RELEMBRANDO O FUTURO

 

 

 

 

 

 

    “O Tempo perguntou ao Tempo quanto tempo o Tempo tem; o Tempo respondeu a tempo: O Tempo tem tanto tempo quanto tempo o Tempo tem.” (sabedoria popular)

 

 

 

    O problema crucial na transcomunicação instrumental é o sincronismo entre o comunicante e os seres que nos enviam as vozes, sejam de um espaço paralelo (uma Terra volume 2), de um planeta distante “dois espaços e três tempos” (Marduk), do nosso tempo mas de outro espaço (Ashtar e diversos relatos de ETs) ou da própria Terra aqui-agora, por seres invisíveis mas bem reais (EVPs). Algumas mensagens chegam até antes ou sobre as perguntas, talvez algumas tenham se perdido no tempo por terem nos alcançado no passado, ou talvez por minutos após termos desligado nossos gravadores.

 

    Quando nos referimos à Ciência nos dois últimos artigos, estamos à cata de aliados categorizados para uma pesquisa mais metódica em relação à TCI. Os cientistas estamos sendo nós, por enquanto. Há interesse, como sempre houve, da comunidade científica em relação aos efeitos obtidos por paranormais através dos tempos, nos Estados Unidos ou na Rússia, no Brasil ou no Vaticano. Mas ninguém teve a grandeza de apresentar os fenômenos como autênticos depois das horas e horas em laboratórios, e até compreendemos os motivos.

 

    Isso poderia custar aos pesquisadores cassações e deboches dos outros colegas, ou retaliações das religiões cujos cânones fossem atingidos, como atualmente acontece: “as vozes da TCI são vírus do Demônio.”

 

    Quando o pesquisador chega ao inverso da expectativa, isto é, em vez de conseguir negar o fenômeno, ele chega à comprovação, tem dois caminhos: calar-se ou romper com a “ONU científica”. Não raro este fato é citado nos prefácios, num misto de queixa e alívio. Mas quantos se fecham, amargurando a censura imposta por uma invisível hidra de cem cabeças, tremendo de medo dos homens de preto?

 

    Não precisamos mais de análises de vozes, como criminosos à cata de álibi. Sabemos muito bem que elas apareceram ali sem a nossa direta interferência, falando o nosso nome, dizendo um monte de coisas ora de importância ora palavras soltas e aparentemente sem sentido. Buscar o apoio de quem só pode calar é, no mínimo, frustrante e inoperante...

 

    Precisamos, isso sim, de avanços do Lado de Cá com o mesmo vigor e o mesmo investimento feitos do Lado de Lá. Estamos no mesmo estágio dos cristãos nas catacumbas... mas não por muito tempo. Os progressos são evidentes, os grupos de estudos vão se multiplicando, os efeitos vão ficando mais e mais ousados. Agora são transfotos a cores. Podemos até arriscar uma olhadinha no futuro.

Estamos em... em... 2010, o ano em que faremos contato (!).

 

    Os pioneiros brasileiros, que foram ridicularizados tantas vezes na TV, que ouviram pérolas como “se as vozes são verdadeiras, por que então têm tão pouca clareza?” ou “essas pessoas estão querendo apenas um consolo pelas perdas de entes queridos e se agarram em qualquer coisa”, ao invés do reconhecimento do esforço anônimo em benefício da Humanidade e exposição pública da sua imagem, receberam um contato definitivo: no centro de uma sala cheia de artefatos, foi materializado um casal de dodôs.

 

    Eles se entreolharam e consideraram a importância do presente, retirado do passado antes da extinção dessa espécie de pássaros. O que fazer, se a imprensa os tinha escorraçado todo esse tempo, e todas as pesquisas ficado no círculo restrito das Universidades? Recordaram que esse prêmio não tinha acontecido de repente, mas fora o resultado lógico de uma sucessão de avanços: o envio de vozes, imagens, transfotos, objetos do passado, plantinhas exóticas, um livro queimado em Alexandria, e agora...

 

    Nas vezes anteriores, o contato com as autoridades foi mais traumática do que o enfrentamento de um bando de chupa-cabras. Depois do furor sensacionalista dos programas de TV nas tardes de domingo, começou uma série de gracinhas no jornal das oito, e o apedrejamento da casa de um dos pesquisadores por um grupo de religiosos. Esses incidentes fizeram com que os pesquisadores se fechassem num gueto e guardassem suas conquistas para si. Eles olhavam para os dodôs, que já procuravam o que comer, sem entender que ali não era as Ilhas Maurício, nem que o ano não era 1280, quando foram teletransportados.

 

    Um deles arriscou a sugestão de convocar a imprensa e conseguir logo a tão desejada aceitação, mas outro pulou no meio da sala e lembrou o que acontecera com o pergaminho de Alexandria, analisado pelo Diário de Paranapiacicatuba e declarado uma farsa. A dona da casa aproveitou o silêncio que se abateu por minutos para buscar o alpiste do curió e ofereceu ao venerando casal de dodôs, logo recusado pela dificuldade de usarem seus bicos anacrônicos nos grãozinhos espalhados sobre o tapete da sala.

 

    O doutor Pelópidas pigarreou e começou um pequeno discurso:

___”Senhores, estamos diante de um milagre científico. A Humanidade recuperou um acervo que se considerava perdido pela bestialidade dos homens. Um casal de aves! O que significa isso? O que temos por missão daqui para frente, missão essa determinada por nossos amigos invisíveis? Certamente, o de repovoar a Terra com esses magníficos dodôs. Proponho contactarmos a Universidade de São Tiago Pequeno, e buscarmos o conhecimento necessário para que o casal seja mantido vivo e se reproduza...”

 

    Belo discurso, mas Dona Santissíssima lembrou que essa mesma Universidade havia recolhido um chupa-cabra e fatiado o bicho numa espécie de carpaccio científico, e depois dito que nada daquilo era real.

 

    Os dodôs já estavam arriscando a reprodução ali mesmo, quando a dona da casa teve uma brilhante idéia, aplaudida por todos e comemorada com uma rodada de café e bolinhos de fubá. Ela fechou os olhos com aquele seu modo humilde, levantou o dedo para o teto e...

 

    A nossa imaginação pára por aí... O que o paciente leitor acha que seria a solução mais eficiente? (Ei, não vale comer os dodôs!)

 

    Não fica claro que estamos em dois mundos incompatíveis? Ou que a Humanidade tem de andar alguns passinhos na direção de uma pesquisa eficiente, de braços dados com nossos colaboradores incansáveis de todas as dimensões do espaço-tempo? Ou que a nossa fragilidade frente aos meios de comunicação nos indique o caminho de união interna e o esquecimento de ressentimentos?

 

    Bendita Internet, que nos proporciona esse fórum livre de preconceitos ideológicos, que recebe com carinho as nossas palavras, que nos une em torno dessa boa nova, a transcomunicação instrumental! Salve todos os pioneiros!

 

Voltar a Pagina Inicial