|
Por:
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Outro caso de
provocação e estreiteza moral ocorreu durante o VII Encontro da Consciência
Evangélica "Cristã" feito em 2005. Numa atitude DE insulto explícito, um pastor
da Igreja Batista de São Paulo, chamado Joaquim de Andrade, afirmou na imprensa
que não se arrependia das polêmicas declarações antiharmônicas que deu em
Campina Grande, durante o Encontro Para a Consciência "Cristã", sobre as
aparições populares atribuídas a Maria de Nazaré. Ele afirmou que tais aparições
marianas são coisas do demônio, manifestações demoníacas a serem combatidas
pelos evangélicos. Segundo o jornal Correio da Paraíba, de 10/02/2005,
"O prefeito Veneziano Vital do Rêgo
posicionou-se contrário à declaração do pastor, a qual classificou de
infeliz. Ele disse que, ao conversar com o vice-prefeito José Luís Júnior,
que é evangélico e com outros pastores, chegou à conclusão que nem todos
têm o mesmo pensamento do pastor Joaquim Andrade. O prefeito pediu para
que o pastor Joaquim revisse o que disse. O pastor Joaquim de Andrade, da
Igreja Batista de São Paulo, disse que não se arrepende das declarações
que deu em Campina Grande, durante o Encontro Para a Consciência Cristã,
sobre as aparições de Nossa Senhora e que a despeito do desagravo que será
realizado pela comunidade católica, ele não precisa da misericórdia de
Maria".
Diante desta
explícita manifestação de desafio ao pensamento diferente, especialmente aos
Católicos e aos participantes do XIV Encontro para a Nova Consciência, cabe aqui
a resposta do filósofo F. Pereira Nóbrega ao dito Pastor Joaquim Andrade e a
seus pares, como o pastor Fáber, etc.:
Aparições
F. Pereira Nóbrega
Jornal Correio da Paraíba, 12/02/2005
Apareceu em Campina Grande um movimento
chamado Encontro para a Nova Consciência que veio para ficar. Pretende
mais somar que diminuir. Procura entre várias tendências do pensamento
atual o denominador comum dos que prezam a humanidade e querem fazer algo
por ela.
Está no espírito da Nova Consciência
ressaltar esse denominador comum, esquecer e superar divergências que
haja. Dentro e fora, há sentimentos diferentes, que temos por sagrados,
como os de pátria, família, religião.
Mãe alheia só o mal educado xinga.
Zombar de sentimentos diferentes, isso fica para encontros internos dos
que pensam do mesmo modo. Todo homem tem direito a amar sua mãe, sua fé, e
nisso ser respeitado. Os que, publicamente, combatem a fé que está no
outro, combatem o homem universal que está sem si.
Pois também apareceu em Campina Grande
um encontro contra a Nova Consciência e, com ele, um pastor,
esquecido do espírito do Encontro, repetindo o velho diante da Consciência
que se apresenta Nova. Voltou ao tempo das guerras de religião. Dos
primeiros cristãos se dizia: vede como eles se amam. Ao tempo das guerras
religiosas, se poderia dizer: vede como eles se odeiam. A esse tempo quis
voltar o pastor.
Ainda hoje, são encontráveis dos dois
lados os que pregam amor com sotaque de ódio. Frequentemente eles se
encontram em cultos que se dizem ecumênicos, por fora de ritos, por dentro
de nada.
Apareceu aquele pastor, de público
zombando de aparições de Maria. Se houvesse mais diálogo entre
denominações cristãs, saberia ele quanto a Igreja é prudente, quase
cética, sobre esses relatos de aparições. Aprenderia quão raríssimos são
os casos convincentes, diante da multidão dos que se propalam. Saberia
ainda que a Igreja, a rigor, não obriga em consciência nenhum católico a
inserir uma aparição no seu credo de fé.
Se mais diálogo houvesse entre nós, eu
ousaria dialogar em termos de Teologia. E diria que me confunde mais se
crer nas manifestações do demônio do que nas de Maria. Quando aparece um
fato paranormal, daqueles ditos de “espírito brincalhão”, sempre aparece
algum pastor dizendo que aquilo é o diabo. É má Teologia. A História não é
uma queda de braços entre Deus e o Diabo que, de há muito, já foi vencido.
