MESTRE KUT-HUMI

Por: Prof. Henrique José de Souza

A palavra Kut-Humi, de procedência tibetana, não é escrita nem pronunciada como a maior parte dos teosofistas o faz e até mesmo o "Glossário Teosófico". Como quase todas as palavras tibetanas, deve ter um traço de união entre as duas palavras e a sua pronuncia é breve e não longa: KUT-HUMI e não, KUTHUMI. Por outro lado, não se deve tomar a palavra Kut-Humi como determinado Ser, mas sim, como uma Linha de Seres afins; do mesmo modo que os Moryas (nome de procedência atlante) , os Serapis, etc. Assim é que entre Qu-tamy, o autor da "Agricultura nebateniana" e Kut-Humi, se estabelece confusão. Olcott, Sinnett e outros escreviam, como ingleses e americanos que eram, KOOT-HOOMI, o que por sua vez é errôneo.

Ao redor do próprio Mestre Kut-Humi, correm diversas afirmações que, sendo verdadeiras, também são mentirosas – verdadeiras, porque são a expressão lídima do real, olhos que viram; e mentirosas, porque são a narração autêntica de quem viu e não entendeu.

Para exemplo, citarei o trecho de uma carta de Mohini Mohan Chattergy, quando em Dargeling. Conta ele que, certa vez, lá chegou um tibetano vendedor de bibelôs, que à sua casa foi ter para oferecer-lhe as suas mercadorias. Curiosos, sabendo que Sundook – este era seu nome – pertencia à seita dos Gelugpas, fizeram-lhe várias perguntas sobre a existência de Mestres, e de outros seres que diziam, no Tibet, que eram dotados de poderes extraordinários, etc., ao que Sundook respondeu que tais seres existiam e que não se tratava de lamas comuns, aos quais eles eram muito superiores; que habitavam as montanhas de Tjigad-jé, perto da cidade de Lhassa; e narrou grande número de seus feitos.

Neste meio tempo, alguém lhe mostrara um retrato do Mestre Kut-Humi, sem lhe dizer uma palavra. Sundook tomou-o, admirou-o por alguns segundos; depois, como se o tivesse reconhecido, curva-se ante o retrato com um profundo respeito, dizendo que aquele era um Choan (Mahatma), que ele havia visto.

Narra então que o viu seguido de um grande número de Ghelungs, no lugar chamado de Gian-tsi ou Jahantsi, a dois dias de viagem de Tjigad-jé. Perguntando-se-lhe como se chamava aquele mestre, ele respondera, com grande surpresa de todos, que eles eram conhecidos pelo nome de Kut-Hum-pa. Mas por que "eles"? – perguntaram-lhe ainda. Refere-se a um ou a vários?

Os Kut-Hum-pa são numerosos e assim se chamam, porque o seu Guru, chamando-se Kut-Humi, é natural que os seus discípulos sejam os Kut-Hum-pa, desde que PA significa discípulo, homem etc.