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Bye,
Bye Depressão
Por: Maria Aparecida Diniz Bressani
Assumir a própria impotência diante da vida
gera, em muitos momentos, desanimo ou ansiedade para qualquer um, mas para
quem sofre de depressão a vida foi, é e sempre será um fardo inútil a ser
carregado (mesmo que por muito tempo tenha fingido para si mesma que era
feliz).
Nada tem graça e nada é suficientemente estimulante e atrativo que a
mobilize a sair deste estado total de apatia.
Depressão é estar muito, muito, muito triste. É uma tristeza tão grande
que ultrapassa a própria tristeza, porque quando ficamos apenas tristes
nos recolhemos e choramos, mas logo passa e isso pode ser algumas horas ou
alguns dias. Porém, na depressão esses dias se transformam em semanas, que
se transformam em meses, e, estes, em anos. E o que é pior é que a própria
vida vai sendo levada junto com esta enxurrada de dor e tristeza que não
tem mais fim.
É uma sensação de desilusão com a vida, a ponto de querer morrer.
A pessoa vai passando pela vida meio morta-viva e o sentimento de
incapacidade de mudar esta situação, ou qualquer outra, vai aumentando
progressivamente conforme passam os dias, os meses e os anos.
Pode ser desencadeada por vários fatores: perdas importantes (por exemplo:
morte de alguém muito querido, divórcio, perda do emprego), o pós-parto;
ou o fato de estar passando por alguma situação traumatizante (como por
exemplo: roubo, seqüestro, absorver notícias trágicas pela TV) ou devido à
doenças físicas (por exemplo: problemas do coração, câncer, diabetes, ou
outras).
Tais situações normalmente nos colocam frente a frente com a consciência
de nossa pequenez e da impotência diante da vida, e a partir deste
instante, caso exista predisposição, a pessoa pode desencadear a doença.
Depressão é um distúrbio do humor, que tem característica predominante
sobre o psiquismo, levando a pessoa acometida a sofrer um desequilíbrio
nas relações interpessoais, ou seja, a pessoa começa a isolar-se, a olhar,
sentir e perceber a vida sempre pelo ângulo derrotista e pessimista.
É uma doença crônica, que tem como principais manifestações o retraimento,
falta generalizada de interesse, desanimo, choro constante, sensação de
inutilidade perante a vida, perda total (ou quase) do desejo sexual (sua
libido está recolhida) e que freqüentemente manifesta a idéia de suicídio.
A pessoa percebe o futuro com desanimo ou ansiedade. Portanto, passa pela
vida arrastando-se com total e absoluta desmotivação. O alto nível de
ansiedade é gerado ao sentir-se completamente pressionado a “ter que” agir
ou resolver qualquer situação (tomar decisões) sem se sentir em condições
para tanto. Este fato muitas vezes, pode estar sendo confundido com a
irritabilidade.
A depressão tira a pessoa da vida, pois tira o prazer de viver. A palavra
prazer não faz parte do seu vocabulário, pois não consegue perceber razão
nenhuma em sua vida para que tal sensação esteja presente. Vai se
afastando da vida e das situações que promovam as relações interpessoais.
Não se acha com direito de reivindicar nada de ninguém, pois, da mesma
maneira que sente a própria vida como um fardo, também se sente assim na
vida das pessoas, como se ocupasse um lugar na vida delas que não fosse
seu por direito. Acaba por ser muito dura consigo mesma.
Vai vivendo sua vida cheia de apreensões pessimistas, onde nunca se sente
dando conta, numa visão até mesmo fatalista. Normalmente o depressivo
“pinta” para si um quadro muito negro da vida, no máximo cinza (dependendo
do grau de cronicidade).
O grande fardo que carrega, na verdade, é um só: a culpa. Culpa por
existir! Como se não tivesse direito para tal. Por isso torna-se muita
vezes cruel consigo mesmo, sendo extremamente rígido e intransigente,
procurando “ocupar” o menor espaço possível no mundo e na vida das
pessoas, privando-se de todo e qualquer prazer.
Nada de lazer, nada de receber amor ou expressão de afeto, nada de
usufruir qualquer coisa, nada de felicidade. Embora muitas vezes perceba o
contrário; são as pessoas que não se aproximam, são as pessoas que não são
amorosas e por ai vai. Afinal, não sabe receber - seja lá o que for –como
se não tivesse direito.
A tendência, então, é cada vez mais curtir o isolamento e a amargura,
aumentando mais e mais a sensação de falta, pois é exatamente isto que
vive - integralmente - na vida: a falta!
Coloca-se na autoprivação. Não consegue ver a abundância da vida, nem a
própria capacidade de superação, colocando-se, portanto, na condição de
abandono e privação.
Tudo isto é fruto daquele grande fardo: a Culpa. Sente culpa por existir,
culpa por sentir necessidades físicas e emocionais.