Enquanto o mundo volta ao paganismo, cristãos se apedrejam. Acordemos a
tempo. Há muito mais o que nos une, muito menos o que nos separa.
Para ver esta e algumas outras
reportages dos jornais Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba sobre a provocação
do Pastor Joaquim de Andrade,
clique aqui
No começo da década
de 2000 o clima de conflito zelosamente cultvado pelos "Conscientes
'Cristãos' " levou ineviavemne a sérios conflitos entre os "evangélicos" do
então Partido Liberal (formado em sua maioria por membros da Igreja "Universal"
de Edir Macedo) e outros penteconstalistas contra a Prefeitura de Campina
Grande, que sugeria patrocinar o encontro dos "evangélicos" de 2004 em outra
data para evitar o atrito estimulado pelos mesmo contra o Encontro Para a Nova
Consciência, o primeiro a ser feito, reerguendo o comércio e os serviços
hoteleiros de Campina Grande na época do Carnaval (já que a cidade não tinha
tradição carnavalesca e a cidade ficava um quase deserto neste período). No
conflito, ficou claro, pela reação agressiva dos evangélicos contra a então
prefeita Cozete Barbosa - e que incluiu a compra de matérias em jornais locais
-, que os prestimosos Pentenconstalistas-fundamentalistas visam acabar com o
Encontro para a Nova Consciência, forçar um conflito de religiões e ainda
aproveitar a deixa para fazer propaganda de si mesmos. Os Pentecostalistas, é
claro, têm todo o direito de fazer os cultos e reuniões públicas que quiserem -
e dinheiro e poder político para isso não lhes faltam -, desde que respeitem as
demais pessoas e não se utilizem do direito de reunião para perturbar qualquer
outro tipo de congregação.
Lúcidos livros,
escritos por teólogos de renome internacional, como o "Fundamentalismo, A
Globalização e o Futuro da Humanidade", de Leonardo Boff e "Em Nome de
Deus", de Karen Armstrong, demonstram cabalmente as táticas de recrutamento
e ações de violência intelectual dos grupos ditos "evangelicos" de base
calvinista fundamentalista, em geral de orígem norte-americana, provocando
desarmonia e impedimentos de uma aceitação pelo diferente, principal aspecto
necessário à paz e crescimento humano (veja-se os discurso desequilibrado de
Bush e de alguns de seus generais batistas ao expor que a estúpida Guerra contra
o Iraque é uma Guerra do Bem e do Cristianismo contral o mal e o - sempre tão
ardorosamente citado por fundamentalistas - Demônio, demonstrando
intolerância, imperialismo, encobrimento das reais causas econômicas e
estratégicas - petróleo e domínio tático da região - e desconhecimento da
profundidade do islamismo, onde Jesus Cristo é venerado como um grande profeta e
muito de seus ensinamentos aceitos e divulgados pelo Al Corão, bem
diferente da exaltação evangélica ao judaísmo como um todo, se levarmos em
consideração que Jesus Cristo não é aceito como o Messias e, quando muito, é
visto apenas como um importante judeu, um tanto rebelde por parte considerável
da comunidade ortodoxa judáica, e ainda o total desconhecimento por certas
facetas da religião de Moisés bem como as ditorções gritantes que foram feitas
na Bíblia por eles utiliada e que foram bem expostas pelo Prof. Dr. Severino
Celestino da Silva, da UFPB, em seu profundo livro "Analisando as Traduções
Bíblicas").
Apesar de tudo,
mentes esclarecidas buscam combater esta farsa de retorno da Idade das Trevas.
Veja o contraponto do lúcido e esclarecido discurso do presidente Barak Obama
sobre os perigos do fundamentalismo neste vídeo e compara com o discurso
evangélico-belicoso de um Bush...
A tática política,
atualmente apoiada pela bancada evagélica de Campina Grande, de tentar se impor
um tipo de pensamento único religioso ou exclusivismo espiritual não é nova. As
facções religiosas poderosas tempo de Cristo usavam do mesmíssimo expediente e,
hoje, vemos novamente um "revival" do farisaísmo pseudo-doutoral entre os
escribas do fundamentalimo evangélico atua. E ninguém mais do que o próprio
Jesus Cristo soube expor a vista e todos toda a podridão de seus misteres
agressivo e alienantes, como vemo nestas passagens do capítulo 23 Evangelho
Segundo Mateus que, atualizando alguns termos, parecem que foram feitas para os
dias do tal "Encontro para a Consciênia 'Cristã' ":
1. Dirigindo-se Jesus à multidão e a
seus discípulos, disse-lhes:
2. Os escribas e fariseus sentaram-se na
cadeira de Moisés.
