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Por:
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Seleção, resumo e
adaptação do Livro "O Poder do Mito" de Joseph Campbell, feito por Carlos
Guimarães - Por que mitos? Por que nos
importarmos com eles? O que eles têm a ver com nossas vidas?
Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não
estamos familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados nas
notícias do dia e nos problemas práticos do momento. Antigamente, o campus de
uma universidade era uma espécie de área hermeticamente fechada, onde as
notícias do dia não se chocavam com a atenção que você era estimulado a ter em
se dedicar à vida interior, no aprender, e onde não se misturava com a magnífica
herança humana que recebemos de Platão, o Buda, Goethe e outros, que falam de
valores eternos e que dão o real sentido à vida.
As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de
toda gente. Tendo sido surprimidas, em prol de uma educação concorde com uma
sociedade industrial, onde o máximo que se exige é a disciplina para um mercado
de trabalho mecanicista, toda uma tradição de informação mitológica do ocidente
se perdeu. Muitas histórias se conservavam na mente das pessoas, dando uma certa
perspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas. Com a perda disso, por causa
dos valores pragmáticos de nossa sociedade industrial, perdemos efetivamente
algo, porque não posuímos nada para por no lugar. Essas informações,
proveninetes de tempos antigos, têm a ver com os temas que sempre deram
sustentação à vida humana, construíram civilizações e formaram religiões através
dos séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos
mistérios, com os profundos limiares de nossa travessia pela vida, e se você não
souber o que dizem os sinais deixados por outros ao longo do caminho, terá de
produzi-los por conta própria.
Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em contato com o mundo,
para nos adaptarmos à realidade?
Sim. Por exemplo, grandes romances podem ser excepcionalmente instrutivos,
porque a única maneira de você descrever verdadeiramente o ser humano é através
de suas imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante. As imperfeições
da vida, por serem nossas, é que são apreciáveis. E, quando lança o dardo de sua
palavra verdadeira, o escritor fere. Mas o faz com amor. É o que Thomas Mann
chamava "ironia erótica", o amor por aquilo que você está matando com a sua
palavra cruel. Aquilo que é humano é que é adorável. É por essa razão que
algumas pessoas têm dificuldade de amar a Deus; nele não há imperfeição alguma.
Você pode sentir reverência, respeito e temor, mas isso não é amor. É o Cristo
na cruz, pedindo ao Pai que afaste seu cálice de sofrimento, e que chora por
Lázaro morto, que desperta nosso amor.
Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são histórias
de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos.
Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que
somos capazes de conhecer e experimentar interiormente. O mito é o relato da
experiência de vida.
A mente racional, analítica, o lado esquerdo do cérebro se ocupa do sentido, da
razão das coisas. Qual é o sentido de uma flor? Dizem que um dia perguntaram
isso ao Buda, e ele simplesmente colheu uma flor e a deu ao seu interlocutor.
Apenas um homem compreendera o que Buda queria demonstrar. Racionalmente, não
fazia sentido esse gesto. Ora, mas podemos fazer a mesma pergunta para algo
maior: qual é o sentido do universo? Ou qual o sentido de uma pulga? A única
resposta realmente válida está exatamente alí, no existir. Qualquer formulação
racional nos dá uma idéia linear da coisa, mas mata a beleza da coisa em si.
