A história de Sidarta Gautama, o Buda, um ser
muito especial que atingiu o nirvana e trouxe caminhos para um número de
pessoas se aperfeiçoar em que ultrapassa a casa dos zilhões é descrito com
muitos mitos.
A verdade chega até nós pelos elementos que
são comuns em todas as suas histórias, onde não houve mitificação e pelo que
existe por trás dos mitos.
Sidarta nasceu e sua mãe morreu em seu parto.
Dizem que quando ele nasceu saiu andando da barriga da mãe, mas isso faz
parte da Mitologia Budista.
Sidarta era filho de um rei com muitas posses
e muitos servos. Com medo que Sidarta se tornasse um grande líder
espiritual, por causa de uma profecia que dizia que Sidarta seria ou um
grande líder espiritual, ou um grande governante. O rei com sua sede de
poder quiz dominar a vida de Sidarta. Para isto criou seu filho dentro de um
palácio, lhe vedando o mundo fora das paredes do mesmo.
Sidarta cresceu no palácio, onde qualquer um que trabalhase lá, ou qualquer
outro súdito era proibido de revelar a verdade sobre o mundo. Eles mentiam e
enganavam o filho do rei, por ordem deste próprio rei.
Sidarta cresceu sem saber os conflitos
psicológicos que as pessoas passavam, sem saber da existência da velhice ou
da morte.
Alguns poucos autores descrevem a fase da
vida de Sidarta dentro dos muros do palácio como ele sendo um aluno sem
igual para com seus professores, onde tudo que era ensinado sobre política,
matemática e ciências era brilhantemente absorvido. Ele ensinava até mesmo
os professores e todos ficavam impressionadas. Também é dito que Sidarta
nunca se interessou em se casar com nenhuma mulher. Só uma vez que ele viu
uma princesa, se apaixonou por ela e para se casar teve que enfrentar os
melhores guerreiros do reino da princesa, em duelos fantásticos. Mas isto
parece claro de mais, que é uma tentativa de engrandecer física e
culturalmente um líder espiritual. A grandeza que Sidarta tinha era
incomparavelmente maior que cultura e físico; a grandeza dele era espiritual
e ela só veio a aumentar com o passar do tempo.
A grandeza espiritual de uma pessoa aumenta
quando ela enxerga seus defeitos, qualidades e a falsidades de outras
pessoas.
Sidarta estava se elevando espiritualmente e
passou a perceber que as pessoas com quem convivia mentiam sobre o mundo.
Ele estava descobrindo a verdade e quis ver o mundo que existia fora do seu
palácio.
Sidarta consegue sair para um passeio na rua
e viu pobreza, doença, miséria e morte. Aquilo o chocou. Ele nem imaginava
que aquilo existia.
Existe um conceito hindu que se chama Maya e
ele significa nossas ilusões pessoais. Uma ilusão criada pelo pai de
Sidarta, foi desmistificada pelo próprio Sidarta quando ele tomou
consciência do que estava acontecendo.
Sidarta decidiu não viver mais naquele mundo
ilusório criado pelo seu pai. Tendo passado a vida no palácio, ele sabia
como funcionava o esquema da guarda e durante a noite fugiu.
Alguns santos no catolicismo viveram coisa
parecida, decidindo sair da casa rica dos seus e ir viver uma vida de
santidade.
Muitas vezes a vida de Sidarta se assemelha a
nossa: Quando enxergamos algo que nos aprisiona temos a oportunidade de
mudar ou de melhorar.
Sidarta viveu como um mendigo, vivendo do que
as outras pessoas lhe davam. Um tempo depois decidindo encontrar sua
iluminação, resolveu se juntar a um grupo de Brâmanes dedicados a uma severa
vida ascética. Eles se auto-mortificavam e ficavam muito tempo sem comer.
Sidarta passou muitas dores e muita fome,
isso servia para uma espécie de desprendimento do mundo físico. Eles não
deveriam se preocupar com alimento e com dor. Sidarta passou muito mal e
sofreu o que tinha feito de ruim para outras pessoas em suas vidas passadas.
Sidarta foi tomando
consciência até perceber que aquelas práticas não traziam a iluminação.
Descobrindo a verdade volta a se alimentar corretamente e para de se
mortificar. Ele é abandonado pelo seu grupo, que ficou escandalizado com
suas atitudes e se vê sozinho novamente.
Sidarta procura seguir seu próprio caminho
buscando a iluminação, confiando no que podemos chamar de intuição, ou
sentimentos, ou coração.
Sidarta procurava sentir coisas, evitando
tecer qualquer conceitualização intelectual excessiva sobre o mundo que o
cercava. Ele tinha que descobrir o mundo e como ensina um grande mestre da
humanidade: "a mente mente continuamente; mas só o coração sabe o que é a
verdade" (S. L. P.).