3. Observa e fazes tudo o que eles
dizem, mas não ajais como eles agem, pois eles dizem mas não fazem o que
dizem.
4. Eles amarram cargas pesadas e
esmagadoras nos outros e com elas sobrecarregam os ombros das pessoas, mas
eles mesmos não querem mové-las sequer com um dedo.
5. Fazem todas as suas ações para serem
vistos pelos homens, por isso exibem largas faixas e longos adereços em
seus mantos.
6. Gostam dos primeiros lugares nos
banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas.
7. Gostam de ser saudados em praça
pública e de serem chamados rabi (ou seja, o
intétprete da Bíblia nas sinagogas, equivalente a 'pastor', hoje em dia)
pelos homens.
8. Porém vocês não vos façais chamarem
de rabi, porqe um só é o vosso mestre e vocês são todos irmãos.
9. E a ninguém chames de pai sobre o
terra, pois um só é vosso Pai: Aquele que esta nos Céus.
10. Nem vos façais chamar de mestre,
porque só tendes um mestre.
11. O maior de vós será vosso servo.
12. Aquele que se exaltar será
humilhado, enquanto que aquele que se humilhar será exaltado.
13. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Vós fechais aos homens as portas do Reino dos Céus. Vós mesmos
não entrais e nem permitem que entrem os demais que querem entrar.
14. Ai de vocês, escribas e fariseus
hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações.
Por isso haverão de ser castigados com maior rigor.
15. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócrias! Percorreis mares e terras para obter convertidos e, quando o
conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior do que vocês
mesmos!
16. Ai de vós, guias cegos! (...)
23. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho mas
desprezais os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia
e a fidelidade. Eis o que era necessário praticar em primeiro lugar.
24. Guias cegos! Nos outros filtrais um
mosquito enquanto vocês mesmos engolis um camelo.
25. Ai de vocês, escribas e fariseus
hipócritas! Vocês limpam por fora o copo e o prato mas por dentro estais
cheios de roubo e intemperança.
26. Fariseu cego! Limpe primeiro o que
por dentro está sujo para que também o externo fique limpo.
27. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Pois sois semelhantes a sepulcros caiados: por fora vocês
parecem formosos, mas por dentro estais cheios de ossos, de cadáveres e de
toda espécie de podridão!
28. Assim também sois vós: por fora
pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de
hipocrisias e iniqüidades.
29. Ai de vós escribas fariseus
hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumenos dos
justos
30. E dizeis: Se tivéssemos vivido no
tempo de nossos pais não teríamos manchado nossas mãos, como eles, no
sangue dos profetas...
31. Testemunhais assim contra vós
mesmos... Que sóis de fato filhos de assassinos de profetas.
32. Acabem, pois, de encher a medida de
vossos pais!
33. Serpentes! Raça de víboras! Como
escapareis ao castigo do inferno?
Não à-toa, a
denúncia de Jesus contra a hipocrisia e ganância política dos Doutore$ da
Bíblia, auto-intulado$ expert$ teológico$, lhe custaria a vida...
Ahm e ponhamos
"doutore$" nesta forma de escrita, já que um doutor precisa ao menos de ter
feito uma graduação, e para ser pastor a pessoa precisa apenas a habilidade de
cuidar de rebanhos irracionais...