Estamos tão empenhados em realizar determinados feitos, com o propósito de
atingir objetivos de um outro valor, linear e longe da vibração da vida, que nos
esquecemos de que o valor genuíno, o prodígio de estar vivo, é o que de fato
conta. É por isso que as grandes questões filosóficas, embora sejam de
fundamental importância para todos, acabam sendo a preocupação de apenas uma
ínfima minoria da população. Eles esqueceram de que o valor genuíno, o prodígio
de estar vivo, é o que de fato conta, e preferem se acomodar aos papeis de uma
vida burguesa e adaptada ao sistema capitalista, deixando que outros, atualmente
os políticos e os cientístas, tomem as decisões mais complexas por eles. Mas
todos já foram crianças curiosas, não foram? A curiosidade infantil é a mesma
curiosidade do filósofo. Cristo está certo quando fala que só "quem se faz como
um destes pequeninos, entrará no Reino dos céus". Bom, e como podemos resgatar
um pouco de nosso grande potencial humano? Lendo mitos. Eles ensinam que você
pode se voltar para dentro. Busque-os e você começa a entender as suas
mensagens. Leia mitos de outros povos, pois lendo mitos alheios você começara a
perceber que alguns enredos são universais. Por exemplo, a lenda do Graal. A
busca dos caveliros do Rei Arthur pelo Graal representa o caminho espiritual que
devemos fazer e que se estende entre pares de opostos, entre o perigo e a
bem-aventurança, entre o bem e o mal, pois não há nada de importante na vida que
não exija sacrifícios e algum perigo.
O tema da história do Graal diz que a terra está devastada, e só quando o Graal
for reencontrado poderá haver a cura da terra. E o que caracteriza a terra
devastada? É a terra em que todos vivem uma vida inautêntica, fazendo o que os
outros fazem, fazendo o que são mandados fazer, desprovidos de coragem para uma
vida própria. Esquecem-se que são seres únicos, cada indivídiuo sendo uma pessoa
diferente das demais. A beleza de uma terra rica está exatamente na convivência
dos diferentes, não na mistura deles. Se temos um lugar ou uma era em que todos
se alienam e fazem a mesma coisa, temos a terra devastada: "Em toda a minha vida
nunca fiz o que queria, sempre fiz o que me mandaram fazer".
O Graal se torna aquilo que é logrado e conscientizado por pessoas que viveram
suas próprias vidas. O Graal representa (simboliza) o receptáculo das
realizações das mais altas potencialidades da consciência humana.
O rei que incialmente cuidava do Graal, por exemplo, era um jovem adorável, mas
que, por ainda ser muito jovem e cheio de anseios de vida, acabou por tomar
atitudes que não se coadunavam com a posição de rei do Graal. Ele partiu do
castelo com o grito de guerra "Amor!", o que é próprio da juventude, mas que não
se coaduna com a condição de ser rei do Graal. Ele parte do castelo e, quando
cavalgava, um muçulmano, um não cristão, surgiu da floresta (a floresta
representando o nível desconhecido do nosso psiquismo). Ambos erguem as lanças e
se atiram um contra o outro. A lança do rei Graal mata o pagão, mas a lança do
pagão castra o rei Graal.
O que isto quer dizer é que a separação que os padres da igreja fizeram entre
matéria e espírito (já que Jesus sempre se referia ao Reino como um campo em que
um semeador saiu a semear, ou uma rede atirada ao mar, ou a uma festa de
núpcias, ou sobre as aves do céu e os lírios do campo, está claro que esta
divisão pré-cartesiana foi fruto da mentalidade patriarcal dos pais da igreja,
não do Cristo), entre dinamismo da vida e o reino do espírito, entre a graça
natural e a graça sobrenatural, na verdade castrou a natureza. E a mente
européia, a vida européia, tem sido emasculada por essa separação. A verdadeira
espiritualidade, que resultaria da união entre matéria e espírito, tal como era
praticada pelos Druidas, foi morta. O que representava, então, o pagão? Era
alguém dos subúrbios do Éden. Era um homem que veio da floresta, ou seja, da
natureza mais densa, e na ponta de sua lança estava escrita a palavra "Graal".
Isso quer dizer que a natureza aspira ao Graal. A vida espiritual é o buquê, o
perfume, o florescimento e a plenitude da vida humana, e não uma virtude
sobrenatural imposta a ela. Desse modo, os impulsos da natureza são sagrados e
dão autenticidade à vida. Esse é o sentido do Graal: Natureza e espírito anseiam
por se encontrar uma ou outro, numa atitude holística. E o Graal, procurado
nestas lendas românticas, é a reunião do que tinha sido divido, o seu encontro
simboliza a paz que advém da união.
