AS VOZES DE UM AMOR ETERNO |
O Espiritismo tem o dom mágico de nos
oferecer o consolo através da iluminação. Seja pela leitura dos clássicos de
Kardek ou das páginas transbordantes de amor desde Uberaba, a doutrina se
antecipou mesmo às conquistas da Ciência, dos meados do século 19 até os
dias de hoje.
No entanto, a partida de um ente querido nos causa tamanha dor, que nem
três mil anos de ensinamento poderiam superar. Por mais que o cérebro se
esforce em nos restabelecer o equilíbrio, é o nosso coração quem toma as rédeas
no momento frio da separação.
Ali jazia Júlia Costa Oliveira, minha Julinha, com as mãos cruzadas
sobre o peito, as mesmas mãos que há pouco costuravam para as crianças da
escola mantida pelo Instituto Espírita Joanna de Ângelis. Os lábios de onde
saíam palavras doces nas horas difíceis,
ou cheias de energia quando algum mal rondava a família, estavam agora
destinados à cruel decomposição imposta a todos os corpos que nos servem de
veículo.
Os dias que se seguiram ao desencarne de minha mãe, no dia 9 de Maio de
1996, foram testemunhas do desacerto entre o cérebro e o coração, até que o
Espiritismo me mostrou na prática porque é conhecido como O CONSOLADOR. Através
das páginas do jornal Folha Espírita eu acompanhava os artigos do Dr. Hernani
Guimarães Andrade relativos à Transcomunicação Instrumental, isto é, o
contato direto com os desencarnados com o uso de aparelhagem simples, como rádio,
gravador, telefone, televisão, computador... Então, se eu tivesse merecimento
e se as entidades se dispusessem a colaborar comigo, haveria uma chance de ouvir
mais uma vez a voz querida!
Motivado a tentar alguma comunicação, as vozes começaram a surgir no
meu gravador. Agora era o Espiritismo científico em ação! As entidades
registravam em fita magnética do modo mais simples a comprovação de sobrevivência
à morte. Mas isso eu já sabia... O que eu queria de verdade era a minha mãe
de volta.
Eu teria de esperar até o dia 15 de Janeiro, quando duas vozes
comentaram entre si:
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“DONA JÚLIA...”
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“TU A VISTE COM O CARLOS!”
Esse Carlos seria provavelmente o Carlos de Almeida, uma das entidades
mais ativas nos contatos via TCI na língua portuguesa. Pronto! Lá estava a
minha Julinha, bem viva e atuante, diferente do doce retrato que reina na minha
sala de trabalho. Eu entendia que o processo necessário para que um espírito
tivesse condições para a transcomunicação era um caminho intrincado e
demorado, que começava com a ida ao planeta Marduk, num universo paralelo, ou a
alguma outra morada em alguma dimensão neste universo de Deus, e terminava com
o treinamento para falar de modo audível para o ouvido humano. Mas, com a
infatigável interferência de Carlos eu sabia que o contato definitivo seria
apenas uma questão de tempo...
Vamos acompanhar esse processo, movido por um amor que a morte física não
teve forças para apagar:
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No dia 10 de Março, uma entidade diz, como num canto gregoriano, LEVARAM EM
NOME DE DEUS, e logo depois, um sussurro dizendo o meu nome, LÁZARO. Eu estava
especialmente triste neste dia, que marcava o décimo mês do sepultamento do
corpo físico de minha mãe.
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No dia 18 de Março, escuto a voz dela me chamando pelo nome, LÁZARO!
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No dia 26 do mesmo mês, perguntando se mamãe estava em Marduk, responderam NÃO,
NÃO.
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No dia 7 de Abril pergunto se posso saber dos meus pais, e uma entidade responde
MUITO EM BREVE. Em seguida, outra voz fala sobre o mesmo assunto: EU QUERO
AJUDAR, MEUS PARABÉNS.
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No dia seguinte, pergunto se meus pais estão juntos, e uma entidade responde
ESTÃO JUNTOS, SIM.