As formas de
recrutamento e sedução destes grupos fundamentalistas são extraordinariamente
simples e eficazes: diante das dificuldades do mundo atual (muitas delas criados
por grupos econômicos calvinistas), basta aceitar e aderir a alguma de suas
Igrejas, professando a aceitação do Cristo segundo suas interpretações,
integrando-se plenamente à comunidade dos fiés - e a pessoa se sente
emocionalmente amparada e se sentindo parte de uma grande família, naquilo que é
chamado de Conformismo pela Psicologia da Gestalt-Terapia que também diz
que ao lado desta vem quase sempre o mecanismo neurótico de defesa chamado de
Confluência, ou seja, se me sinto inseguro ou emocionalmente fraco, procuro
suprir isto com a opinião de uma congregação, que poderá me dar a impressão de
suprir e dar forças. A opinião desta será então a minha opinião e assim me
confundo com uma causa do grupo, podendo surgir daí o sectarismo e o fanatismo
religioso. Também existe a questão do poder econômico da seita, já que o
postulante terá de se esforçar para converter outras pessoas e pagar, com estas,
a obrigação do dízimo. Desta forma, segundo a idéia deles, se tem o céu
garantido e a salvação da alma como uma certeza, já que apenas os escolhidos se
dão conta do "verdadeiro Deus" que, claro, é o deles. As demais pessoas estão
perdidas, equivocadas ou condenadas, dependendo de como elas se posicionam ante
eles, os eleitos, e cabem a estes fazer de tudo para expandir sua verdade e
salvar a humanidade... E quem nos savará da ameaça de cairmos em uma outra Idade
das Trevas sob o controle ideológico-empresarial das "Pequenas Igrejas,
Grandes Negócios" de cunho Pentencostal-Fundamentalista ao estilo
anti-democrático e intervencionista da CIA de Nixon, Reagan e Bush?
Quanto aos perigos
da violência potencial, prestes a explodir, devido à intolerância religiosa,
notadamente de cunho fundamentalista, veja-se este video extraído do Youtube:
Vejamos aqui um
trecho do artigo "Fundamentalismo Mundial", escrito pelo teólogo Leonardo
Boff, e que resume bem o atual perigo da evervescência fundamentalista
protestante criada pelos EUA:
O fundamentalismo do Estado terrorista à
la Bush possui fortes raizes religiosas, ligadas a sua biografia
pregressa. Foi por vinte anos dependente de alcool até que em 1984, a
convite de um amigo, Don Evans, atual secretário do comércio, começou a
frequentar o círculo bíblico dos evangélicos fundamentalistas. Após dois
anos não era mais ébrio de alcool mas ébrio da ideologia salvacionista
destes fundamentalistas que se divulgava fortemente dentro do partido
republicano. Segundo ela, “o destino manifesto”dos EUA hoje é melhorar o
mundo na medida em que o impregnar com os valores da cultura
norte-americana: com liberdade, democracia, e livre mercado. Bush filho
fazia a campanha da reeleição do pai se apresentando como “um homem que
tem Jesus em seu coração”.O brasilianista Ralph della Cava e o teólogo J.
Stam contam que mais tarde, ao postular-se candidato, Bush reuniu os
pastores da zona e lhes comunicou: “fui chamado [por Deus]”. Em seguida
fez-se o ritual “da imposição das mãos”, sagrando-o Presidente preventivo.
Essa pre-história é importante para se
entender a fúria fundamentalista que se apossou de Bush após os atentados
de 11 de setembro de 2001. Optou combater o mal com o mal, ameaçando com
guerra preventiva a todos os países do “eixo do mal”. Deixou claro: “Quem
não está conosco, está contra nós”, é terrorista. Antes do ultimato a
Saddam Hussein, pediu aos assessores que “o deixassem a sós por dez
minutos”. Qual Moisés foi consultar-se com Deus. E numa entrevista ao New
York Times de 26/04/03 declarou:”Tenho uma missão a realizar e com os
joelhos dobrados peço ao bom Senhor que me ajude a cumpri-la com
sabedoria”. Pobre Deus! Como salvaremos a humanidade desses desvairados?
As relações do
calvinismo com o capitalismo foram inicialmente demonstradas por Max Weber já no
início do século XX em seu livro "A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo" e a filósofa Rose Marie Muraro aponta ainda mais esta relação
em seu livro "Textos da Fogueira", onde fica explícito a atuação da ética
protestante dos WASP (White Anglo Saxon Protestant) nas mega-especulações
financeiras de Wall Street e nas decisões do governo norte-americano,
impreterivelmente maléficas para o resto do mundo. O Prof. Délcio Monteiro de
Lima fez uma lúcida e profunda análise da influência dos EUA na implantação e
expensão do pentecostalismo no Brasil em seu livro Os Demônios Descem do
Norte, publicado pela editora Francisco Alves. Os intere$$eS econômicos em
se implantar uma religião alienadora são óbvios. Se lembrarmos que vertentes
calvinistas-fundamentalistas encontradas no Brasil são de origem
norte-americana, dá para se ter uma idéia da mentalidade ideológica de grande
parte da organização do tal Encontro para a Consciência "Cristã".
