Encontro Para a Nova Consciência - Parte 4

Por Carlos Antonio Fragoso Guimarães

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA FONTE DE VIOLÊNCIA E DE GUERRAS

Uma das fontes mais conhecida através da história da humanidade, de constante violência e de guerras são os grupos fanáticos que existem dentro da maioria das religiões.

Estes fanatismos nascem em geral na mente de pessoas que foram criadas de modo estreito e unilateral dentro de determinada cultura religiosa; estes grupos de pessoas jamais tiveram contatos com outras religiões e se limitam a ler textos sagrados da sua própria religião. Muitos são os mestres religiosos a insistirem sobre a superioridade da suas religiões sobre as outras, ou mesmo dentro de uma religião a superioridade da sua corrente teologista, em pleno fim de século, há atos de violência entre quem precisaria dar o exemplo de fraternidade, compreensão e entendimento entre os homens; entre cristão, muçulmanos, hinduístas e budistas e dentro de cada tradição nascem conflitos e atritos violentos.

O QUE FAZER?

Desde o início deste século, líderes de boa vontade, provindo de cada tradição religiosa, tem se reunido periodicamente para fazer um esforço no sentido de compreensão mútua e de aprendizagem recíproca. Várias associações internacionais e nacionais tem sido criadas para esta finalidade. Estes encontros tem se revelado de uma extrema riqueza e sempre geram novos encontros. A própria Igreja Católica tem realizado muitos esforços no sentido ecumênico (religiões cristãs) e inter-religioso. O encontro de Assis Goi sem dúvida um exemplo notável. Os esforços do Dalai-Lama neste sentido, tem lhe valido o prêmio Nobel da Paz.

Mais recentemente, a UNESCO tem reunido em Barcelona, representantes de várias tradições espirituais do mundo. Do encontro nasceu a Declaração de Barcelona.

    A filosofia, a ciência e a religiosidade, na melhor tradição da filosofia e dos exemplos de Gandhi, de João XXIII, de Carl Gustav Jung, de Mircea Eliade, de Martin Luther King, de Leonardo Boff e outros recebe a atualização vivencial de pessoas, em grande parte constituida de jovens, que buscam ter um horizonte maior de percepção e vivência interpessoal.

    Esperemos que este encontro maravilhoso, verdadeiro oásis de lucidez em meio ao atual momento de trevas intelectuais, morais e - à exemplo de Bush, da IURD de Edir Macedo e do PL e da TFP da ala mais direitista/conservadora da Igreja Católica - religioso, permaneça ainda por muitos e muitos anos, qual semeadura que amplie consciências e permita o exemplo vivo do convívio das diferenças.

Para entender a força do pensamento retrógado de de alguns pretensos "evangélicos" utra-reacionários, veja-se o artigo, do jornal Tribuna da Imprensa, chamado Evangélicos foram a chave para a Reeleição de George 'War' Bush"

Algumas Reportagens Sobre o Encontro para a Nova Consciência

Jornal do Commercio, Recife, 27/01/2002


NOTÍCIAS

Paraíba sedia 11º Encontro para a Nova Consciência

Que resultados pode produzir um evento que reúne padres, pastores, rabinos, monges budistas, hare-krishnas, físicos, psicólogos, astrólogos, terapeutas holísticos, ufólogos, xamãs, rosa-cruz, ateus e agnósticos? Difícil saber sem ir lá conferir. Isto é, se você não gosta de Carnaval, ou este ano resolveu ficar longe das troças, blocos e trios.

Como já acontece há 11 anos, Campina Grande (a 120 quilômetros de João Pessoa, na Paraíba) sedia mais um Encontro para a Nova Consciência, com a expectativa de reunir por dia uma média de mil pessoas, de 8 a 12 de fevereiro. Para uma cidade do interior com 354 mil habitantes, pode-se dizer que o evento só perde em importância para os festejos juninos.

As grandes marcas do encontro são o ecumenismo – melhor dizendo, macroecumenismo – e a importância que se dá às chamadas práticas e estudos alternativos. Para início de conversa, a programação é vastíssima. Além dos cursos (31 ao todo) e palestras (até agora 24 nomes confirmados, entre os quais, o tarólogo e cineasta Pedro Camargo, o reitor da Unipaz, Pierre Weil, o teósofo Carlos Cardoso Aveline e o físico Harbans Lal Arora), haverá nada mais nada menos do que 60 eventos paralelos, entre seminários, encontros, oficinas, shows musicais, exposição de artes e feiras.

Distribuídos em mais de 10 locais diferentes, esses minieventos é que dividem em subgrupos um público para lá de heterogêneo. Desse modo, espera-se tentar aprofundar discussões sobre Ufologia (tanto a vertente mística, quanto a científica), Teosofia, Santo Daime, Seicho-no-Iê, Sai Baba, Tai Chi Chuan, Fitoterapia, Reiki e massagens diversas. E ainda inclui encontros fora da seara espiritualista, como o das profissionais do sexo de Campina Grande, o do movimento esperantista e ainda um outro sobre a pré-história paraibana. Mais eclético impossível.