O Graal que é encontrado se tornou o símbolo de uma vida autêntica, vivida de
acordo com sua própria volição, de acordo com o seu próprio sistema de impulsos,
vida que se move entre os pares de opostos, o bem e o mal, a luz e as trevas.
Uma das versões da lenda do Graal começa citando um breve poema: "Todo ato traz
bons e maus resultados". Todo ato na vida desencadeia pares de opostos em seus
resultados. O melhor que temos há fazer é pender em direção da luz, na direção
da harmonia entre estes pares, e que resulta da compaixão pelo sofrimento, que
resulta de compreender o outro. É disso que trata o Graal. É isso o que Buda
quis dizer por tomar o caminho do meio. É isso o que significa estar cruxificado
entre o bom e o mal ladrão e ainda orar ao Pai...
Histórias ou contos de fadas são histórias com motivos mitológicos desenhadas
especialmente para as crianças. Elas frequentemente falam de uma menininha no
limiar da passagem da infância para a descoberta da sexualidade. É por isso que
chapeuzinho vermelho veste uma capa vermelha. Algo nela exige, sem que ela
queira, que ela faça o percurso pelo meio da floresta (nosso lar de origem, onde
se esconde nossos instintos), até chegar à casa da vovó (a cultura tradicional
que devemos respeitar). Chapeuzinho está em fase de transição. A capa vermelha
lembra o sangue da menstruação. A jovem é algo muito atraente para o Lobo. Ainda
hoje dizemos que um homem apaixonado e desejoso por uma mulher é um lobo. E ela
não pode evitar de conversar com o Lobo no meio da caminho. O Lobo a atrai
também. Na história original, chapeuzinho se transforma numa loba, ela sabe que
a velha cultura repressora deve ser morta para que ela possa sentir o que
deseja. Ela entende o sofrimento do lobo.
Uma outra históra semelhante é a da Bela Adormecida. Ao completar dezesseis
anos, a princesa parece hesitar diante da crise da passagem da infância à idade
adulta e se sente atraída a furar o dedo na roca que a fará adormecer. Enquanto
dorme, o príncipe ultrapassa todas as barreiras que ela, sem querer, levantou
contra a sua maturação e vem oferecer a ela uma boa razão para aceitar crescer.
O beijo mostra que crescer, ao final de contas, tem seu lado agradável. Todas
aquelas histórias coletadas pelos irmãoes Grimm representam a menininha
paralisada. Todas aquelas matanças de dragões e travessias de limiares têm a ver
com a ultrapassagem da paralização, com a superação dos demônios internos.
Os rituais das "primitivas" cerimônias de iniciação têm sempre uma base
mitológica e se relacionam ou à eliminação do ego infantil quando vem à tona o
adulto, ou visa à por a prova o iniciado aos próprios medos e demônios internos.
No primeiro caso, a coisa é mais dura para o menino, já que para a menina a
passagem se dá naturalmente. Ela se torna mulher quer queira ou não, mas o
menino, primeiro, tem de se separar da própria mãe, encontrar energia em si
mesmo, e depois seguir em frente. É disso que trata o mito do "Jovem, vá em
busca de seu pai". Na Odisséia, Telêmaco vive com a mãe. Quando completa vinte
anos, Atena vem a ele e diz: "Vá em busca de seu pai". Este é o tema em todas as
histórias. Às vezes é um pai místico, mas às vezes, como na Odisséia, é o pai
físico.
O tema fundamental nos mitos é e sempre será a da busca espiritual. Vemos que
nas vidas dos grandes Mestres espirituais da Humanidade sempre nascem lendas e
mitos ligados a eles, figuras históricas reais. A história real de Jesus, por
exemplo, parece representar uma proeza heróica universal. Primeiro, ele atinge o
limite da consciência do seu tempo, quando vai à João Batista para ser batizado.
