No
início do Terceiro Milênio os cientistas sociais se debruçam sobre os magnos
dilemas da sociedade no mundo da globalização, tentando um juízo dos fatos e
das situações dentro de uma perspectiva otimista, longe de uma visão
catastrófica, mas profundamente realista.
Perante novas questões que surgem nas ondas do progresso tecnológico cada
vez mais vertiginoso a grande meta será atingir uma cultura na qual impere a
liberdade, mas com total responsabilidade.
O
referencial para nortear as novas conquistas científicas deve ser a causa da
dignidade da pessoa humana.
Daí a
necessidade imperiosa da denúncia de decisões que agridam o ser racional, da
defesa intransigente de valores sem os quais a degradação seria fatal,
mortífera. Foi por isto que soaram vibrantes as palavras de João Paulo II
aos participantes da Assembléia Geral da Pontifícia Academia para a Vida, no
início deste ano: “ A melhor maneira de superar e vencer a perigosa cultura
da morte consiste em dar fundamentos sólidos e conteúdos luminosos a uma
cultura da vida que se contraponha, com vigor, a essa cultura da morte. Não
é suficiente, mesmo se necessário e um dever, limitar-se a expor e denunciar
os efeitos mortíferos da cultura da morte. É preciso, sobretudo, regenerar
continuamente o tecido interior da cultura contemporânea, entendida como
mentalidade vivida, com conjunto de convicções e comportamentos, como
estruturas sociais que a sustentam”.
É
preciso, urgentemente, de fato, desconfiar de critérios imediatistas e
pragmáticos que estejam a serviço do domínio econômico que posterga
princípios éticos fundamentais na ânsia de se obter o lucro a qualquer
preço. Rupturas fraturantes que colocam em cheque a lei natural devem ser
evitadas a todo custo sob pena de se jogar no abismo aquele que foi criado à
imagem e semelhança de Deus.
Uma
liberdade sem limites leva a todo tipo de corrupção, a qual obscurece,
inclusive, o valor da liberdade econômica. Por outro lado, se nota o
fenômeno degradante da marginalização social, agravada com as mais cruéis
manifestações de violência, parturejando insegurança e quebrando a harmonia
das comunidades.
Adite-se que há falta de confiança no atual sistema judicial, base
indispensável de um Estado de Direito, que propicie aquela tranqüilidade da
ordem que constitui a paz social. Nem se poderia deixar de enumerar como um
dos fatores mais preocupantes deste início de milênio a toxicodependência e
a deliqüência juvenil que são, exatamente, um dos frutos horrípilos da
cultura da morte.
O grande antídoto
Neste
caso, o grande antídoto será uma corajosa e inovadora visão da política de
educação, haurida inicialmente numa família bem estruturada e indene do
hedonismo deletério. A mediatização da vida, resultante da mundialização
mostra um mundo com novos poderes e hoje já se identifica com mais clareza
que a globalização é um neocolonialismo, fragilizando ainda mais o
equilíbrio entre os povos.
Neste
diagnóstico nem se poderia deixar de formular o sério problema do
crescimento da ilegalidade e da anomia, instalando-se o reinado da
esperteza, da astúcia, da habilidade em enganar, da lábia,da solércia, da
manha, da artimanha, do ardil, o que patenteia os efeitos maléficos e uma
ética individualista, maquiavélica, com a qual prevalecem o interesse
pessoal e a vantagem a qualquer preço.
Todos
têm obrigação de contribuir para a equação de tantas questões, pois se deve
desejar sempre uma sociedade organizada. Urge repensar todos os temas acima
relacionados, implementando com vigor as linhas de força culturais que
alicerçam uma marcha para frente, sem retrocessos desumanos, caminhada
assinalada pela abertura à universalidade, à convivência na diversidade, à
afirmação, sem temores vãos, de um humanismo cristão, única tábua de
salvação para a humanidade.