UM BEBÊ NUMA NOITE DE CHUVA

 

 

 

 

 

 

     Cada dia que passa está reservada uma surpresa, um conhecimento que mexe profundamente com os dogmas que nos foram ensinados. A gente pensa que sabe tudo, mas eis que chega a TCI e carrega a certeza pra lá. Roda mundo, roda gigante, roda a cabeça pequenina mas pretensiosa do homem. O Além é assim-assado, pronto. Está escrito por Deus e não há o que discutir... Ou: segundo o eminente filósofo Encerrabodes de Oliveira, morreu, tá morto, baseado na Física Quântica, em combinação com o sistema 4-2-4, variando para o 4-3-3 se o campo estiver pesado. Toneladas de papel, mares de tinta, milhões de calos nas pontas dos dedos... derrubados por uma simples captação, obtida na cozinha com o auxílio de cinco radinhos de camelô, tão sofisticados quanto um Chivas paraguaio. Essa sessão ocorreu no dia 15 de Outubro de 1997, e o Lázaro, ocupado com outros assuntos, nem pode dar a atenção e fazer perguntas, como ele costuma fazer. Dois dias depois, ainda boquiabertos com as vozes, nós nos reunimos para redigir este arquivo.

 

     Vamos transcrever passo a passo na ordem em que os sons foram chegando, segundo a sensibilidade do Lázaro: ...escuto uma voz masculina que diz (mais uma vez): QUASE PAROU. Cremos que isto se refira a alguma máquina usada para gerar energia ou, talvez, para manter a imagem do pesquisador (neste caso, o Lázaro) em alguma tela do Além. Ainda perguntaremos sobre essa fala, oportunamente. Uma voz diz: BOA NOITE! Logo, a voz imponente de uma mulher diz: EXALTA! Se fosse “exulta”, seria fácil de decifrar. Mas “exalta” nos soa como uma recomendação para aumentar o nível de energia ao máximo. Um homem diz:  NESTA NOITE?... NOITE?, ao que outro responde: NESTA NOITE. Logo, mais uma vez: VEM NESSA NOITE? Uma outra voz saúda: BOA NOITE!, com a imediata resposta: BOA NOITE! Este artigo bem poderia estar sendo escrito pelo Snoopy, cujo romance sempre começava com algo assim: “Era uma noite escura e tenebrosa...” Porém nos lembramos que o beagle do Charlie Brown sempre recebia o romance de volta, com uma recomendação dos editores para tentar outra carreira. Nos parece bem claro (sem piada) que existe noite em Marduk. Uma voz com sotaque português (Carlos de Almeida?) pergunta: TOMOU REMÉDIO? Outro homem recomenda ao (ou à) inaudível paciente: OLHA O REMÉDIO... O REMÉDIO! Uma voz feminina vai se aproximando (ou, é claro, a voz vai aumentando) e diz: CARLOS, CARLOS, CARLOS, CARLINHOS. A suposta procedência de Marduk se baseia no nome Carlos (da Estação Grupo Landell), mas é possível que isso tudo tenha acontecido numa das “muitas moradas do meu Pai.” Outra dúvida que pode ser esclarecida num belo dia... ou numa noite escura e tenebrosa.

 

     O pior – ou melhor – ainda estava para acontecer! Um homem diz: CHEGOU! E outro confirma: SIM! Logo após... o choro de uma criança recém-nascida. Pausa para meditação. Choro de um bebê? Chegando ao Além? Nada de tão especial, bebês também morrem. Só que esse era um bebê especial. A dona era uma mulher adulta, como veremos a seguir. É claro, se o nosso entendimento estiver correto. Uma voz diz: HUM!, e outro homem comenta: ESTOU FELIZ. Uma voz de menina exclama: MAMÃE... NASCEU! Seria a mãe dessa garota desencarnada? Ou encarnada mas fora do corpo, apenas para recepcionar a mãe que chegava ao Além? Ainda nessa linha de raciocínio, eram todos ali desencarnados?