Foi a partir deste momento que Sidarta
começou a ter seguidores e passar ensinamentos para as pessoas. Muitos
abandonavam sua vida e iam com Sidarta andando de um lugar para outro.
Dentre as histórias dos grandes Iluminados
como Gandhi, Madre Tereza, a história do Buda é a única que é clara ao
narrar e falar, pois foi neste exato ponto que Buda atingiu o nirvana. Nós
temos aqui no Ocidente uma história de quando Jesus atingiu o nirvana, porém
não é dito claramente.
As histórias tanto de Buda, como as de Jesus
nos são contadas na forma de mitos ou se você preferir o termo: parábolas.
Diz sabiamente Antonio Carlos Fragoso Guimarães que "mitos, ou parábolas, ou
lendas, resumem poética e figuradamente verdades espirituais e
existenciais".
As histórias sobre o nirvana de Buda e de
Jesus possuem semelhanças incríveis entre elas mesmas e entre onde elas
apontam as filosofias das quais foram as mais importantes personalidades
(Budismo e Cristianismo). A história de Jesus é chamada de "As Sete
Tentações do Cristo".
A lenda do Buda conta que Sidarta resolve
meditar debaixo de uma figueira, a Árvore Bodhi. Lá o demônio, tenta
enredá-lo em dúvidas sobre o sucesso de sua tentativa de se por numa vida
diferente da de seus semelhantes, ou seja, vem a dúvida sobre o sentido
disso tudo que ele fazia.
A história de Jesus é exatamente igual, onde
Jesus vai para o deserto e o demônio, tenta enreda-lo em dúvidas sobre o
sucesso de sua tentativa de se por numa vida diferente da de seus
semelhantes.
Existe no Budismo, principalmente no Budismo
Esotérico (Tibetano) e no Cristianismo o exorcismo. Jesus fazia exorcismo,
ensinou seus discípulos a fazerem e hoje temos isso na Igreja Católica como
no Budismo, existem inclusive diversos mantras de exorcismo.
Daí este mal que Sidarta e Jesus sofreram
poderia ter sido causada por demônios que enviavam sugestões mentais. Outra
explicação pode ser que o demônio representa simbolicamente maya (ilusões
pessoais) que são as coisas que as pessoas não vêm sobre si mesmas e sobre o
mundo: suas qualidades, seus defeitos e o as falsidades de outras pessoas.
Pelo tipo de pensamento que eles tiveram
quando seus objetivos estavam dando certo, penso que eram demônios que
causavam estes pensamentos.
Voltando a lenda - Sidarta logo sai dessa
tentativa do demônio de confundi-lo, sentindo que o que fazia estava correto
pois era o que seu coração, ou intuição ou sentimento desejava. Jesus, se
sai pela fé, que isto era o que Deus queria e não poderia ser errado.
Na história do Buda, após falhar, o Dêmonio
envia para Sidarta uma de suas filhas que o tenta seduzir com o desejo,
outra que o tenta seduzir com o prazer e outra que tenta seduzir com a
cobiça. Sidarta ao invés de se seduzir percebe sua propensão para estas
coisas e com isso toma consciência de tudo o que precisava para atingir o
nirvana. Ele então torna-se o Buda.
Na história de Jesus, o demônio não tenta
seduzir Jesus com três tentações, mas com sete. É engraçado que no
Cristianismo os defeitos da personalidade são resumidos nos sete pecados
capitais e no Budismo nos três fogos, que são: a cobiça, o orgulho e o erro.
Todos estes defeitos foram superados tanto
por Jesus, quanto por Buda. Eles alcançaram um nível onde estavam unos com o
cosmos. Eles se livraram de tudo que os perturbava e atingiram a paz e o
amor inabalável; com isso não tinham mais pensamentos e sentimentos ruins,
também desvendaram todos os enganos do mundo, e atingiram a sabedoria plena
e a verdade. É por estes e outros motivos que eles atingiram o paraíso.
Os anos seguintes do Buda ocorrem com
peregrinações dele e de seus discípulos através de diversas regiões da
Índia. O Buda os ensinava, e seus discípulos praticavam e meditavam.
Buda ensina as pessoas se apegarem ao
crescimento que leva ao nirvana, para que elas fossem se melhorando
gradualmente até chegar ao paraíso.
Quando Buda tinha oitenta anos e sentiu que
ia morrer pede para que um de seus discípulos deixe a seguinte mensagem para
seus seguidores:
"Por que deveria deixar instruções
concernentes à comunidade? Nada mais resta senão praticar, meditar e
propagar a Verdade por piedade do mundo, e para maior bem dos homens e dos
deuses. Os mendicantes não devem contar com qualquer apoio exterior, devem
tomar a sua consciência e o seu átmam - por seguro refúgio, a Lei Eterna
como refúgio... e é por isso que vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio
no Eu".