Patrística e Escolástica

Por Andressa S. Silva

1 PATRÍSTICA

Durou do século I ao século VIII, aproximadamente (Cabral, 2006). Surge como resultado das ações dos apóstolos Paulo e João, e pelos primeiros padres da Igreja Católica Apostólica Romana, no sentido de associar e conciliar a teoria cristã com o pensamento filosófico dos gregos e romanos. Por meio desta conciliação, poder-se-ia convencer os pagãos e convertê-los às verdades da nova religião, o cristianismo (Chaui, 2002). Assim, a filosofia patrística tem uma tarefa evangelizadora; seu principal tema diz respeito à conciliação entre Fé e Razão, e o seu grande representante é Santo Agostinho.

SÃO JUSTINO (aproximadamente 165 dC), partiu do conceito de LOGOS para tentar uma ponte entre a filosofia pagã e o cristianismo. Logos é um termo grego, que significa razão, pensamento, inteligência, palavra. Logos é, então, a sabedoria divina que se revelou plenamente em Cristo. Já existia uma semente deste Logos antes de Cristo, pois os profetas e filósofos foram influenciados por ele, mas só se mostrou de forma parcial, pois sua completude se dá apenas após o advento do Cristo. Para Justino, o cristianismo é a continuação e complemento natural da filosofia grega (Rezende, 2005).

TERTULIANO (n. 155 dC), diferente de São Justino, acreditava que existia uma oposição radical entre a razão dos filósofos e a fé dos cristãos. Para ele, os pensadores antigos apenas adulteraram a verdade, e criaram todas as heresias.

SANTO AGOSTINHO (354-430 dC), filho de pai pagão e mãe cristã, nascido na Argélia; no início de sua vida aproximou-se da religião do pai, com forte tendência maniqueísta, e ao final de sua vida, aproximou-se da religião da mãe, chegando a ser o bispo da cidade de Hippo.Seu pensamento é baseado nos princípios filosóficos de Platão, daí a perspectiva humanista de seus escritos filosóficos. Segundo ele, Deus nos dá o livre-arbítrio, necessário para tomar decisões morais (Bergman, 2004). As decisões imorais consistem em não permitir que a graça de Deus guie nosso comportamento. Não há mal absoluto, pois tudo no mundo é criado por Deus que é bom; o que existe são ações desprovidas de Bem. Preferia a teoria platonista, buscando conciliá-la com os dogmas cristãos, onde o mundo das Ideias é substituído pela Cidade de Deus. Formulou o problema das relações entre razão e fé, estudados no período da escolástica.

2 ESCOLÁSTICA

O nome ?Escolástica? deve-se ao conceito de "Schollas". Era o saber ensinado nas escolas, construídas a partir do movimento cultural de Carlos Magno. Estas escolas filosóficas seguiam dentro do controle da Igreja; assim a Igreja poderia ter o monopólio religioso e ideológico do povo (Nunes, 1986). Durou aproximadamente do século VIII ao XIV, englobou problemas da patrística e outros que são peculiares, como a prova da existência de Deus e da alma por meio da razão.

SANTO ANSELMO (1033-1109 dC), arcebispo da Cantuária, defendeu a supremacia da fé sobre a razão. Tinha o projeto de compreeder com a razão as verdades da Revelação ("Fides quaerens intellectum"). Buscou provar a existência de Deus pelo Argumento Ontológico; mas recebeu críticas desde a sua elaboração. Para ele, é necessário primeiro crer, para depois entender (Cabral, 2006).

PEDRO ABELARDO (1079-1142 dC), embora mantendo o primado da Fé e da Revelação, mantém o campo livre para a pesquisa racional e a especulação.

JOHN DUNS SCOT (1270-1308 dC), reagiu às teoria de Santo Tomás, buscou resgatar a teologia de qualquer intervenção do racionalismo.

GUILHERME DE OCKHAM (1229-1350 dC) complementou a decadência da filosofia medieval cristão, pois escreveu a tese da separação não só da fé e Razão, mas também do poder do papa e do imperador, ou seja, entre Igreja e Estado. Assim, deixou o norte que será seguido pela filosofia moderna, que é a busca da autonomia da razão e pesquisa científica, desvinculando-se da religião (Rezende, 2005).

TOMÁS DE AQUINO (1225-1274) foi o grande nome da filosofia escolástica. Buscou sintetizar Aristóteles e o cristianismo. Para ele, há dois tipos de conhecimento, sendo que um aprendemos pela fé, e o outro pela razão. Apesar de distinguir razão e fé, as utiliza em parceria, buscando uma prova para a existência de Deus. De Aristóteles, aproveitou a idéia da necessidade de um primeiro motor imóvel. O fato de os homens terem ideais morais, para ele, significava que deveria haver um ideal moral no universo. A sua teoria filosófica (tomiana) é a oficial da Igreja Católica desde aquele tempo. Conciliou razão e fé, mas deixou claro que, dentre as duas, a mais importante é a fé (Bergman, 2004).