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Individualidade
e Egoísmo... É a Mesma Coisa
Por: Sirley Santos M. Bittú
É especialmente comum a confusão entre individualidade e egoísmo.
Porque essas coisas se misturam tanto? Como desenvolvemos nossa individualidade
e nossa capacidade de nos relacionarmos intimamente? Onde aprendemos qual
sentimento é feio ou bonito?
Somos educados para os outros, para o social ...”diga obrigado quando receber
algo de alguém- principalmente de estranhos” . Não é esquisito isso?? A
intimidade implica em desrespeito, então? Em desvalor? Quantas vezes ouvimos:
“V. é de casa mesmo... não tem problema... ele(a) espera” ... ou aquela
velha e conhecida frase: ... “primeiro as visitas”!
Dificilmente nos dizem: ... “aprenda a se respeitar!”... “Seja grato ao que
recebe, mas não se torne por isso, um eterno devedor” ... ou o inverso
...”doe apenas o que tem senão estará correndo o risco de se tornar um eterno
credor”... “Saboreie suas vitórias valorizando também sua capacidade e seu
potencial que o ajudou em suas conquistas” ...e não apenas “ofereça” os créditos
aos outros, ou ao acaso... ou a eterna “sorte” .
Ouvi certa vez, uma definição interessante: “sorte é o encontro do talento com a
oportunidade!”, é dessa interação: eu (talento) – mundo
(oportunidade) que estou falando.
Sou psicoterapeuta a mais de 10 anos e posso contar nos dedos de uma mão, o
numero de pessoas que conheci que foram educadas a se respeitar em primeiro
lugar. E a culpa? E a dúvida... será que “isso” não é egoísmo ou falta de
educação?
Nascemos emocionalmente misturados com o meio, enquanto bebês nossas sensações,
desejos, e percepções ainda não são sentidas como nossas, fazemos parte de um
todo confuso e complexo. Fantasia e realidade ainda estão indiferenciados. Nesse
momento somos ”naturalmente egoístas”, não existe o outro, tudo é eu.
A nossa percepção, nossa forma de entender, sentir e encarar a realidade nasce
daquilo que aprendemos e descobrimos durante esse processo de formação da
identidade, através de nossas relações. Nossas crenças, nossos valores, nossa fé
nas mais diferentes coisas emergem da substancia da ilusão compartilhada em
parte pela humanidade e em parte pelo crivo de nossa família e das pessoas que
ajudaram a construir nossa matriz de identidade.
Todas as vivências e experiências pelas quais passamos, são filtradas pelos
nossos parâmetros, que influenciam o nosso olhar. Portanto não existe uma única
realidade, existem inúmeras formas de entender e compreender a mesma situação.
Como diz o jargão popular: “depende do ponto de vista”.
A individualidade poderia ser vista como essa forma particular de sentir,
perceber e decodificar o mundo que nos cerca. Para podermos exercitá-la e
desenvolve-la é necessário respeito. Estou definindo como respeito a capacidade
de permitir ao outro “ser”, expressar suas particularidades, suas
características genuínas, seu potencial criativo e espontâneo; trata-se da
aceitação do outro como ele é.
Para isso precisamos de coragem e humildade, para perceber que existem várias
verdades e em diferentes ordens hierárquicas, ou seja, o que é importante para
você pode ser importante para mim, não necessariamente na mesma ordem, ou pode
simplesmente não ser; por se tratar de valores ou visões diferentes. As pessoas
não são feitas à ”nossa imagem e semelhança”, são diferentes, pois são resultado
de sua própria história, e de suas singularidades. Quem te disse que o seu certo
é o certo?
O egoísta só se relaciona consigo mesmo, não percebe o outro, porque seu olhar
esta confuso, perdido na própria imagem.
O auto-respeito é diferente do egoísmo. Desenvolvemos nossa capacidade de nos
relacionar de forma saudável, no difícil aprendizado de assumir gradativamente a
responsabilidade por nossa própria vida, por nossas escolhas e por nossas
características boas ou não. Paralelamente descobrimos a importância do outro em
nosso desenvolvimento e sua influência em nosso crescimento emocional.
A pessoa que respeita a própria individualidade percebe que existe independente
do outro, ela é mas ao mesmo tempo torna-se interdependente do meio, numa
relação de troca, numa dança delicada e prazerosa.
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