Retorno a Sabedoria Grega

Por Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

 
Quem acompanha certos fatos que hoje se desenrolam no Brasil fica certamente cada vez mais convencido de que uma releitura dos sábios filósofos gregos, mormente Sócrates e Platão, muito ajudaria para que houvesse mais consistência em muitos dos pronunciamentos e atitudes de alguns líderes que comandam esta nação.

O que mais censurava Sócrates nos retóricos de seu tempo era o fato de que, por trás das palavras, não se percebia um saber objetivo, uma filosofia ou firme concepção de vida. Nenhuma moral sólida animava muitos pronunciamentos, cujo móvel era a cobiça, a vontade do sucesso a todo custo, a falta de escrúpulo em prometer sem condições ou intenções de se cumprir o prometido. Um hedonismo macabro estava subjacente no discurso dos sofistas que se julgavam investidos da missão de educadores.

É que naquele tempo já se lutava contra o mero fogo de artifício que deslumbra e, por isto mesmo, engana. Apelava Sócrates para um senso crítico apurado, a fim de que se pudesse desmascarar as quimeras cerebrais de falsos intelectuais que aspiram dominar através de palavras fluentes, mas vazias. Tanto ele como Platão chamam a atenção para o fato de que os falsos estadistas são sempre cortejados por aqueles que usam em tudo o padrão de suas conveniências pessoais. Os mais fortes exploram os mais fracos, usando uma política de intimidação. Isto significa que passa a imperar  o princípio do sórdido egoísmo que costuma dominar quem idolatra o  poder, cortejado pela  lisonja que é a arma comum dos palacianos. O ideal socrático e platônico, porém, é que o verdadeiro estadista deve escolher as palavras, praticar  ações justas e distribuir  seus dons em vista de uma ordem suprema do reino do espírito. Nada mais calamitoso para a sociedade do que a destruição dos valores morais. Diluir a tessitura ética da sociedade é o maior dos males.

 A atenção do bom político terá que se concentrar constantemente no  fazer com que a justiça entre nas almas dos cidadãos apartada qualquer tipo de injustiça. Que reine a prudência e a moderação e desapareça o destempero. Sejam estimuladas as virtudes e afastados todos os vícios. Nada de satisfazer os caprichos pessoais ao ritmo de uma vaidade perniciosa. O tirano que idolatra o poder exige que os outros pensem sempre como ele. Faz correr lágrimas de crocodilo ao se livrar de amigos que se tornam incômodos e não tem receio em afastar no próprio interesse quem no seu caminho se tornou uma pedra.  Por tudo isto,  no pensar de Sócrates o bom cidadão é um lutador e não um adulador, pois é preciso que se aplique  por toda parte  a terapêutica da verdade a qual  torna os homens melhores. Segundo Platão, o autêntico homem público é aquele que faz  mais virtuosos os cidadãos, depois de haver, ele próprio, se tornado mais virtuoso, graças ao domínio que exerce sobre seus ímpetos de mando, evitando todo e qualquer desmando.

 A opinião reta deve ser fixada, estabilizada pelo saber exato, com o qual se preocupam sempre os bons políticos, estes, sim, os verdadeiros salvadores da pátria!