Às vezes, as pessoas estão desanimadas e magoadas, sentindo que quando
tentam algo para melhorar sua vida acontece o contrário, sentindo que não
conseguem se relacionar harmoniosamente com as pessoas e muito menos
amorosamente. Isto pode ser depressão. Pode estar em um grau mais ou menos
intenso, mas, muito provavelmente, é depressão. Precisa passar por uma
avaliação e caso seja realmente depressão é necessário tratamento
profissional.
A depressão sendo, então, orgânica, seu tratamento se faz através de
medicamentos antidepressivos. Mas, a depressão também é de fundo
emocional, então, o medicamento vai apenas aliviar os sintomas físicos e
suavizar os sintomas emocionais, como a apatia diante da vida, mas não vai
resolver a causa emocional. Mas, só a psicoterapia levaria um tempo
exageradamente extenso para tirar a pessoa da depressão, gerando grande e
desnecessário sofrimento ao paciente. Então, é fundamental, no caso da
depressão, um tratamento casado: medicamento + psicoterapia.
Os remédios antidepressivos vão agir sobre as substâncias químicas do
cérebro que estão alteradas, normalizando-as.
A psicoterapia vai trabalhar as “verdades” e crenças que colocaram a
pessoa na depressão.
Existem várias alternativas para o tratamento da depressão atualmente,
como os florais, a acupuntura, a meditação e as mentalizações (como as
técnicas de neurolingüistica). Jung nos oferece a técnica de mentalização
que ele chamou de imaginação criativa. São todos tratamentos que tiram a
pessoa do estado de depressão com grande eficácia e dão a possibilidade da
pessoa se relacionar com a vida num nível mais elevado, construtivo e de
confiança, revendo sua auto-imagem e os significados que dá para a vida e
as situações em que vive, resgatando a fé, a esperança e uma perspectiva
positiva de futuro para si e para sua vida.
Então, dependendo do caso, a pessoa em depressão, pode se utilizar,
juntamente com a psicoterapia, estes outros tratamentos e não,
necessariamente, medicamento antidepressivo.
Todos os nosso sentimentos e problema de saúde emocional ou físico são
como “sintomas” do nosso estado de espírito ou de alma.
Acredito que toda doença - física ou emocional - seja predominantemente
psicossomática. Por que tem pessoas que desenvolvem uma doença e não
outra? E por que tem pessoas que desenvolvem uma doença num nível até
mesmo fatal enquanto outras pessoas que adoecem da mesma doença depois do
“susto”, curam-se, às vezes, até rapidamente...
A genética já nos provou que trazemos - cada um de nós - em nossa
ontogenia - pré-disposição para desenvolver uma ou outra doença; mas,
acredito que temos também uma pré-disposição psicológica para desenvolver
um ou outro estilo de vida. Então, dependendo da pré-disposição
psicológica podemos desenvolver ou não uma doença. Caso a pré-disposição
ontogenética seja muito forte, e dependendo da pré-disposição psicológica,
a doença pode acontecer em maior ou menor grau. Acredito que o fator
psicológico seja predominante na vida da pessoa, tanto para a saúde como
para a doença, física ou emocional.
A depressão é uma doença reconhecidamente hereditária; portanto, se a
pessoa tem principalmente pai, mãe ou irmão que têm ou que já tiveram
depressão, é um forte candidato a desenvolver a doença.
Então, partindo desta idéia - da pré-disposição psicológica - entendemos
que a pessoa que tem depressão, desenvolve a depressão “cultivando”
crenças e um estilo de vida que a coloca nesta condição.
É claro que tudo acontece inconscientemente, porque ninguém,
conscientemente, vai querer viver no sofrimento em que a depressão o
coloca.
As nossas crenças são formadas por idéias. Para se “colocar” nesta
condição - depressão - são “necessárias” idéias sobre si e sobre a vida
muito negativas, duras, amargas, implacáveis e onde impera o desamor.
Para a cura da depressão, a psicoterapia vai trabalhar essas idéias
negativas e autodestrutivas, resgatar a auto-estima, recuperando o direito
à vida e a um lugar no mundo, por direito. Neste caso, e dependendo do
caso, a utilização de tratamentos alternativos associados à psicoterapia
acelera, significativamente, a cura.
Para sair da depressão é preciso fazer pequenas e muitas coisas, mas tem
que ser de forma determinada. A pessoa precisa estar determinada a se
auto-ajudar.
Viver e se desenvolver como pessoa e ser humano dá trabalho, mas não
precisa ser com sofrimento e dor, muito pelo contrário; a vida pode ser
leve e prazerosa, é preciso, apenas, olhar com outros olhos a paisagem que
se nos descortina. Podemos pintar a nossa vida com cores escuras ou
claras, nós escolhemos. Precisamos sempre apostar na Vida - a Vida é bela!
É preciso aprender a se auto-elogiar; elogiar uma comida saborosa que se
fez ou um trabalho bem sucedido - mesmo que seja uma coisa simples - foi
você quem fez!
Não precisa esperar por ninguém: elogie-se!
Há como sair do estado de depressão. É preciso buscar os caminhos!
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