O Encontro para a
Nova Consciência, porém -e ao contrário do Encontro dos
Pentencostais-fundamentalistas - traz o espaço do encontro com o outro, com o
diferente, com a perspectiva de quem entende o mundo e a Deus de uma outra
maneira. E não só com contato entre diversas tradições, pois traz em sua
história a participação de nomes de vulto da Filosofia e da Ciência, como os do
Psicólogo francês Pierre Weil, do teólogo Leonardo Boff, de Dom Marcelo
Carvalheira, do saudoso Dom Luiz Gonzaga Fernandes, do Pastor Nehemias Marien,
do Pastor Estevam Fernandes, do saudoso comunicólogo Augusto César Vanucci, do
Arcebispo Emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires, do atual Arcebispo Dom
Marcelo Carvalheira, do tribuno espírita Divaldo Pereira Franco, do físico
Patrick Drouot, do engenheiro, transcomunicador e idealizador do Movimento Paz
pela Paz (Movipaz), Clóvis Nunes, da filósofa Rose Marie Muraro, do
Parapsicólogo Henrique Rodrigues, da antropóloga Simone Maldonado, do cineasta
Pedro Camargo,dentre inúmeros outros professores, psicólogos, antropólogos,
médicos, historiadores e representantes de diversas correntes religiosas.
Cabe aqui uma
reflexão do francês de nascimento mas brasileiro de coração e deiretor da Unesco
para Educação para a Paz, Dr. Pierre Weil, assíduo participante do Encontro Para
a Nova Consciência:
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA FONTE DE
VIOLÊNCIA E DE GUERRAS
Uma das fontes mais conhecida através da
história da humanidade, de constante violência e de guerras são os
grupos fanáticos que existem dentro da maioria das religiões.
Estes fanatismos nascem em geral na mente
de pessoas que foram criadas de modo estreito e unilateral dentro de
determinada cultura religiosa; estes grupos de pessoas jamais tiveram
contatos com outras religiões e se limitam a ler textos sagrados da sua
própria religião. Muitos são os mestres religiosos a insistirem sobre a
superioridade da suas religiões sobre as outras, ou mesmo dentro de uma
religião a superioridade da sua corrente teologista, em pleno fim de
século, há atos de violência entre quem precisaria dar o exemplo de
fraternidade, compreensão e entendimento entre os homens; entre cristão,
muçulmanos, hinduístas e budistas e dentro de cada tradição nascem
conflitos e atritos violentos.
O QUE FAZER?
Desde o início deste século, líderes de
boa vontade, provindo de cada tradição religiosa, tem se reunido
periodicamente para fazer um esforço no sentido de compreensão mútua e
de aprendizagem recíproca. Várias associações internacionais e nacionais
tem sido criadas para esta finalidade. Estes encontros tem se revelado
de uma extrema riqueza e sempre geram novos encontros. A própria Igreja
Católica tem realizado muitos esforços no sentido ecumênico (religiões
cristãs) e inter-religioso. O encontro de Assis Goi sem dúvida um
exemplo notável. Os esforços do Dalai-Lama neste sentido, tem lhe valido
o prêmio Nobel da Paz.
Mais recentemente, a UNESCO tem reunido
em Barcelona, representantes de várias tradições espirituais do mundo.
Do encontro nasceu a Declaração de Barcelona.
A filosofia, a
ciência e a religiosidade, na melhor tradição da filosofia e dos exemplos de
Gandhi, de João XXIII, de Carl Gustav Jung, de Mircea Eliade, de Martin Luther
King, de Leonardo Boff e outros recebe a atualização vivencial de pessoas, em
grande parte constituida de jovens, que buscam ter um horizonte maior de
percepção e vivência interpessoal.
Esperemos que
este encontro maravilhoso, verdadeiro oásis de lucidez em meio ao atual
momento de trevas intelectuais, morais e - à exemplo de Bush, da IURD de Edir
Macedo e do PL e da TFP da ala mais direitista/conservadora da Igreja Católica
- religioso, permaneça ainda por muitos e muitos anos, qual semeadura que
amplie consciências e permita o exemplo vivo do convívio das diferenças.