Depois, ultrapassa o limiar e se isola no deserto, por quarenta dias. Na
tradição judáica, o número 40 é mitologicamente significativo. Os filhos de
Israel passaram quarenta anos no cativeiro, Jesus passou quarenta dias no
deserto. No deserto, Jesus sofreu três tentações. Primeiro, a tentação
econômica, quando o Diabo diz: "Você parece faminto, meu jovem! Por que não
transformar estas pedras em pão?" Depois vem a tentação política. Jesus é levado
ao topo da montanha, de onde avista as nações do mundo, e o Diabo diz: "Tudo
isto te darei, se me adorares", que vem a ser uma lição, ainda não compreendida
hoje, sobre o quanto custa ser um político bem-sucedido. Jesus recusa.
Finalmente o Diabo diz: "Pois bem, já que você é tão espiritual, vamos ao topo
do templo de Herodes e atira-te lá embaixo. Deus o acudirá e você não ficará
sequer machucado". Isto é conhecido como enfatuação espiritual. Eu sou tão
espiritual que estou acima das preocupações da carne e acima deste mundo. Mas
Jesus é encarnado, não é? Então ele diz: "Você não tentará o senhor, teu Deus".
Essas são as três tentações de Cristo, tão relevantes hoje quanto no ano 30 de
nossa era.
O Buda, também, se dirige à floresta e lá entretem conversações com os gurus da
época. Então ultrapassa-os e, após um período de provações e de busca, chega à
árvore boddhi, a árvore da iluminação, onde igualmente enfrenta três tentações
(isso quinhentos anos antes de Cristo). A primeira tentação é a da luxúria, a
segunda, a do medo e a terceira, a da submissão à opinião alheia.
Na primeira tentação, o Senhor da Luxúria exibe suas três belíssimas filhas
diante de Sidarta. Seus nomes são Desejo, Satisfação e Arrependimento - passado,
presente e futuro. Mas o Buda, que já se havia libertado do apego a toda a
sensualidade, não se comoveu.
Então o Senhor da Luxúria se transformou no senhor da Morte e lançou contra
Sidarta, o Buda, todas as armas de um exército de monstros. Se Sidarta se
apavorar, todas as armas se materializariam. Mas o Buda tinha encontrado em si
mesmo aquele ponto imóvel, interior, o self, como diria Jung, que pertence à
eternidade, intocado pelo tempo. Uma vez mais não se comoveu e as armas atiradas
se transformaram em flores de reverência.
Finalmente, o Senhor da Luxúria e da Morte se transformou no temível Senhor dos
Deveres Sociais, e perguntou: "Meu jovem, você não leu os jornais da manhã de
hoje? Não sabe o que há para ser feito?" A resposta do Buda foi simplesmente
tocar o chão com as pontas dos dedos da sua mão direita. Então a voz da
deusa-mãe/deus-pai do universo se fez ouvir no horizonte, dizendo: "Este aqui é
meu filho amado, e já se doou de tal forma ao mundo que não há mais ninguém aqui
a quem dar ordens. Desista dessa insensatez." Enquanto isso, o elefante, no qual
estava o Senhor dos Deveres Sociais, curva-se em reverência ao Buda e toda a
côrte do Antagonista se dissolveu, como num sonho. Naquela noite, o Buda atigiu
a iluminação e permaneceu no mundo, pelos cinqüenta anos seguintes, ensinando o
caminho da extinção dos grilhões do egoísmo.
Pois bem, as duas primeiras tentações - a do desejo e a do medo - são as mesmas
que Adão e Eva parecem ter experimentado, de acordo com o extraordinário quadro
de Ticiano, concebido quando o pintor estava com noventa e quatro anos de idade.