TRADIÇÃO E CIÊNCIA – Segundo os organizadores, a proposta do evento é estimular a chamada Nova Consciência, definido como um movimento mundial de cultura alternativa contemporânea, iniciado nos anos 60, que não faz distinção de idade, sexo, profissão, raça, credo ou opção de vida. E que, entre outras coisas, supõe a compreensão de que Tradição não deve excluir Ciência, e vice-versa, e ainda que tecnologia e preservação ambiental devem andar juntas. Com o tema Tolerância e Paz, o 11º Encontro para a Nova Consciência busca aperfeiçoar e socializar essa visão de mundo, não só através do ‘blá-blá-blá’, mas de vivências práticas e troca de experiências entre diferentes personagens (muitas vezes, de lados aparentemente opostos). Como bem lembra o texto do site (www.novaconsciencia.inf.br), “técnicas e práticas capazes de auxiliar a expansão da consciência de um indivíduo constituem poderosas ferramentas para sua transformação”.

No Recife está sendo organizada excursão para quem quiser participar. (81) 3222.2786 / 9108.9955.

Recife - 27.01.2002
Domingo


Encontro para a Nova Consciência

Nos últimos onze anos, o Encontro Para Nova Consciência tem se configurado como um espaço privilegiado para livre discussão, na qual a construção da Cultura da Paz, a Humanização dos Processos de Desenvolvimento Econômico e a Defesa Ambiental, são preocupações permanentes.

Nele, as mais variadas tradições religiosas encontram abrigo para passar suas mensagens, numa clara demonstração de que a convivência civilizada entre elas é algo perfeitamente possível. Assim, uma mesma mesa comporta católicos, evangélicos, espíritas, budistas, cientistas, filósofos, artistas, ateus, judeus e mulçumanos, dando um exemplo de civilidade e ecumenismo não só para o país, como para todo o mundo, que a cada dia entra num processo tenso justamente por ainda não ter aprendido a cultivar as diferenças.

São cinco dias de congraçamento entre representantes dos vários credos (de 28 de fevereiro a 4 de março), homens de ciências, filósofos e artistas, imbuídos do propósito de plantar as sementes de uma nova cultura, capaz de humanizar o desenvolvimento econômico e preservar a natureza.

Costumeiramente realizado no período de carnaval, o Encontro Para Nova Consciência tem lotado o Teatro Municipal Severino Cabral, local onde acontecem as grandes conferências. Nomes de destaque nos cenários nacional e internacional já se fizeram presentes nesse evento, a exemplo de Leonardo Boff, Marcos Terena, Paulo Coelho, Pierre WeiL, Rose Marie Muraro, Prof. Hermógenes, Clòvis Nunes, Divaldo Franco, D. Marcelo Barros, Geraldo Azevedo, Bráulio Tavares, Cabruera, Nando Cordel, Nelson Jacobina, Augusto Cèsar Vanucci, Jorge Mautner, Rodrigo Grunewald e centenas de outros.

Distribuídos pela cidade, em colégios, repartições públicas, etc, realizam-se mais 50 eventos paralelos nas mais diversas áreas, enquanto que no terreno ao lado do teatro é instalada toda uma infraestrutura para funcionamento da Feira Esotérica, que conta com 35 estandes e Palco para shows.

Nesta versão 2003, a parte cultural e artística receberá maior reforço. Pretende-se, na verdade, possibilitar a criação de espaços para as mais diferentes artes, especialmente para as alternativas, verdadeira fonte de renovação cultural e artística nos seus vários segmentos.

Este ano o Encontro vai privilegiar a inclusão, por isso seu tema recebe o título "Um Mundo Para Todos", reforçando seu compromisso em contribuir para Cultura da Paz, espinha dorsal para conquista da Paz da Mundial.

    Sobre outros poscionamentos evangélicos, agora políticos, vejamos a associação Bush-fundamentalismo pentecostal-direitismo e busca de lucro este artigo do jornalista Mauro Braga:

A PRIVATIZAÇÃO DA TORTURA

Laerte Braga


A insânia terrorista chegou a requintes de barbárie aparentemente impensáveis, mas só aparentemente: a privatização da tortura.

Os meios de comunicação revelam que agências norte-americanas contrataram empresas privadas para orientar os procedimentos nas prisões do Iraque. Em pelo menos dois casos, houve a supervisão de ex- diretores de penitenciárias nos Estados Unidos envolvidos em tortura e morte de presos. Viraram consultores na matéria. Um deles, como um preso com sérios problemas mentais se recusasse a retirar uma fronha da cabeça, colocou-o por 16 horas nu e amarrado a uma cadeira. O preso morreu. O diretor virou especialista do patriotismo torturador do seu país. Está no Iraque.

Não são semelhanças com o III Reich. É o IV Reich sem tirar nem por. Nem é acaso. Num país com obsessão por informações, agências várias varrendo as vidas das pessoas, lógico, as fichas dos ditos eram conhecidas. E foi exatamente por elas que foram recrutados.

