O Espectro da Consciência

 

Por: Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Um dos sistemas didáticos, em psicologia, que procura integrar os diferentes insights das várias escolas psicoterapêuticas do ocidente entre si, e estas com as várias abordagens orientais, é a Psicologia do Espectro, proposta por Ken Wilber, como um modelo da compreensão transpessoal das diferenças entre psicoterapias. Nele, cada uma das diferentes escolas é vista como uma faixa que se dedica a um aspecto específico do total a que se pode apresentar a consciência humana. Cada uma dessas escolas aponta para um estado de consciência que se caracteriza por possuir um diferente senso de identidade, indo da pequena identidade restrita ao ego até à suprema identidade com todo o universo, que é o nível extremo da consciência transpessoal. Este espectro pode ser entendido a partir de qutro níveis: o do ego, o biossocial, o existencial e o transpessal.

No nível do ego, a pessoa não se indentifica, a rigor, com o seu organismo, mas com uma representação mental, ou com um conceito do mesmo, como uma auto-imagem construida, ou egóica. É, pois, um problema de identificação com um modelo que a pessoa aceita, num investimento, como sendo seu "eu". Existe - para ela - um "eu" que é diferente e independente de tudo e de todos. A pessoa não se interessa muito em cultivar relações interpessoas sem que haja uma vantagem específica para o ego, e muito menos se preocupa com aspectos ecológicos ou sociais.
O nível biossocial já envolve a consciência e a preocupação com o nível e com os aspectos do ambiente social da pessoa. A influência preponderante é a de padrões culturais e sociais. A pessoa sente como fazendo parte - e tendo alguma responsabilidade - pelo seu meio-ambiente social e natural.

O Nível existencial é o nível do organismo total, caracterizado por um senso de identidade corpo/mente auto-organizador. É o nível dos ideais humanistas e do pensamento mais sofisiticado, em termos de filosofia de vida. Emoção e rezão estão mais ou menos associadas para o crescimento e o desenvolvimento das potencialidades do homem, desde que os meios sejam razoavelmente propícios. Quando não, ainda assim a pessoa luta para se auto-atualizar e a ajudar seus semelhates. Alto grau de desenvolvimento moral é frequentemente associado a este estágio.

O nível transpessoal é o nível da expansão da consciência para além das fronteiras do ego, correspondendo a um senso de indentidade mais amplo. Elas podem encolver percepções do meio ambiente, onde tudo está, de uma forma sutil mas muito presente, ligado - de forma NÃO LINEAR - a tudo. É o nível do inconsciente coletivo e dos fenômenos que lhe estão associados, tal como descritos por Jung e seguidores. É também neste nível de percepção que podem - mas não necessariamente ocorrem ou são regra geral próprias de uma percepção transpessoal - surgir, como eventos secundários, certos fenômenos parpsicológicos, como telepatia, precognição ou - o que não tipifica um fenômeno parapsicológico, mas sim psicológico - lembranças de vidas passadas. É uma forma extremamente sofisticada e não oprdinária de consciência em que a pessoa não aceita mais a crença uma separação rígida entre ela e todo o universo, a não ser como uma forma de atuar praticamente sobre o meio em que vive com outras pessoas. Essa forma de consciência transcende,e muito, o raciocíonio lógico concvencional, e aproxima-se das assim chamadas experiências místicas. E é este estado que é objeto mais íntimo de estudo da Psicologia Transpessoal.

Enfim, para terminar, é preciso definir o relacionamento entre a prática da psicologia transpessoal e os enfoques tradicionais de psicoterapia. O que caraceteriza um terapeuta transpessoal não é o seu conteúdo, mas o contexto.  O conteúdo é determinado pela relação terapêutica em si, entre cliente e terapeuta, como bem o estabeleceu Carl Rogers. Um terapêuta transpessoal lida com os problemas que emergem durante o processo terapêutico, incluindo acontecimentos mundanos, fatos biográficos e problemas existenciais. O que realmente define a orientação transpessoal é um modelo da psique humana que reconhece a importância das dimensões espirituais e o potencial para a evolução da consciência. O terapeuta transpessoal deve ser consciente do espectro total e deve sempre acompanhar o cliente a novos campos experienciais, quando há oportunidade, não importando qual o nível que o processo terapêutico esteja focalizando.

Bibliografia Sugerida

  • Capra, Fritjof. - O Ponto de Mutação, Editora Cultrix, São Paulo, 1986.
  • Grof, Stanislav. - Além do Cérebro, Editora McGraw-Hill, São Paulo, 1988.
  • Fadiman, J. & Frager, R.- Teorias da Personalidade, Editora Harbra, São Paulo, 1986.
  • Maslow, Abraham. - El hombre Autorealizado, Editora Kairós, Barcelona, 1990.
  • Rogers, Carl R. - Um Jeito de Ser, Editora EPU, São Paulo, 1983.
  • Rogers, Carl R e outros.- Em Busca de Vida: Da Terapia Centrada no Cliente à Abordagem Centrada na Pessoa. Summus Editorial, São Paulo, 1983.
  • Walsh, R. & Vaughan, F.- Além do Ego: Dimensões Transpessoais em Psicologia, Editora Cultrix, São Paulo, 1991.