A árvore é o mitológico aix mundi, aquele ponto em que tempo e eternidade,
movimento e repouso, são um só, e ao redor do qual revolvem todas as coisas. Ela
aparece alí, representada apenas em seu aspecto temporal, como a árvore do
conhecimento do bem e do mal, ganho e perda, desejo e medo. À direita está Eva,
que vê o Tentador sob a forma de uma criança, oferecendo-lhe a maçã, e ela é
movida pelo desejo. Adão, do lado oposto, vê os pés monstruosos do tentador
ambicioso, e é movido pelo medo. Desejo e medo: eis as duas emoções pelas quais
é governada toda a vida na terrra. O desejo é a isca, a morte é o arpão.
Adão e Eva se deixaram tocar; o Buda, não. Adão e Eva deram origem à vida e
foram estigmatizados por Deus; o Buda ensionou a libertar-se do medo de viver.
No filme de Geoge Lucas, Guerra nas Estrelas o vilão Darth Vader representa uma
figura arquetípica. Ele é um monstro porque não desenvolveu a própria
humanidade. Quando ele retira a sua máscara, o que vemos é um rosto informe, de
alguém que não se desenvolveu como indivíduo humano. Ele é um robô. É um
burocrata, vive não nos seus próprios termos, mas nos termos de um sistema
imposto. Este é o pergio que hoje enfrentamos, como ameaça às nossas vidas. O
sistema vai conseguir achatá-lo e negar a sua própria humanidade, ou você
conseguirá utilizar-se dele para atingir seus propósitos humanos? Como se
relacionar com o sistema de modo a não o ficar servindo compulsivamente? O que é
preciso é aprender a viver no tempo que nos coube viver, como verdadeiros seres
humanos. E isso pode ser feito mantendo-se fiel aos próprios ideais, como Luke
Skywalker no filme, rejeitando as exigências impessoais com que o sistema
pressiona. Ainda que você seja bem sucedido na vida, pense um pouco: Que espécie
de vida é essa? Que tipo de sucesso é esse que o obrigou a nunca mais fazer nada
do que quis, em toda a sua vida? Vá aonde seu corpo e a sua alma desejam ir. Não
deixem que escolham por você. Quando você sentir que encontrou um caminho, que é
por alí, então mantenha-se firme no caminho que você escolheu, e não deixe
ninguém desvia-lo dele.
Você poderá dizer: "isso é ótimo para a imaginação de um George Lucas ou para as
teorias de um Joseph Campbell, mas não é o que acontece em minha vida".
Errdo! Você pode apostar que acontece, sim - e se a pessoa não for capaz de
reconhece-lo, isso poderá transforma-lo num Darth Vader. Se o indivíduo insiste
num determinado programa e não dá ouvidos ao próprio coração, corre o risco de
um colapso esquizofrênico. Tal pessoa colocou-se a si mesma fora do centro,
alistou-se num programa de vida que não é, em absoluto, aquilo em que o corpo
está interessado. O mundo está cheio de pessoas que deixaram de ouvir a si
mesmos, ou ouviram apenas os outros, sobre o que deviam fazer, como deviam se
comportar e quais os valores segundo os quais deveriam viver. Mas qualquer um
tem potencialidade para correr e salvar uma criança. Está no interior de cada um
a capacidade de reconhecer os valores da vida, para além da preservação do corpo
e das ocupações do dia-a-dia.
Os mitos estimulam a tomada de consciência da sua perfeição possível, a
plenitude da sua força, a introdução da luz solar no mundo. Destruir monstros é
destruir coisas sombrias. Os mitos o apanham, lá no fundo de você mesmo. Quando
menino, você os encara de um modo. Mais tarde, os mitos lhe dizem mais e mais e
muito mais. Quem quer que tenha trabalhado seriamente com idéias religiosas ou
míticas sabe que, quando crianças, nós as aprendemos num certo nível, mas depois
outros níves se revelam. Os mitos estão muito perto do inconsciente coletivo, e
por isso são infinitos na sua revelação.
Bibliografia Sugerida
Recomendo
enfáticamente a leitura do livro:
O Poder
do Mito, de Joseph Campbell, Editora Palas Athena, São
Paulo, 1990.
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