A tortura é uma prática deliberada, pensada, planejada e faz parte da rotina das aventuras imperiais norte-americanas desde a primeira.

Robert MacNamara, Secretário de Defesa nos governos de John Kennedy e Lyndon Johnson, em entrevista largamente divulgada, considerou a guerra do Iraque um erro e não fez previsões diferentes de vários setores políticos e militares de seu país: “Estamos indo para um atoleiro semelhante ao Vietnã, embora o Iraque não seja o Vietnã e os tempos sejam outros”.

Ficam cada vez mais claros os indícios que Bush começa a viver outro atoleiro: o eleitoral. A possível desistência de Ralph Nader pode consolidar uma frente nas intenções de voto do democrata John Kerry que, mesmo com o calor da campanha, não dê a Bush chances de se recuperar.

Parte da própria tendenciosa imprensa dos EUA parece ter percebido que apoiar Bush seria como salgar carne podre.

MacNamara falou também de uma parcela da opinião pública de seu país, a que sustenta Bush e seus desvarios: “minoria religiosa”, os WASP: White Anglo Saxon Protestant. A extrema direita que, até hoje, acredita no criacionismo e cria seitas penteconstais, sempre um bom negócio. Acreditam na superioridade norte-americana sobre o resto. Essa gente, curiosamente, tem aversão ao judaísmo e a judeus, embora precisem destes para consolidar seu poder, é lato senso anti-semita. A aliança decorre de interesses econômicos, da capacidade mútua de odiar, do considerar árabes, de um modo geral, inferiores. Árabes, negros, latinos e amarelos.

O ex-secretário não acha que essa gente possa definir o futuro do país, mas não consegue negar que passado e presente, com raros momentos de exceção, têm sido conduzidos por crentes fanáticos. Bush é um deles.

Detalhes revelados pelos meios de comunicação no mundo inteiro mostram que a grande preocupação dos comandantes, políticos e militares, das forças chamadas de ocupação, é descaracterizar a tortura como prática sistemática e simular punições a um ou outro militar estão envolvidos.

Há uma exacerbação do noticiário no sentido de fazer crer que os envolvidos em torturas, além de serem uma exígua parte das tropas, dos encarregados dos interrogatórios, do controle das prisões, o fazem por algo como desvio de conduta. Casos individuais.

Não existe a menor preocupação com os presos, os torturados. A libertação de vários deles é mera jogada de efeito, até porque a imensa e esmagadora maioria está presa sem culpa formada, sem qualquer assistência de defensores, sem respeito às mínimas regras de direitos humanos. Se assim o fosse, como querem fazer crer os dirigentes da organização terrorista Casa Branca, a base de Guantánamo, território cubano ocupado ilegalmente, seria aberto a organizações especializadas do mundo inteiro e, essencialmente, à imprensa.

O governo de Israel seria condenado e punido por violar diariamente da forma mais bárbara, estúpida e cruel, os direitos legítimos dos palestinos. O mesmo tipo de ação contra a ditadura de Saddam Hussein seria empreendida contra um criminoso como Sharon.

Mataram, continuam a matar, impunemente, homens, mulheres, crianças e velhos. Demolem casas (americanos e israelenses), prendem ilegalmente, estupram, saqueiam, torturam, tudo diante de uma opinião pública estupefata, cada vez mais indignada, mas submetidas a governos subalternos, presos a interesses do mercado, controlados e dirigidos a partir de Washington.

E fazem isso no Iraque. No Afeganistão. Na Colômbia. No Paquistão. Querem fazer na Venezuela e em Cuba. Fazem no mundo inteiro não apenas porque Bush tem sua mão guiada por Deus. Esse é o pretexto, o lado cínico/insano. O motivo real é o mercado. Por isso as prisões foram entregues à iniciativa privada. O negócio é lucro. Lucro advindo de tortura. De estupros. De genocídios. Do fanatismo religioso (ver a excelente reportagem do jornalista Newton Carlos, Fundamentalismo Religioso por Dentro da Casa Branca). Iniciativa privada é isso. Quando não são bancos, ou laboratórios (agora no Brasil isso aparece com toda a força), são os grandes negócios dependentes do petróleo, os tais agro-negócios, o mundo capitalista dos WASPS - White Angle-Saxon Protestants.

É exatamente o que vemos: a minoria que MacNamara fala não é só religiosa (puro pretexto, típico da moral hipócrita - Calvino inventou o lucro sem pecado). São os condomínios fechados. Imagem que serve para definir esse mundo. E esperando o Messias. Que não vem nunca, lógico, o dia que vier desmonta o esquema. Até porque é pouco provável que o dito chegue numa Pick-uP importada, num Rolls Royce ou numa Lincoln conversível. É a única forma de chegar até essa gente evangélica inspiradores do Edir Macedo e do PL. E tem que ter Mastercard ou Visa, que aliás, é do Berlusconi.

 

João Pessoa, Paraíba, 17/11/2003

Ampliado em 24/06/2009

Revisto e Ampliado em 22/01/2010