Kundalini, ou o "poder
ígneo", é a grande força magnética, o princípio universal de
vida que existe latente em toda matéria. Também chamada "fogo
serpentino", é a vida que flui através dos centros vitais ou
chacras.
Princípio ativo que tanto pode criar como
destruir, seu despertar para uma atividade voluntária visa
coordenar as diversas manifestações vitais num todo harmonioso. Ricardo
Chioro
O que é a Kundalini? A palavra sânscrita
tem sido traduzida de várias maneiras, em geral por aqueles que
não têm uma concepção real, seja ela qual for, da função que é a
sua marca. Supõe-se que a raiz da palavra seja o verbo kund, que
significa "queimar". Este é o significado essencial, pois a
kundalini é Fogo em seu sentido de abrasamento. Contudo, temos
uma explicação adicional para a palavra no substantivo kunda,
que significa orifício ou cavidade. Isso nos dá uma idéia do
recipiente onde o Fogo arde. Mas há muito mais do que isso. Há
também o substantivo kundala, que significa bobina espiral,
anel. Temos aqui um noção do modo pelo qual o Fogo atua e se
desenvolve. A palavra kundalini se originou de todos esses
derivados, que atribuem uma feminilidade criativa ao Fogo, o
Fogo Serpentino, como algumas vezes é chamado, o poder criativo
feminino que está adormecido dentro de uma cavidade, dentro de
um útero, despertando para o movimento rítmico da impetuosa
subida e para a emissão de torrentes de Fogo. Ela é uma palavra
que significa o aspecto feminino da força criativa da evolução,
força esta que jaz adormecida, em sua potencialidade específica
e muito particular, como que em posição fetal em um útero, na
base da espinha dorsal humana.
O começo do despertar: Espera-se que o
resultado seja um sutil despertar de uma consciência mais ampla,
uma vaga sombra do espírito da consciência Cósmica. Desse modo,
uma fragrância do que pode ser chamado de ozônio espiritual, se
elevará no ar. Exultante, o discípulo estabelece contato do seu
eu inferior com o seu Eu superior de maneira muito mais ampla do
que já tenha feito antes dentro dos limites da sua atual
encarnação. Ele alcança uma desobrigação, uma liberdade. Ele
converte-se em um pássaro que finalmente começa a descobrir como
usar as asas, batendo-as alvoroçadamente, embora ainda incapaz
de levantar vôo. Neste afã de voar, ele começa a distinguir o
real do irreal, o verdadeiro do falso, o útil do inútil, o belo
do feio. Embora ele permaneça geralmente incapaz de fazer uso do
discernimento assim despertado, ao menos conhece, experimenta e,
mais cedo ou mais tarde, o conhecimento-experiência
transforma-se numa atividade equilibrada. Quando isso começa a
ocorrer, é chegada a hora de aparecerem os primeiros passos da
kundalini, que finalmente, libertará para sempre no indivíduo o
Fogo da vida e colocará sobre sua cabeça a Coroa de Flores do
Reino eterno.
Os chacras servem de centros para a
manifestação de várias emoções humanas, como o amor, o medo, a
raiva e a alegria. Os chacras têm sido descritos como centros
nervosos que governam os vários órgãos, ou como rodas
giratórias, ou como vórtices que servem para ligar o corpo
físico aos corpos etérico, astral, mental ou casual.
Os chacras também funcionam num contexto
prático. Diz-se que o que experimentamos na vida depende, até
certo ponto, do chacra com o qual estamos sintonizados, pois
cada chacra é energizado por atributos emocionais, mentais,
psíquicos e espirituais.
Os chacras podem ser encarados como
centros de energia e, o que é muito mais, também podem
representar acesso a outros mundos, a outras dimensões. O
Tantrismo ( são nove chacras, sendo 2 não tão importantes )
descreve os chacras com flores de lótus e domínios habitados por
Deuses e Deusas. Os quatro elementos – Terra, Água, Fogo e Ar –
e os sons, os cheiros e as visões básicas estão associadas aos
chacras, como os Cinco Sentidos.
Eis aqui, portanto, os chacras do modo
como são descritos nos textos do Tantrismo.