Para entender a
força do pensamento retrógado de de alguns pretensos "evangélicos"
utra-reacionários, veja-se o artigo, do jornal Tribuna da Imprensa, chamado
Evangélicos foram a chave para a Reeleição de George 'War'
Bush"
Algumas Reportagens Sobre o Encontro para a
Nova Consciência
Jornal do Commercio, Recife, 27/01/2002
NOTÍCIAS
Paraíba sedia 11º Encontro para a Nova Consciência
Que resultados
pode produzir um evento que reúne padres, pastores, rabinos, monges budistas,
hare-krishnas, físicos, psicólogos, astrólogos, terapeutas holísticos,
ufólogos, xamãs, rosa-cruz, ateus e agnósticos? Difícil saber sem ir lá
conferir. Isto é, se você não gosta de Carnaval, ou este ano resolveu ficar
longe das troças, blocos e trios.
Como já acontece
há 11 anos, Campina Grande (a 120 quilômetros de João Pessoa, na Paraíba)
sedia mais um Encontro para a Nova Consciência, com a expectativa de reunir
por dia uma média de mil pessoas, de 8 a 12 de fevereiro. Para uma cidade do
interior com 354 mil habitantes, pode-se dizer que o evento só perde em
importância para os festejos juninos.
As grandes marcas
do encontro são o ecumenismo – melhor dizendo, macroecumenismo – e a
importância que se dá às chamadas práticas e estudos alternativos. Para início
de conversa, a programação é vastíssima. Além dos cursos (31 ao todo) e
palestras (até agora 24 nomes confirmados, entre os quais, o tarólogo e
cineasta Pedro Camargo, o reitor da Unipaz, Pierre Weil, o teósofo Carlos
Cardoso Aveline e o físico Harbans Lal Arora), haverá nada mais nada menos do
que 60 eventos paralelos, entre seminários, encontros, oficinas, shows
musicais, exposição de artes e feiras.
Distribuídos em
mais de 10 locais diferentes, esses minieventos é que dividem em subgrupos um
público para lá de heterogêneo. Desse modo, espera-se tentar aprofundar
discussões sobre Ufologia (tanto a vertente mística, quanto a científica),
Teosofia, Santo Daime, Seicho-no-Iê, Sai Baba, Tai Chi Chuan, Fitoterapia,
Reiki e massagens diversas. E ainda inclui encontros fora da seara
espiritualista, como o das profissionais do sexo de Campina Grande, o do
movimento esperantista e ainda um outro sobre a pré-história paraibana. Mais
eclético impossível.
TRADIÇÃO E
CIÊNCIA – Segundo os organizadores, a proposta do evento é estimular a
chamada Nova Consciência, definido como um movimento mundial de cultura
alternativa contemporânea, iniciado nos anos 60, que não faz distinção de
idade, sexo, profissão, raça, credo ou opção de vida. E que, entre outras
coisas, supõe a compreensão de que Tradição não deve excluir Ciência, e
vice-versa, e ainda que tecnologia e preservação ambiental devem andar juntas.
Com o tema Tolerância e Paz, o 11º Encontro para a Nova Consciência busca
aperfeiçoar e socializar essa visão de mundo, não só através do ‘blá-blá-blá’,
mas de vivências práticas e troca de experiências entre diferentes personagens
(muitas vezes, de lados aparentemente opostos). Como bem lembra o texto do
site (www.novaconsciencia.inf.br), “técnicas e práticas capazes de auxiliar a
expansão da consciência de um indivíduo constituem poderosas ferramentas para
sua transformação”.
No Recife está
sendo organizada excursão para quem quiser participar. (81) 3222.2786 /
9108.9955.
Recife -
27.01.2002
Domingo
Nos últimos onze
anos, o Encontro Para Nova Consciência tem se configurado como um espaço
privilegiado para livre discussão, na qual a construção da Cultura da Paz, a
Humanização dos Processos de Desenvolvimento Econômico e a Defesa Ambiental,
são preocupações permanentes.
Nele, as mais
variadas tradições religiosas encontram abrigo para passar suas mensagens,
numa clara demonstração de que a convivência civilizada entre elas é algo
perfeitamente possível. Assim, uma mesma mesa comporta católicos, evangélicos,
espíritas, budistas, cientistas, filósofos, artistas, ateus, judeus e
mulçumanos, dando um exemplo de civilidade e ecumenismo não só para o país,
como para todo o mundo, que a cada dia entra num processo tenso justamente por
ainda não ter aprendido a cultivar as diferenças.
