DISFUNÇÃO NO CENTRO INSTINTIVO

“O corpo planetário ou corpo físico às vezes se encontra doente, às vezes são e assim sucessivamente. Cremos sempre ter algum conhecimento de nosso corpo físico, mas, na realidade, nem os melhores cientistas do mundo sabem muita coisa sobre o corpo de carne e osso. Não há dúvida de que o corpo físico, dado sua tremenda complicada organização, está muito além de nossa compreensão. Pode acontecer o caso concreto de que estejamos equivocadamente relacionados com o corpo físico e, em consequência disso, ficamos doentes. Quando uma pessoa se dá o ‘choque da recordação de si’, produz-se realmente uma mudança milagrosa em todo o trabalho do corpo, de modo que as células recebem um alimento diferente”.

O centro de gravidade deste cilindro encontra-se na parte inferior da espinha dorsal, entretanto, sua influência abarca todo o organismo humano.

As funções específicas do Centro Instintivo não devem ser confundidas com as do Centro Motor, pois são diferentes, mesmo quando, conjuntamente com o Centro Sexual, estão destinadas a trabalhar coordenada e harmoniosamente. Por isso, no Gnosticismo Universal, fala-se dos TRÊS CÉREBROS, a saber: Cérebro intelectual, Cérebro Emocional e Cérebro Motor-Instintivo-Sexual.

Deve-se ter em conta, no entanto, que as funções motrizes são adquiridas, devem ser aprendidas, ao passo que as funções instintivas são inatas. As funções do Centro Instintivo são: a respiração, circulação sanguínea, a digestão e, em geral, todo trabalho interno do organismo, além dos reflexos, que também pertencem a ele.

O instinto sexual, o instinto de conservação da vida e outras funções instintivas normais estão lamentavelmente adulteradas. O Centro Instintivo trabalha de forma independente e possui, em si mesmo, as condições necessárias para enfrentar a vida.

A Consciência deveria manejar as funções instintivas, pois tem poder para fazê-lo, porém, nas atuais condições do “humanoide”, essas funções realizam-se sem a intervenção da Vontade e da Consciência. Convém assinalar que toda enfermidade física é provocada pelo trabalho equivocado em todos os Centros, pelo domínio que sobre eles exerce o Eu da psicologia experimental. Os impactos do Eu adoecem o Corpo Vital e o danificam, com repercussão imediata em todos os Centros, muito particularmente no Instintivo.

À medida que esse e todos os Centros vão ficando a serviço da Essência, toda possibilidade de enfermidade desaparecerá. Trabalhar esotericamente sobre o Centro Instintivo implica auto-observar as sensações, questão esta de suma importância, dado que as impressões chegam até nós pela via dos cinco sentidos.

Ao Centro Instintivo corresponde o papel principal na ciência da transformação das impressões. Em outras palavras, o trabalho equivocado dos Centros não pode ser corrigido se não se estudam, se compreendem e eliminam as atividades errôneas do Centro Instintivo, o que de fato exige um saber adequado e um método que permita seu desenvolvimento harmônico.

Nos momentos de inconsciência total, as funções normais do Centro Instintivo entram num processo involutivo, descendente, infranormal, e as impressões que se recebem do mundo exterior não são transformadas. Ao tratar de se adaptar às condições desfavoráveis para a vida, este Centro traz à existência alguns Eus infra-instintivos, terrivelmente negativos. O estudante gnóstico que almeja estabelecer o equilíbrio deste Centro deverá trabalhar na eliminação de certas formas bestiais, infra-humanas e infraconscientes, como a brutalidade instintiva, os instintos criminosos, o ódio, a luxúria, as psicopatias etc.

Qualquer ego pode ocasionar graves danos em algum dos cilindros, porém, os que provocam explosões difíceis de controlar são precisamente os “agregados” que se situam no Centro Instintivo, o qual é 30 mil vezes mais rápido que o Centro Intelectual.

