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Por: Fátima Bittencourt Pesquisas científicas estão
comprovando aquilo que os iogues e monges já sabiam há milênios – a meditação é
muito mais do que uma simples técnica de relaxamento; a prática regular da
meditação altera as estruturas neuronais do cérebro, estimulando as emoções e
sentimentos positivos e incrementando as capacidades da mente.
A meditação é objeto de interesse crescente na medicina. Sua indicação está
se tornando cada vez mais comum no tratamento e prevenção de doenças
imunológicas, do sistema cardiorrespiratório, dos distúrbios do sono e do stress
. Desde que foi capa da Time, em 2003, o assunto tem sido freqüentemente
veiculado pela mídia .
O impulso para o desenvolvimento dessas pesquisas deve-se principalmente à
associação entre o líder espiritual tibetano Dalai Lama e o biólogo chileno
Francisco Varela (1950-2001), então chefe da Unidade de Neurodinâmica do
Hospital Salpetrière, em Paris. Nasceu daí o Mind and Life Institute, que desde
1987 realiza encontros anuais – um ano no Ocidente, e outro, informal, em
Dharamsala, na Índia, onde Sua Santidade vive exilado – para um diálogo entre
homens e mulheres de ciência e monges budistas sobre a natureza do universo e da
mente.
Os encontros do Mind and Life reúnem cientistas dos mais respeitados centros
de pesquisa dos Estados Unidos, tais como Harvard, Princeton, Duke, Califórnia.
Com o objetivo de responder a um desafio – Como criar e manter uma mente
saudável? -, a partir de 1990 cientistas filiados à instituição começaram a
investigar os efeitos neurobiológicos da meditação.
O neurocientista Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, em Madison,
colaborador do Dalai Lama desde 1992, é um dos principais pesquisadores da
neuroplasticidade. “Os neurocientistas acreditavam que nascemos com determinado
número de neurônios, e que as mudanças ocorridas com o desenvolvimento seriam
apenas nas conexões entre essas células e as células moribundas. Nos últimos
dois anos, descobrimos que isso não é verdade. Já foi demonstrado nos humanos
que crescem neurônios novos durante a vida inteira. É uma descoberta fantástica”
– disse ele no diálogo ocorrido em 2000 em Dharamsala, relatado no livro Como
Lidar com Emoções Destrutivas – Para Viver em Paz com Você e os Outros (Editora
Campus), de autoria do Dalai Lama e de Daniel Goleman.
Outro pesquisador importante é Jon Kabat-Zinn, diretor da Clínica de Redução
do Estresse, professor de medicina da Universidade de Massachusetts e um dos
autores do livro A Mente Alerta (Editora Objetiva). Para Radvany, o mérito de
Kabat-Zinn, criador do método de meditação conhecido como mindfulness behavior
stress reduction (MBSR), “foi chamar a atenção para o fato de que é possível
transformar todas as atividades diárias em meditação, no sentido de baixar o
tônus vegetativo – que é o antídoto do estress.
Fátima Bittencourt é Psicóloga há mais de 25 anos. Sua base
teórica e vivencial reúne a filosofia oriental, neurociência e psicologia
integrada. Oferece consultoria e atendimento clínico no Rio de Janeiro - RJ.
E-mail: fatima@gruposanare.com
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