1- O CHACRA MULADHARA: O mais
baixo na hierarquia dos sete chacras maiores e dos dois menores,
localiza-se na base da espinha, na região perineal. Nesse chacra
a força da serpente, a Devi Kundalini, jaz adormecida. A Devi
tem o brilho do raio e sua cauda esta enrolada três vezes e meio
em torno de uma língua ( símbolo de Shiva ) de ouro derretido. O
chacra Muladhara, com quatro pétalas de lótus, é presidido pela
Devi Dakini, de quatro braços e olhos vermelhos brilhantes, "
portadora da revelação da inteligência sempre pura, e pelo Deva
Brahma, senhor do mundo físico. Esse chacra pode ser chamado de
chacra da experiência física. Está associado à terra e ao
sentido do olfato. OBS.: DEVI = Deusa / DEVA= Deus
2 – O CHACRA SVADHISTHANA:
Possuindo seis pétalas rubras de lótus, localiza-se debaixo do
umbigo e na área acima dos órgãos genitais. É presidido pela
Devi Rakini azul, colorida de lótus e de aspecto furioso, que
carrega armas no braços erguidos, e pelo luminoso Deva Vishunu
azul, que também tem quatro braços e é a energia do universo
vital que tudo impregna. Como o chacra Muladhara, este se acha
intimamente aliado a terra. Associa-se à água e ao sentido do
paladar.
3 – O CHACRA MANIPURA: Tem dez
pétalas de lótus da cor das nuvens de chuva pesada e localiza-se
no plexo solar. É presidido pela Devi Lakini, de três faces,
quatro braços e portadora do fogo, e por seu consorte o Deva
Rudra, de cor vermelha, que possui também quatro braços, carrega
o fogo e representa o mundo da mente. Embora Lakini coma carne e
tenha atributos mais densos que os de uma vegetariana, este
chacra é menos orientado para a terra do que os chacras
Muladhara e Svadhisthana, e pode ser considerado mais como
centro emocional. O chacra Manipura associa-se com o fogo e com
o sentido da visão.
4 – O CHACRA ANAHATA: Este chacra,
com doze pétalas vermelhas de lótus, localiza-se na região do
coração. É presidido pela Devi Dakini, que possui três olhos, é
feliz e benfazeja a todo mundo. O presidente Deva Isha é também
senhor dos três primeiros chacras; compassivo, representa a
revelação dos mistérios do tempo e do espaço. O chacra Anahata
pode ser considerado um centro de consciência, e que é aqui que
se pode ouvir o som que vem sem o embate de duas coisas uma na
outra.
A. O CHACRA ANANDA – KANDA: Um dos dois
chakras menores. Pequeno, localiza-se logo abaixo do chacra do
coração (Anahata) e, muitas vezes, nem é citado. Apesar disso,
existe e tem oito pétalas de lótus rosa – carmesim. Diz-se que
esse chacra concede, às vezes, a satisfação de desejos antes
mesmo que os formule a mente.
5 – O CHACRA VISSUDHA: Com
dezesseis pétalas roxas e enfumaçadas de lótus, localiza-se na
região da garganta. É presidido pela Devi Shakini e pelo Deva
Sada-Shiva, cada um dos quais possui cinco rostos, três olhos e
múltiplos braços. Enquanto Shakini se mostra vestida de um
branco brilhante, e tem a forma da própria luz, Sada-Shiva é um
andrógino, de corpo metade branco, representando Shiva, e metade
ouro, representando Skakti. O chacra Vissudha, está ligado à
purificação da inteligência e associa-se ao éter e ao sentido da
audição.
B. O CHACRA LALANA: Este é outro chacra
menor. Tem doze pétalas vermelhas de lótus e localiza-se acima
do chacra da garganta ( Vissudha ), na raiz do céu da boca.
Associa-se à fé, ao contentamento, à sensação de erro, ao
domínio de si próprio, à raiva, à afeição, à pureza, ao
alheamento, à agitação e ao apetite.
6 – O CHACRA AJNA: Este chacra tem
duas pétalas brancas de lótus e localiza-se entre as
sobrancelhas. Trata-se de um chacra muito pequeno e suas duas
pétalas mal preenchem o espaço entre as sobrancelhas. É às
vezes, encarado como o terceiro olho místico – o olho interior
ou mental. O chacra Ajna é presidido pela Devi Hakini e seu
consorte, o Deva Paramashiva, ambos os quais ingressaram num
estado de alegria produzido por tragos de ambrosia. Essas
divindades possuem seis rostos, três olhos, braços múltiplos e
brilham como o relâmpago. O chacra Ajna associa-se à mente e às
faculdades mentais.
7 – O CHACRA SAHASRARA: A este
dá-se o nome de Lótus das mil pétalas; em suas pétalas, todas as
cores se combinam, e ele abrange todos os sons. Localiza-se na
coroa da cabeça. Poder-se-ia dizer que é presidido por Brahma,
pois aqui se encontram a Kundalini – Shakti, de modo que ele
volta a unir-se a Brahma. O brilho das mil pétalas do lótus é a
expressão da iluminação. O chacra Sahasrara, portanto, sinônimo
de samadhi, é onde ocorre a explosão na consciência cósmica.
Como já vimos, Kundalini ou o Fogo
Serpentino é uma das forças emanantes do Sol, inteiramente
independente e distinta de Fohat e de prâna, e que, no estado
atual dos nossos conhecimentos, acreditamos incapaz de ser
convertido em qualquer dessas duas energias.
