NA BATINA DO PADRE TEM DENDÊ... |
... diz um ponto de Umbanda, referindo-se ao conhecimento que a Igreja
Católica tem das coisas do espírito. Os processos romanos descendem de várias
tradições, de diversas vertentes, que parecem convergir para a antiga Abissínia.
De lá as crenças se espalharam pelo mundo, adaptando-se aos autóctones e seus
próprios métodos. Não nos causa surpresa o fato de que alguns ícones teimem
em aparecer dentro de diversas culturas, por mais disparatadas que pareçam. O
deus solar, por exemplo, o senhor da guerra, a virgem caçadora, a deusa da
fertilidade (estes todos frutos das mesmas motivações) se juntam a outros
mitos “teimosos”, como o filho de Deus que é magicamente introduzido no
ventre de uma virgem, o dilúvio e uma família eleita que sobrevive, a fome de
um povo mitigada pela intervenção divina e muitos outros. Você deve estar
imaginando que estamos citando a Bíblia, mas nem tanto, companheiro. Procure
ler sobre Gilgamesh, filho dos deuses, e a sua viagem na nave do seu pai (não
à mão direita, necessariamente) de onde viu a Terra... redonda. Ou sobre a
lenda indígena norte-americana do milho (imaginou que era o maná?); talvez a
lenda do dilúvio contada pelos esquimós, parecidíssima com o relato de Noé...
O ritual de sacrificar animais e até pessoas está bem descrito no
Livro, e pense duas vezes antes de se horrorizar com o barbarismo azteca, pois o
próprio Senhor experimentou Abraão, ordenando que imolasse Isaac, o seu amado
filho (Gênese cap. 22), e se aprazia com os rituais em que Abel lhe entregava
as almas das ovelhinhas. Com o passar do tempo, poucas tradições mantiveram
esse uso, como o Candomblé. Hoje sabemos que o animal possui uma carga de
energia, que pode ser direcionada para o mal (como na macumba) ou para o bem
(como no rito do “bori”, a limpeza da aura). Mas todas as tradições,
inclusive algumas que amamos como a celta, por exemplo, ou dos índios
brasileiros, não abriam mão de uma chacina aqui ou uma borbunada ali. Gostemos
ou não, nossos antepassados, de qualquer raça, em qualquer época, muito se
assemelhavam ao Idi Amin e o seu cardápio.
Isso vai dito para lembrar que não há superioridade cultural de nenhuma
religião sobre qualquer outra, nem diferenças tão marcantes. Nosso foco, porém,
vai hoje para o Vaticano. E por que, homem de pouca fé? A entidade de Marduk, o
Técnico, respondendo à pergunta “Quando a TCI terá o avanço necessário?”,
disse “Quando o Vaticano aceitá-la como realidade.” Claro que os nossos
olhos ansiosos se voltam para a Santa Sé, à espera de mais um milagre deste
fim de milênio. Impossível? Vejamos. Deu no Osservatore Romano, Dezembro de
1996.
O padre Gino Concetti (Ordem dos Franciscanos Menores), teólogo muito
considerado dentro do Vaticano, nos abre uma frestinha do que acontece por trás
da púrpura. “Segundo o Catecismo moderno, Deus permite aos caros defuntos
que vivem na dimensão terrestre enviar mensagens para nos guiar em certos
momentos da vida. Após as novas descobertas no domínio da Psicologia sobre o
paranormal (quer dizer, o que a gente vem fazendo desde o tempo em que a Eva
não comia maçãs), a Igreja decidiu não mais proibir as experiências
do diálogo com os falecidos, sob a condição de que elas sejam levadas com
uma finalidade séria – religiosa e científica.” Como o que fez Kardec,
trocando em miúdos.
By George, eles estão chegando perto! Convém não menosprezar o poder e
a inteligência do Vaticano. Oh, é claro, e os seus bilhões de seguidores.
Quer dizer: em algumas celas de alguns mosteiros, talvez no próprio quarto do
Papa carioca, há um pesquisador certamente bem mais sério do que nós, fazendo
perguntas muito mais profundas.
Seria isso motivo para espanto? Só para os menos avisados, onde não
incluímos nosso querido e paciente leitor. Porque todos nós conhecemos bem que
entre as entidades mais iluminadas que nos guiam pela estrada do Espiritismo,
estão o Frei Luiz, o Frei Fabiano de Cristo, a madre Catharine de Laborieux,
Teresa de Jesus, São Francisco de Assis, Joanna
de Ângelis, Santa Joana d’Arc e muitos outros luminares.
Aos onze anos, eu (Stil) estudava no Colégio São Bento, na Praça Mauá,
e a minha mediunidade parecia um potrinho solto pelo campo, impossível de ser
capturado e domado. Eu perdia os sentidos e (segundo testemunhas) dizia coisas
que só alguns irmãos sabiam. É claro que isso não poderia comprovar, pois
ficava totalmente desmaiado/em transe. Minha mãe foi chamada mais de uma vez
para me levar, pois eu ficava muito tempo nessa situação. Quando ela soube que
eles me aplicaram coramina, ficou uma arara! Dom Lourenço chamou-a de lado,
informando que o São Bento não mais me queria como aluno, e que ela procurasse
um bom psiquiatra para mim (como se alguém pudesse me dar jeito). Mas meu
salvador, Dom Irineu, desafiando o poder, o interrompeu, dizendo:
___”Nada
disso, o que o menino precisa é de um bom Centro Espírita.”
Já eu (Lázaro), tive mais sorte. A mediunidade se aflorava através da
precognição, mind over matter, telecinesia e outros bichos, só que eu
ficava bem calado no meu canto. Eu estudava no Colégio Dom Bosco (Salesiano), e
até sabia as questões que iriam cair nas provas. Uma vantagem dessas a gente não
despreza, não é? Os fenômenos eram tão freqüentes que eu imaginava que
fossem as coisas mais naturais do mundo, que acontecessem com todos os outros
alunos. Apesar de que eu não fui mandado para nenhum divã, quis o destino que
eu me formasse como psicólogo... e voltado para os novos portais que se abriram
a partir da minha aproximação com psicógrafos e a TCI.
What a difference a day makes! Hoje o
clero se reúne em torno dos radinhos e gravadores, como nós, felicíssimos
pela constatação de que o céu e o inferno não são pontos finais, mas uma
das várias estações até a Eternidade.
Para os novos colegas de pesquisa, lembro as
palavras sábias do Eclesiástico (cap. 51, ver. 38, o último):
“Fazei o
que deveis
antes
que passe o tempo
e
ele vos dará,
ao
seu tempo,
a
vossa recompensa.”