa e avó dos carmas. Amar a si mesmo não significa abandonar-se ao narcisismo ou à preguiça. Ambos são enganosos e devoradores do precioso tempo. Alguém que se ama está apto a amar o seu semelhante... até atingir o nível solicitado por Jesus de Nazaré.

 

     Como é difícil ter discernimento entre os opostos! A caridade pode ser fruto da vontade de nos livrarmos da presença do necessitado. O amor que protege pode sufocar. A guerra pode trazer progressos para a Ciência, e a paz pode se transformar em marasmo, gerando toda a sorte de vícios. O consolo pode gerar as mentiras “pias”, e a verdade levar ao suicídio. A faixa é estreita entre o amor e o ódio, um se torna o outro e vice-versa! A felicidade pode ser um sinal de indiferença, e uma carranca pode esconder a preocupação com o alheio. Parece mesmo que a maior lição que a Terra pode nos ensinar é a de conhecer essas nuances. Um índio que come as carnes do seu adversário pode estar mais perto de Deus do que uma pessoa que acabou de dar uma esmola. A árvore se conhece pelos seus frutos. Talvez aí esteja o primeiro degrau para a iluminação.

 

     A necessidade reúne debaixo do mesmo teto amantes e rivais, como se a Natureza tendesse a transformar as cordilheiras em planícies, buscando o tão sonhado caminho do meio. As sucessivas vidas permitem a magia de amansar as emoções, de gerar simpatias, de arrancar o perdão com a suavidade de uma brisa ou com a energia de um terremoto. Não temos de discutir os caminhos traçados pela Natureza, eles são assim. O final desse caminho, a esperada resposta para “aonde vamos?” é... Seria... Disseram que... Segundo a tradição... Eu creio que...

 

     A Transcomunicação Instrumental é um dos caminhos mais seguros para a certeza da sobrevivência ao temido e certo momento do desencarne. Lembro-me que, numa noite depois de ouvir o Catecismo, com sete anos de idade, me meteram na cabeça que eu era pecador desde os tempos de Adão e Eva e que o Inferno me esperava por causa dos meus terríveis pecados... que naquela época seriam o de xingar o juiz que apitava contra o meu time, de chegar tarde para o almoço e de desejar dar um par de beijos na Gilda, uma menina que se sentava na fila da frente da sala de aula. Terrível noite de pesadelos! Acordei febril e com tremores que eu não conseguia conter. Deve ter sido a primeira vez em que eu pensei na “morte”, a “porta negra da qual ninguém voltou”. A vida ainda me reservaria uma série de experiências capazes de me convencer do Al-Di-La, porém todos pessoais e intransferíveis. A rememoração de uma viagem astral, por exemplo, está entre as mais jubilosas que o ser humano pode desfrutar. E para as outras pessoas que ouvem o meu relato, tudo o que eu posso dizer é “tente fazer uma viagem você mesmo!”

 

     Já no caso da TCI... Está tudo gravado e documentado! A voz pode ser repetida um milhão de vezes que (enquanto a fita resistir) estará lá para ser ouvida e comprovada. Foi assim com Rachel Rosa Teixeira Xavier, mãe de meu amigo Sylvio Walter Xavier. Ele nos solicitou que tentássemos um contato com os seus saudosos pais e com o seu filho. Desde que eu comecei a tentar os contatos falando em especial o nome de dona Rachel, o volume de todos os rádios aumentava muito, como se alguém estivesse tentando entrar em contato sem sucesso. No princípio de Setembro, entretanto, já no final do contato, ouço uma voz masculina que surge através do rádio, dizendo:

___”Se a senhora quiser, eu transmito para ele...” Ao rebobinar a fita, verifiquei que esse contato não se registrara... Que pena! A voz, tão clara, vinda diretamente do rádio (sempre FORA da estação), perdida para sempre...

 

     A TCI exige uma tenacidade imensa do pesquisador, como qualquer atividade com a qual desejamos o sucesso. É necessária uma produção enorme do lado das entidades para sincronizar tudo de modo correto! Dona Rachel tinha de ser localizada, convidada a se comunicar, viajar até a estação transmissora, aprender a técnica de usar o aparelhamento (eles falam até em “aprender a falar”), esperar a oportunidade de se comunicar e de sincronizar três espaços e dois tempos... Sempre o tempo!

 

     Mas o tempo chegou no dia 8 de Outubro (hoje é o dia 10), quando Dona Rachel, finalmente, pode dizer a frase que o seu filho tanto esperava:

___”Lázaro, diga para ele que nós estamos bem.”

 

     Estamos, estamos bem... ou melhor, estamos juntos e bem. A família, que causa tanta preocupação ao digno Papa João Paulo II, para a felicidade de católicos, espíritas, judeus, ateus, budistas... para a felicidade de todos a família persiste. Interage. Planeja.

 

     Ficou emocionado o meu amigo Xavier, como emocionados ficamos todos nós em poder uni-los mais uma vez. Mas num futuro cuja distância nos é vedado conhecer, Dona Rachel, seu esposo, o neto e o seu filho Xavier estarão programando uma nova viagem, com o amor redobrado, num mundo muito melhor.

 

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