·
No final deste artigo eu me reporto a uma mensagem enviada pela minha mãe através
da psicografia de uma querida amiga, logo confirmada no dia 16 de Maio pela voz
de uma entidade que diz MENSAGEM, e pela própria Julinha, que fala OI, FILHO!
com o seu jeito carinhoso de sempre.
·
Eu sabia que era necessário um estágio de mamãe em Marduk para a
melhoria dos seus contatos, e perguntei no dia 28 de Maio se ela já estava
em Marduk, obtendo a resposta: IREI PARA LÁ. EU AGORA ESTOU NO RIO DE JANEIRO.
Em seguida escuto a voz carregada de sotaque português do Carlos de Almeida,
dizendo TRABALHO.
·
Finalmente, no dia 27 de Junho, eles me anunciam SIM, SIM, VIRÃO ESTA NOITE.
Meus pais, portanto, chegaram em Marduk nesta data!
·
No dia 18 de Julho, pressionado por importantes tomadas de decisões, minha mãe
me aconselha: PENSA BEM... MEU FILHO... MEU FILHO, JESUS! Ela me apontava o único
caminho a seguir, o da paciência e confiança no Mestre.
·
No dia primeiro de Agosto ela volta para dizer LÁZARO, LÁZARO...
E perguntando se meu pai estava me ouvindo, ele prontamente responde
ESTOU. Isto confirma que os dois estão juntos na Eternidade.
No primeiro aniversário da partida de mamãe, eu recebi um presente
através da mediunidade da Sra. Yolanda Povoa de Souza, onde a bondade de
Julinha se alia à sua imorredoura missão de iluminar os meus caminhos.
Transcrevo a seguir a mensagem recebida:
Filho
adorado
Como
é bom reencontrá-lo sempre que a espiritualidade me permite fazê-lo, e
encontrá-lo sempre equilibrado, procurando fazer o melhor. Não tente ser
perfeito, filho, nem se culpe por não sê-lo. Todos nós que habitamos o
planeta Terra, de um modo geral, temos muitas imperfeições a corrigir, e
queimar etapas às vezes nos faz um grande mal. Não exija de você coisas e
atitudes que não conseguiria realizar, pois isto geraria uma fonte de frustrações
inúteis.
Não
me pergunte se eu o amo agora mais do que antes, pois o nosso amor é medido em lágrimas
e saudades, e elas ainda são muitas e incomodam o meu coração e o seu.
Seu pai manda um beijo enorme em seu coração e pede que você tenha paciência,
paciência, paciência. Entendeu, meu filho?
Recebi
todas as suas palavras em forma de prece, e me sinto feliz porque sou amada.
Não
julgue, filho, não julgue ninguém. Não vou ferir seu coração com palavras
que eu sei que você não gostaria de ouvir.
Dê
um beijo de mãe no coração do Cris, e nos meus amigos leais.
Filho,
ouça sempre minha voz dentro do seu coração. Quando estamos juntos, não
duvide, sou eu mesma que o abraça, e lhe cubro de lágrimas.
Eternamente,
Júlia.
Enquanto escrevo estas linhas, sinto que a dor já não é a mesma
daqueles dias, ainda que a emoção teime em umedecer meus olhos. Sei que os
contatos dos meus pais vão se somar aos novos amigos que vou fazendo do Lado de
Lá, e que a TCI no Brasil vai se espalhar de modo a se tornar uma rede poderosa
de comunicação para o milênio que se aproxima.
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Para
compreender melhor a TCI (Transcomunicação Instrumental),
recomendo o estudo dos seguintes livros:
1-
Transcomunicação Instrumental
FE Editora Jornalística
Ltda - Karl W. Goldstein
2-
Ponte entre o aqui e o além - teoria e prática da transcomunicação
Editora Pensamento - Hildegard Schäfer
3-
Transcomunicação - a comunicação com o além por meios técnicos