São cinco dias de
congraçamento entre representantes dos vários credos (de 28 de fevereiro a 4
de março), homens de ciências, filósofos e artistas, imbuídos do propósito de
plantar as sementes de uma nova cultura, capaz de humanizar o desenvolvimento
econômico e preservar a natureza.
Costumeiramente
realizado no período de carnaval, o Encontro Para Nova Consciência tem lotado
o Teatro Municipal Severino Cabral, local onde acontecem as grandes
conferências. Nomes de destaque nos cenários nacional e internacional já se
fizeram presentes nesse evento, a exemplo de Leonardo Boff, Marcos Terena,
Paulo Coelho, Pierre WeiL, Rose Marie Muraro, Prof. Hermógenes, Clòvis Nunes,
Divaldo Franco, D. Marcelo Barros, Geraldo Azevedo, Bráulio Tavares, Cabruera,
Nando Cordel, Nelson Jacobina, Augusto Cèsar Vanucci, Jorge Mautner, Rodrigo
Grunewald e centenas de outros.
Distribuídos pela
cidade, em colégios, repartições públicas, etc, realizam-se mais 50 eventos
paralelos nas mais diversas áreas, enquanto que no terreno ao lado do teatro é
instalada toda uma infraestrutura para funcionamento da Feira Esotérica, que
conta com 35 estandes e Palco para shows.
Nesta versão 2003,
a parte cultural e artística receberá maior reforço. Pretende-se, na verdade,
possibilitar a criação de espaços para as mais diferentes artes, especialmente
para as alternativas, verdadeira fonte de renovação cultural e artística nos
seus vários segmentos.
Este ano o
Encontro vai privilegiar a inclusão, por isso seu tema recebe o título "Um
Mundo Para Todos", reforçando seu compromisso em contribuir para Cultura da
Paz, espinha dorsal para conquista da Paz da Mundial.
Sobre outros
poscionamentos evangélicos, agora políticos, vejamos a associação
Bush-fundamentalismo pentecostal-direitismo e busca de lucro este artigo do
jornalista Mauro Braga:
A PRIVATIZAÇÃO DA TORTURA
Laerte Braga
A insânia terrorista chegou a requintes de barbárie aparentemente
impensáveis, mas só aparentemente: a privatização da tortura.
Os meios de comunicação revelam que
agências norte-americanas contrataram empresas privadas para orientar os
procedimentos nas prisões do Iraque. Em pelo menos dois casos, houve a
supervisão de ex- diretores de penitenciárias nos Estados Unidos
envolvidos em tortura e morte de presos. Viraram consultores na matéria.
Um deles, como um preso com sérios problemas mentais se recusasse a
retirar uma fronha da cabeça, colocou-o por 16 horas nu e amarrado a uma
cadeira. O preso morreu. O diretor virou especialista do patriotismo
torturador do seu país. Está no Iraque.
Não são semelhanças com o III Reich. É
o IV Reich sem tirar nem por. Nem é acaso. Num país com obsessão por
informações, agências várias varrendo as vidas das pessoas, lógico, as
fichas dos ditos eram conhecidas. E foi exatamente por elas que foram
recrutados.
A tortura é uma prática deliberada,
pensada, planejada e faz parte da rotina das aventuras imperiais
norte-americanas desde a primeira.
Robert MacNamara, Secretário de Defesa
nos governos de John Kennedy e Lyndon Johnson, em entrevista largamente
divulgada, considerou a guerra do Iraque um erro e não fez previsões
diferentes de vários setores políticos e militares de seu país: “Estamos
indo para um atoleiro semelhante ao Vietnã, embora o Iraque não seja o
Vietnã e os tempos sejam outros”.
Ficam cada vez mais claros os indícios
que Bush começa a viver outro atoleiro: o eleitoral. A possível
desistência de Ralph Nader pode consolidar uma frente nas intenções de
voto do democrata John Kerry que, mesmo com o calor da campanha, não dê
a Bush chances de se recuperar.
Parte da própria tendenciosa imprensa
dos EUA parece ter percebido que apoiar Bush seria como salgar carne
podre.