Kundalini recebeu nomes diversos: o Fogo
Serpentino, o Poder ígneo, a Mãe do Mundo.
Aparece ao clarividente, literalmente,
como uma torrente de fogo líquido, percorrendo o corpo. Seu
trajeto normal é uma espiral, semelhante às curvas de uma
serpente; "Mãe do Mundo" é nome bastante apropriado, porque é
por ela que podem ser vivificados nossos diversos veículos.
Pode-se ver um antigo símbolo da coluna
vertebral e de Kundalini, no tirso, bastão com uma ponta
cuniforme na extremidade. Na índia encontramos o mesmo símbolo:
o bastão é aí substituído por um bambu, com sete nós, que
naturalmente representam os sete chakras ou centros de força.
Em certos mistérios, em lugar do tirso se
empregava um tubo de ferro que se supunha conter fogo.
A insígnia dos barbeiros, símbolo
certamente muito antigo, com suas faixas em espiral e a
protuberância terminal, tem a mesma significação, segundo dizem,
pois o barbeiro moderno é o sucessor dos antigos cirurgiões, que
praticavam também a alquimia, ciência ou trora mais espiritual
do que material.
Kundalini existe em todos os planos que
conhecemos e parece apresentar igualmente sete camadas ou graus
de potência.
O corpo astral era, na origem, uma
espécie de massa quase inerte, sem a mais vaga consciência, sem
nenhuma capacidade definida de ação e sem conhecimento preciso
do mundo ambiente. Sobreveio depois o despertar de Kundalini no
plano astral, no chacra correspondente as da base da espinha
dorsal. Esta força se encaminhou então para o segundo centro, o
umbigo e o vitalizou, acordando, assim, no corpo astral, a
faculdade de sentir, de ser impressionado por todas as espécies
de influências, porém sem lhe dar ainda a compreensão precisa.
Kundalini passa daí ao terceiro centro
(esplênico), ao quarto (cardíaco), ao quinto (garganta), ao
sexto (entre os supercílios) e ao sétimo (no alto da cabeça),
despertando em cada um as diferentes faculdades descritas nos
capítulos precedentes.
O mecanismo que nos dá a consciência do
que se passa no astral é interessante e merece ser bem
compreendido pelos estudantes. No corpo físico, possuímos órgãos
especiais, localizados, cada um, em região fixa e particular:
órgãos da vista, do ouvido, etc. Mas no corpo astral reina uma
disposição completamente diferente, pois não há necessidade de
órgãos especializados para conseguir os resultados desejados.
A matéria do corpo astral está em
constante movimento; as partículas deslizam e turbilhonam como
as da água fervendo, e passam todas, sucessivamente, pelos
centros de força. Por conseguinte, cada um! destes centros
confere, às partículas do corpo astral, a faculdade de responder
a determinada categoria .de vibrações, correspondentes ao que no
mundo físico chamamos vibrações da luz, do som, do calor, etc.
Quando, pois, os centros astrais são
vivificados e se põem a funcionar, conferem as diversas
faculdades à matéria toda do corpo astral, de tal forma que este
se torna capaz de exercer seus atributos em qualquer região. É
por isto que o homem, aluando em seu corpo astral, pode ver
tanto os objetos colocados à sua frente, como atrás, em cima e
embaixo, sem precisar voltar a cabeça. Não se pode, pois,
definir os chacras ou centros como órgãos sensórios, no -sentido
vulgar do termo, embora proporcionem ao corpo astral faculdades
sensoriais.
Entretanto, mesmo quando estes centros
astrais estão plenamente despertos, não resulta, de maneira
alguma, que o homem possa transmitir ao corpo físico a menor
consciência da ação dos mesmos.
Na realidade, em sua consciência física
ele pode muito bem ignorar por completo essa ação.
O único modo de transmitir ao cérebro
físico a consciência das experiências astrais se dá pelo prévio
despertar e ativamento dos centros etéricos correspondentes.
O método dê despertá-los é exatamente o
mesmo adotado no corpo astral, isto é, pelo despertar de
Kundalini, que dorme na matéria etérica, no chacra situado
próximo da base da espinha dorsal.
O despertar de Kundalini resulta do
ativamento do centro na base da espinha, mediante um esforço
prolongado e persistente da vontade. Desperto Kundalini, sua
força tremenda vivifica sucessivamente os demais centros.
O efeito produzido sobre estes centros é
o de conferir à consciência física as faculdades despertas pelo
desenvolvimento dos centros astrais correspondentes.
Mas, para obter estes resultados, é
necessário que o fogo serpentino passe de chacra em chakra, em
certa ordem e maneira variáveis segundo os tipos humanos.
