DISFUNÇÃO NO CENTRO MOTOR

“Transformar reações mecânicas é possível mediante a confrontação lógica e a Autorrealização Íntima do Ser. É evidente que as pessoas reagem mecanicamente diante das diversas circunstâncias da vida. Pobres pessoas, costumam sempre se converter em vítimas! Quando alguém as adula, sorriem, e quando as humilha, sofrem; insultam se são insultadas, ferem se são feridas. Nunca são livres, seus semelhantes têm poder para levá-las da alegria à tristeza, da esperança ao desespero.” (Samael Aun Weor, Psicologia Revolucionária)

Quando uma pessoa estuda a si mesma sabe muito bem que o ponto de gravidade do Centro Motor está situado na parte superior da espinha dorsal e conhece também a notória influência deste Centro sobre todo o organismo.

Para trabalhar seriamente sobre o Centro Motor e corrigir seu mau funcionamento, é necessário exercitar o sentido da auto-observação psicológica, colocando a atenção dinâmica ou voluntária em todas as atividades relacionadas a este Centro. As atividades do Centro Motor são as seguintes:

. A imitação mecânica.
. A criação de autoimagens, com a cumplicidade da fantasia (a infraimaginação
e o sonho).
. Os hábitos.
. As tensões musculares desnecessárias, os movimentos inconscientes, as ações
automáticas.
. A conversação insubstancial de fala ambígua, o palavreado inútil, o “falar por
falar” etc.

Devemos entender, em princípio, que os “humanoides intelectuais” nada podem fazer, tudo nos acontece, tal como quando chove, troveja ou relampeja. O animal intelectual é uma máquina, porém, uma máquina muito especial, porque pode deixar de sê-lo, se a isso se propõe e se conhece o método exato.

Assim, a primeira coisa que o estudante deve compreender e eliminar é a sua própria mecanicidade, se é que realmente almeja o despertar da Consciência.

Todas as nossas ações são completamente mecânicas. Isto ocorre por que o Ego se apodera do Centro Motor para nos obrigar a realizar movimentos de todo tipo, convertendo-nos em simples marionetes, em míseros bonecos acionados por diferente Eus. Entretanto, com o auxílio do terceiro estado de Consciência – que é o da Íntima Recordação de Si Mesmo –, podemos ir eliminando uma a uma as possibilidades de mecanicidade em todas as atividades do Centro Motor.

Personalidade Mecânica ou Falsa Personalidade, que pertence ao inframundo das 96 leis, é formada precisamente por todas as coisas que adquirimos ou aprendemos durante a vida, ou seja, modos de pensar, sentir e atuar meramente mecânico.

Sem sombra de dúvida, o homem-máquina, o robô-humanoide, perde desde criança essa faculdade conhecida como Percepção Instintiva das Verdades Cósmicas, e fica sujeito, graças a uma educação equivocada, a atuar em razão dos múltiplos eventos exteriores e de choques acidentais que originam em seu interior determinadas mudanças, quase sempre errôneas ou não coincidentes com o acontecimento em questão.

Os Eus que desde cedo assumem o controle dos Centros da máquina orgânica vêm à existência por causa da pressão dos dramas, tragédias e comédias que, quer queira quer não, o animal intelectual, acontecem na escola da vida.

Por culpa de nossa própria mecanicidade, a Essência perdeu suas possibilidades de manifestações, já que toda forma de ação consciente foi substituída pelo automatismo, a materialidade grosseira e a ignorância do que realmente somos. O Eu a que se refere a psicologia gnóstica, ao não transformar as impressões, desenha novas autoimagens, nova série de hábitos, costumes, movimentos, ilusões, palavras etc., que finalmente servem para nos converter em autômatos com a consciência profundamente adormecida.

Quando uma impressão entra na máquina orgânica sem ser transformada, é imediatamente interceptada pela personalidade mecânica e, mediante certos dispositivos, enviada a lugares ou Centros equivocados, prejudicando o funcionamento normal dos Centros e adormecendo ainda mais a Consciência.

Obviamente, quando uma impressão é captada sem a intervenção do terceiro estado de Consciência, ou seja, quando a pessoa está em estado de identificação, os diversos elementos psicológicos movem-se sem controle algum, reagindo mecanicamente. A auto-observação permite que a luz da Consciência ilumine esses aspectos mecânicos de si mesmo, tendo como resultado o Autoconhecimento.

As primeiras tentativas de auto-observação do Centro Motor encontram um sério obstáculo nos automatismo inconsciente, especialmente nos hábitos e costumes ligados à Falsa Personalidade.

Certamente, nunca é tarefa fácil perder toda identificação com os acontecimentos de nossa própria vida. No entanto, se queremos corrigir o trabalho equivocado do Centro Motor, devemos nos despojar de certar atuações mecânicas que comumente adotamos por imitação, mas que são na realidade inúteis e prejudiciais.

A tendência a imitar os gestos e atitudes dos outros é uma característica muito marcante no animal intelectual equivocadamente chamado Homem.

Os esportes violentos (boxe, futebol, levantamento de peso, caratê etc.) constituem-se num atentado contra o Centro Motor, pois esgotam os valores energéticos que a Natureza colocou nesse cilindro. Note-se, entretanto, como se têm massificado esses esportes brutais, graças precisamente à imitação.

Tampouco escapam do derrame de energia motora os artistas de cinema e da tevê, os fanáticos de todos os esportes, os que abusam do trabalho físico, os que se deixam dominar pela ira corporal e pela cólera ou ira da língua, os que não podem deixar de falar nem um só momento, os que vivem sob tensões desnecessárias etc.

A luta contra o automatismo só pode ter sucesso com a ajuda da atenção consciente, plena, natural, espontânea, ante cada movimento que realizamos. Porém, o controle definitivo sobre as infinitas possibilidades desse Centro somente pode ser adquirido com a aniquilação total do Eu psicológico.

As práticas gnósticas, a vocalização, meditação e oração conscientes colocam o Centro Motor em plena harmonia com o Infinito, obtendo-se então estados de relaxamento voluntário que ajudam a equilibrá-lo.

Finalmente, na vida diária é necessário aprender a relaxar conscientemente o corpo físico, tratando de recordar-se de si mesmo, assim com aprender a não gritar, a não gesticular, tudo com o propósito de se autoconhecer e de economizar energia motora.