MacNamara falou também de uma parcela
da opinião pública de seu país, a que sustenta Bush e seus desvarios:
“minoria religiosa”, os WASP: White Anglo Saxon Protestant. A extrema
direita que, até hoje, acredita no criacionismo e cria seitas
penteconstais, sempre um bom negócio. Acreditam na superioridade
norte-americana sobre o resto. Essa gente, curiosamente, tem aversão ao
judaísmo e a judeus, embora precisem destes para consolidar seu poder, é
lato senso anti-semita. A aliança decorre de interesses econômicos, da
capacidade mútua de odiar, do considerar árabes, de um modo geral,
inferiores. Árabes, negros, latinos e amarelos.
O ex-secretário não acha que essa
gente possa definir o futuro do país, mas não consegue negar que passado
e presente, com raros momentos de exceção, têm sido conduzidos por
crentes fanáticos. Bush é um deles.
Detalhes revelados pelos meios de
comunicação no mundo inteiro mostram que a grande preocupação dos
comandantes, políticos e militares, das forças chamadas de ocupação, é
descaracterizar a tortura como prática sistemática e simular punições a
um ou outro militar estão envolvidos.
Há uma exacerbação do noticiário no
sentido de fazer crer que os envolvidos em torturas, além de serem uma
exígua parte das tropas, dos encarregados dos interrogatórios, do
controle das prisões, o fazem por algo como desvio de conduta. Casos
individuais.
Não existe a menor preocupação com os
presos, os torturados. A libertação de vários deles é mera jogada de
efeito, até porque a imensa e esmagadora maioria está presa sem culpa
formada, sem qualquer assistência de defensores, sem respeito às mínimas
regras de direitos humanos. Se assim o fosse, como querem fazer crer os
dirigentes da organização terrorista Casa Branca, a base de Guantánamo,
território cubano ocupado ilegalmente, seria aberto a organizações
especializadas do mundo inteiro e, essencialmente, à imprensa.
O governo de Israel seria condenado e
punido por violar diariamente da forma mais bárbara, estúpida e cruel,
os direitos legítimos dos palestinos. O mesmo tipo de ação contra a
ditadura de Saddam Hussein seria empreendida contra um criminoso como
Sharon.
Mataram, continuam a matar,
impunemente, homens, mulheres, crianças e velhos. Demolem casas
(americanos e israelenses), prendem ilegalmente, estupram, saqueiam,
torturam, tudo diante de uma opinião pública estupefata, cada vez mais
indignada, mas submetidas a governos subalternos, presos a interesses do
mercado, controlados e dirigidos a partir de Washington.
E fazem isso no Iraque. No
Afeganistão. Na Colômbia. No Paquistão. Querem fazer na Venezuela e em
Cuba. Fazem no mundo inteiro não apenas porque Bush tem sua mão guiada
por Deus. Esse é o pretexto, o lado cínico/insano. O motivo real é o
mercado. Por isso as prisões foram entregues à iniciativa privada. O
negócio é lucro. Lucro advindo de tortura. De estupros. De genocídios.
Do fanatismo religioso (ver a excelente reportagem do jornalista Newton
Carlos,
Fundamentalismo Religioso por Dentro da Casa Branca). Iniciativa
privada é isso. Quando não são bancos, ou laboratórios (agora no Brasil
isso aparece com toda a força), são os grandes negócios dependentes do
petróleo, os tais agro-negócios, o mundo capitalista dos WASPS - White
Angle-Saxon Protestants.
É exatamente o que vemos: a minoria
que MacNamara fala não é só religiosa (puro pretexto, típico da moral
hipócrita - Calvino inventou o lucro sem pecado). São os condomínios
fechados. Imagem que serve para definir esse mundo. E esperando o
Messias. Que não vem nunca, lógico, o dia que vier desmonta o esquema.
Até porque é pouco provável que o dito chegue numa Pick-uP importada,
num Rolls Royce ou numa Lincoln conversível. É a única forma de chegar
até essa gente evangélica inspiradores do Edir Macedo e do PL. E tem que
ter Mastercard ou Visa, que aliás, é do Berlusconi.
João Pessoa, Paraíba, 17/11/2003
Ampliado em
24/06/2009
Revisto e Ampliado em 22/01/2010
|
|