Por: Maria Aparecida Diniz Bressani - Psicóloga
mariab9@uol.com.br
Os relacionamentos equivocados que temos são frutos da
grande confusão de quem somos, de como devemos agir, de como não devemos
agir... portanto, de todas as estereotipias sociais. É claro que devemos seguir
as convenções sociais, mas devemos, também, ter a capacidade de “filtrá-las”
e adequá-las à nossa personalidade; porque senão fica como se pegássemos uma
roupa de outra pessoa e a vestíssemos, só que é um número menor ou maior e
não ficamos confortáveis.
As pessoas se queixam muito de não estarem se
relacionando ou que os relacionamentos que vivem não lhes são satisfatórios.
Mas o que fazemos para torná-los satisfatórios? É fácil queixar-se e
contabilizar o que o outro não fez pela relação. É fácil mensurar que você
está dando mais para o outro do que o outro para você. Como se fosse - mesmo -
fácil medir quem dá mais! Já inventaram o “metro do amor”? Ou foi a “balança
do amor” que inventaram? Cada um dá o que pode dar!
Todos trazemos uma infinidade de necessidades e esperamos
que o outro as supra: por isso tanta infelicidade e desencontro. Ninguém tem a
capacidade nem o poder de suprir tudo que precisamos para ser felizes.
O que mais percebemos, então, é o desencontro amoroso;
todo mundo se economizando, esperando o outro dar, se entregar para depois se
dar, se entregar – de conta-gotas - é claro! Medindo seus atos e palavras.
Ou, então, ao contrário, dando de baldes, como se Amor fosse uma “isca”
para pegar o outro. Faz-se necessário desenvolver a capacidade da entrega!
É óbvio que relacionamento não é tão simples assim.
Existem dois quereres, dois corações que batem na expectativa de serem
felizes.
Em toda e qualquer situação de vida – principalmente
num relacionamento que queremos que seja amoroso – devemos sempre estar
atentos se estamos confortáveis; caso não o estejamos, devemos nos colocar
nesta sintonia ou sair da situação.
Mas como, então, conseguir nos colocar de forma
confortável numa situação amorosa?
Primeiro: o Amor não se busca fora de nós. Ele está
dentro de nós e fora é apenas reflexo. Jung já dizia: temos tudo dentro de
nós! Inclusive o Amor.
O relacionamento amoroso acontece na nossa vida para se
compartilhar o Amor.
Compartilhamos o Amor que temos dentro de nós com
alguém que julgamos especial, e temos afinidade. E este alguém compartilha o
Amor que tem dentro de si conosco, pois nos julga especial. Eis porque sofremos
tanto quando não estamos tendo um relacionamento amoroso: não nos sentimos
especiais! Ledo engano acreditar que só quando estamos tendo um relacionamento
amoroso somos especiais. Por isso tamanha carência!
Somos especiais e ponto. Somos especiais porque somos
únicos. Somos especiais porque somos singulares na nossa forma de ser e de
agir. O nosso jeito de ser é só nosso, se outra pessoa se puser a fazer alguma
coisa como nós a fazemos será uma simples cópia, porque nós somos o
original.
Portanto, a nossa forma de expressar, seja amor ou
opiniões, é única e intransferível!
Ao nos dar conta dessa nossa singularidade enquanto
indivíduos devemos também, em seguida, nos dar conta de quais são nossos
códigos. Digo sempre que nos relacionamos com a vida através de códigos
pessoais e que dentro da nossa singularidade temos nossos próprios códigos
sobre tudo na vida. Portanto precisamos aprender quais são nossos próprios
códigos para que possamos “imprimí-los” em nossas vidas de forma
consciente e, conseqüentemente, aprender sobre os códigos das outras pessoas,
para que possamos decodificá-los quando essas mesmas pessoas se expressarem
para nós através de seus códigos, também únicos e singulares. Caso
contrário, por exemplo, quando alguém expressar seu amor para mim e se eu for
usar meu próprio código posso não conseguir decodificar adequadamente e
entender que essa pessoa não me ama, enquanto que, na realidade, essa pessoa
tem um código diferente do meu para a expressão do seu amor. Então, quando
nos damos conta de que cada indivíduo tem seu próprio código do que é Amor,
concluímos sobre a impossibilidade de mensurar a expressão do Amor.
Embora seja gostoso nos sentir amado por alguém que
julgamos especial, o mais gostoso é sentir o Amor em nossa vida; e isto nós
podemos ter: o Amor está dentro de cada um de nós; precisamos apenas
reconhecê-lo, decodificá-lo.
Perceba o quanto você é especial e único. Perceba o
seu jeito especial de amar e de expressar esse Amor. Afinal, não tem jeito
certo ou errado de amar ou de expressar seu amor, porque cada um tem um jeito
próprio e único de amar e expressar o Amor.
Por isso, eu convido você a Amar! Ame a vida! Ame a
você primeiramente e, depois, transpire amor, exale amor... transborde amor em
sua vida, para todos os lados e para todos os que o cercam.
Porque, enfim, AMAR é preciso!
MARIA
APARECIDA DINIZ BRESSANI
Psicolóloga
e psicoterapeuta junguiana
mariab9@uol.com.br