Os ocultistas, que conhecem os fatos por
experiência própria, são extremamente cuidadosos em não dar a
indicação quanto à ordem em que o fogo serpentino deve passar
através dos chakras.
A razão disto é que há muitos e sérios
perigos, cuja gravidade não deve ser ocultada, para aqueles que
despertam Kundalini, acidental ou prematuramente. Fazem-se as
mais/solenes advertências a quem cogite em fazer qualquer
tentativa deste gênero, antes do momento azado ou sem a direção
de um Mestre ou um ocultista experimentado.
Antes do despertar de Kundalini, é
absolutamente essencial que o homem tenha atingido certo grau de
pureza moral e também sua vontade seja suficientemente forte
para dominar esta força. Alguns dos perigos relacionados com o
fogo serpentino são puramente físicos. Seu movimento
descontrolado produz freqüentemente intensas dores físicas e
pode até facilmente romper tecidos e destruir a vida física.
Pode igualmente prejudicar os veículos superiores ao físico.
Um dos efeitos muito freqüentes de seu
despertar prematuro, é dirigir-se ele para as regiões
inferiores, em lugar de se elevar para as partes superiores do
corpo; excita, desta forma, paixões menos desejáveis,
estimula-as e intensifica-as a tal ponto que o homem não lhes
pode resistir. Nas garras dessa força, ele é tão impotente,
quanto o nadador nas mandíbulas de um tubarão.
Esses homens se tornam sátiros, monstros
de depravação, porque estão a mercê de uma força de todo
desproporcional à capacidade da resistência humana. É provável
que alcancem certos poderes supranormais, mas estes só servirão
para pô-los em contato com seres subumanos, com os quais não
deve a humanidade manter intercâmbio. E para safar-se desta
sujeição, poderá ser necessário mais de uma encarnação.
Há uma escola de magia negra que, com
este propósito, se utiliza de Kundalini, porém os adeptos da Boa
Lei, ou Magia Branca, jamais fazem uso dos centros de força
inferiores empregados por esta escola.
Além disto, o desenvolvimento prematuro
de Kundalini intensifica tudo na natureza humana e afeta mais
prontamente as qualidades más do que as boas. No corpo mental,
por exemplo, desperta facilmente a ambição e esta logo cresce
excessivamente; e o grande aumento da inteligência é acompanhado
de orgulho anormal e satânico.
Kundalini não é uma força comum, mas algo
de irresistível. O ignorante que, por infelicidade, a despertar,
deve imediatamente consultar uma pessoa competente. Segundo os
dizeres do Hathayogapradipika, "Ela conduz os iogues à
libertação e os tolos à escravidão".
Algumas vezes o fogo serpentino se
desperta espontaneamente; sente-se então um calor morno, e em
casos raros, pode começar a movimentar-se por si.
Neste último caso, apareceriam
provavelmente dores intensas, pois os canais não estão
preparados para a passagem do fogo serpentino, e este tem que
abrir caminho queimando grande massa de detritos etéricos,
processo este necessariamente doloroso.
Em tais casos, a força fluirá usualmente
de baixo para cima, pelo interior da coluna vertebral, em lugar
de seguir o curso em espiral, que o ocultista aprende a fazê-lo
seguir. É preciso, se possível, deter, por um esforço de
vontade, esta marcha ascendente; porém se não se conseguir isto,
o que é provável, a corrente sairá sem dúvida pela cabeça e se
perderá na atmosfera, sem qualquer outro dano senão um
enfraquecimento. Talvez possa também causar perda momentânea da
consciência. Entretanto, os perigos realmente graves provêm, não
do fluxo ascendente, mas do descendente.
Como já expusemos brevemente, a principal
função de Kundalini no desenvolvimento oculto é percorrer e
vivificar os chakras etéricos, afim de comunicar à consciência
física experiências astrais. Assim "A Voz do Silêncio" ensina
que semelhante vitalização do centro colocado entre os
supercílios permite ouvir a voz do Mestre, isto é, do EGO ou EU
superior. A razão disto é que o corpo pituitário (ou hipófise),
em plena atividade, constitui uma ligação perfeita entre as
consciências astral e física.
Em cada encarnação é preciso renovar o
domínio de Kundalini, pois em cada vida os veículos são novos,
porém quem já o conseguiu -completamente uma vez, a repetição
lhe será mais fácil.
A formação do elo entre a consciência
física e a do EGO tem também suas correspondências nos níveis
superiores. No EGO corresponde à sua ligação com a consciência
da Mônada, e na Mônada, com a consciência do Logos.
A idade não parece afetar o
desenvolvimento dos chacras por meio de Kundalini, mas a saúde é
uma necessidade, pois só um corpo vigoroso pode suportar a
tensão. |