Os eus instintivos são a representação real da parte animalesca de cada um de nós, vale dizer, são entidades que se desenvolvem no estado de Eikasia, ou sono absoluto da Consciência. Por isso, os sonhos relacionados com este Centro são demasiado confusos, quase impossíveis de decifrar. Algumas dessas entidades ou eus provocam, ao se manifestarem, os crimes mais espantosos: estupros, paixões sangrentas etc.

Tais defeitos psicológicos, que tergiversam os instintos normais do ser humano, têm sua origem no Órgão Kundartiguador, inserido precisamente no Centro Instintivo. Resta dizer que o estudo da função instintiva, assim como o dos outros Centros, escapa sempre às análises normais do racionalismo especulativo e aos métodos intelectuais da psicologia ocidental. Nunca devemos esquecer, neste sentido, que o autoconhecimento, ou autognose, é um atributo da Consciência Superlativa do Ser.

Num passado remoto, a humanidade possuía a Razão Objetica, elaborava seus conceitos com os dados da Consciência, que, por sua vez, utilizava um Centro Instintivo absolutamente perfeito. Então, não existia o Ego, e o Ser percebia o mundo e seus fenômenos através de uma Consciência iluminada e desperta.

Restituir essa pureza original é o objetivo do trabalho sobre os cinco Centros da máquina orgânica, muito especialmente do Instintivo. A degeneração dos cinco sentidos, somada ao fato de que o animal intelectual elabora seus conceitos a partir das percepções externas, explica por que foram adulteradas as diferentes manifestações da Ciência, da Arte, da Filosofia e da Religião.

O SENTIDO DE NOVIDADE, a CAPACIDADE DE ASSOMBRO, o OLHAR tudo de uma maneira nova, ou seja, em estado de PERCEPÇÃO-ALERTA, é um auxílio extraordinário para a percepção correta do mundo físico.

Obviamente, quando aprendemos a olhar a vida sem nenhum tipo de associações, as impressões são transformadas e atingem diretamente a Consciência. O trabalho correto sobre o Centro Instintivo consiste, então, em capturar as impressões sem traduzi-las. Há que aprender a ver, degustar, ouvir, cheirar e apalpar em estado de profunda concentração, em estado de “Recordação de Si”, o que somente é possível observando o ponto por onde entram as impressões e utilizando, como já dissemos, o Primeiro Choque Consciente.

A ação do Ego através do Centro Instintivo se dá mediante nas sensações e a satisfações dos desejos. Primeiro vem a sensação, ou seja, o impacto do mundo externo através dos cinco sentidos. A seguir vem o desejo, produzido pela identificação do sujeito com o objeto. O eu pluralizado busca sempre aquelas sensações que lhe possam dar a tão almejada satisfação. O Ego deseja riquezas, poder luxo. O Ego busca, sobretudo, sensações e satisfações instintivo-sexuais.

Quando uma pessoa aprende a se dividir entre observador e observado, pode então conhecer a causa dos desejos.

Para autocomprazer-se, o Ego busca sensações cada vez mais fortes: drogas, paraquedismo, corridas de automóveis etc., o que sem dúvida o fortalece terrivelmente e degenera ainda mais o Centro Instintivo. O estudante gnóstico deve autoexplorar seu próprio Ego, a fim de compreender o que são os desejos e as vontades enfrascados nos Eus.

Essas vontades nos obrigam a satisfazer os desejos, convertendo-nos em criaturas impotentes, fracas, miseráveis, incapazes de se sobrepor às circunstâncias.

Por outra parte, as condições inadequadas e desumanas nas quais se devolve a vida moderna, os alimentos artificiais e contaminados com produtos químicos, o empilhamento nas grandes metrópoles, a fumaça, o escasso contato com natureza etc., fazem difícil a regeneração definitiva e profunda do Centro Instintivo.

No entanto, mediante um processo de seleção das impressões, ingestão de alimentos puros e ar igualmente puro, é possível criar as energias necessárias ao bom funcionamento do Centro Instintivo.