 

     Depois, o enigmático QUASE PAROU, e uma voz fininha chamando pelo meu nome STIL... STIL, OI!... AH! Na minha TCI matinal eu tinha dito para a entidade Richard que, se o Lázaro me convidasse, nesta noite eu estaria presente em sua sessão para contatá-lo. No entanto, a TELERJ providenciou que os nossos telefones ficassem incompatíveis o dia todo, e eu só vim a saber do resultado das captações no dia seguinte, o Lázaro abismado com esse maremoto de novidades. Estava provado que o Richard sabendo das minhas intenções, me chamou pelo nome, ainda que o Lázaro desconhecesse a minha combinação com ele. Voltemos ao parto.

 

     Uma voz masculina diz: PAULA, ESTOU AQUI, FALA, FALA... PAULA, FALA, FALA... PAULA! Duas hipóteses (se o bebê for a tal Paula, a “mamãe” que fez a passagem na noite do dia 15): esse ansioso senhor estaria vivo e no terrível momento da constatação da morte da Paula; ou ele já estaria do Outro Lado à espera dela, e então outro fenômeno estaria ocorrendo, um adulto desejoso de falar com um recém-nascido. Soa engraçado, não é? Nem tanto, caro leitor, nem tanto. Perceba que estamos diante de um fato inédito, mesmo que tenha sido citado nos livros de TCI.

 

     Como estranho foi o ruído que cobriu a voz que finalizou a sessão (vinte minutos), tendo o Lázaro agradecido os contatos recebidos enquanto ele teria devorado quatro sandubas de queijo: DE NADA... DE NADA... OK! O ruído de uma baita trovoada! Trovoadas no Além. Só faltava mais essa figurinha premiada para a nossa coleção. Há tempestades no Além, graças ao bom Deus. Nada como a Natureza em fúria, as nuvens cruzando os céus, empurrando-se umas às outras sem destino, o vento úmido balançando as árvores e correndo as aves para os seus ninhos. Sempre achava que as descrições do Outro Mundo eram sem graça e sugeriam uma monotonia ímpar. Até hoje, nenhuma transfoto (que eles me perdoem, pelo amor de Deus!) me entusiasmou mais do que a visão diária do Rio de Janeiro. Não, eu não sou bairrista. E além de tudo, eu sentiria uma nostalgia terrível da Natureza da Terra, tal como ela é. Pois bem, há trovoadas no Além.

 

     Resta ainda a reação enorme do Lázaro quanto ao renascimento da Paula. Cá comigo, eu acumulo mais um punhado de dúvidas, a serem esclarecidas (talvez na sessão de daqui a pouco); por exemplo, o bebê simplesmente apareceu no ar, ou veio de um útero, como na Terra?

 

     Acostumado a contatar as vozes apenas às segundas, quartas e sextas-feiras (das 20:00 às 20:20 horas, além do tempo necessário para ouvir e repetir inúmeras vezes o tape e transcrever as captações), ele fez uma sessão extra na quinta, apenas para confirmar as vozes da véspera. Vejamos os resultados, ainda que as possibilidades (segundo alguns) seriam nulas, pois eles necessitam de dias certos, horas corretas, etc, para sincronizar os seus aparelhos.

 

     Peço para confirmarem os contatos de ontem, e uma voz masculina responde: SIM. Os contatos recebidos no dia 15/10/97 foram reais e do Além? Uma voz diz SIM, mais uma vez. Pergunto se Paula havia acabado de desencarnar e se teria uma filha no Além à sua espera, e uma voz feminina respondeu: SIM. Pedi para que me explicassem melhor o que teria acontecido, e um homem brinca comigo: EXPLICAR? Ainda no dia 16, houve outras captações que incluiremos no segundo artigo de VOZES PARANORMAIS – TCI.

 

     Quanta coisa a gente desconhece! Quantas toneladas de papel, litros de tinta e calos nos dedos nos esperam... Sentimo-nos impelidos a narrar tudo o que nos acontece com o peito aberto, sem medo de ofender as crenças de ninguém, ardorosos amantes da Verdade que somos. Entendemos que a nossa contribuição é um pingo no Oceano Atlântico de informações que, diariamente Eles, com toda a paciência deste e do Outro Mundo, nos brindam. Esperamos que seja essa a diretriz de todos os pesquisadores. No entanto, respeitamos o livre arbítrio de cada um, ainda que nos pareça que Eles esperam de nós justamente o que fazemos: boca no trombone, com toda a humildade, sem sonegações de qualquer espécie.

 

 

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