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Síndrome
do Pânico: A Carreira do Homem Moderno
Por: Sirley Santos M. Bittú
A Síndrome do pânico tornou-se conhecida por seus vários
sintomas: palpitações, tonturas, dificuldades para respirar, dores no peito,
sensação de formigamento ou fraqueza nas mãos, e quase invariavelmente um medo
secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Geralmente esses
sintomas não estão restritos a uma situação específica, o que os torna portanto
imprevisíveis. Esta doença de fundo emocional, traz em sua base um medo intenso,
desmedido e incontrolável que vai tomando proporções assustadoras.
Quando se sofre de Pânico, cada crise aumenta a ansiedade e o medo da próxima,
tornando a doença um ciclo. Como resultado a pessoa passa a evitar tudo o que
possa aproximá-la da situação que lhe causa temor de forma cada vez mais ampla e
genérica a ponto de qualquer estímulo poder tornar-se uma ameaça.
O ser humano percebe, sente e compreende o mundo e os estímulos que recebe de
forma muito particular, em diferente intensidade, variando de acordo com as
características físicas e emocionais de cada um. Durante toda a história da
humanidade o medo esteve presente, protegendo, quando aprendemos a traduzi-lo em
cautela e sensatez e fazendo sofrer ao nos tornar escravos de nossas ilusões e
de nossa impotência, limitando-nos e roubando nossa espontaneidade e nossa
criatividade. Muitas vezes esse medo é nutrido por um entendimento equivocado
sobre os valores pessoais, fruto, entre outras coisas, da falta de conhecimento
de nossas potencialidades, preconceitos e baixa auto-estima. Desde nossa
infância precisamos aprender a enfrentar nossos medos para termos a
possibilidade de viver feliz e em paz.
O medo patológico é um sentimento que se fortalece no desconhecimento, é o
resultado da falta de fé em si e no mundo. A fé não é algo que possamos treinar,
a fé implica em entrega, não de forma ingênua pois transformaria-se em
alienação, mas de forma consciente e íntegra, multiplicando-se em
disponibilidade para perceber-se como um ser ao mesmo tempo insignificante e
genuinamente especial, singular entre todas as criaturas. Ter fé implica em
saber exatamente quem é, com seus próprios limites e contradições. Em nossa
mente a fé nasce do espaço intermediário entre a fantasia e a realidade. É vital
para o desenvolvimento humano e sua transcendência, pois implica na noção de si
e do outro, em respeito, dignidade, generosidade, amor, enfim, implica na noção
do todo, fornecendo-nos parâmetros existenciais.
O amor que recebemos de nossos pais, parentes e amigos ou mesmo das pessoas com
quem nos relacionamos durante nossa vida, alimenta as reservas de esperança e
fé, que possuímos. Quando o ser humano não recebe amor, respeito, compaixão,
solidariedade ele torna-se amargo, violento, rude, incrédulo no outro e
consequentemente, em si mesmo.
A pessoa que sofre de crises de pânico não é necessariamente a que não recebeu
amor, mas é aquela que não tem certeza do amor que recebeu ou não o tem
internalizado, tornando-se uma pessoa insegura e frágil emocionalmente,
sentindo-se “pobre” em recursos internos para sua autoproteção. Volta-se mais às
possibilidades de morte do que às de vida. Não trata-se de uma escolha, a
ansiedade e o desespero invadem sua vida cegando-a.
Essa Síndrome tornou-se a carcereira do homem moderno por gradativamente retirar
seu direito à liberdade de se relacionar seja com as pessoas, seja com a vida.
Como todas as dificuldades ou qualquer tipo de doença, quanto mais rapidamente
se inicia um tratamento melhores são os prognósticos. Segundo as pesquisas mais
recentes da OMS, os tratamentos indicados como tendo os melhores resultados, são
os que associam a medicação à psicoterapia.
Aprender a pedir ajuda é um ato de coragem e de fé, independente de qual seja o
tipo de dificuldade. Algumas pessoas desacreditam que possam ser ajudadas,
tomando uma atitude de suposta auto-suficiência, evitando dividir suas dores e
angústias, o que muitas vezes provoca um agravamento dos sintomas, tornando os
tratamentos mais sofridos e doloridos.
Acreditar em si e respeitar-se alimenta e fortalece nossa auto-estima; negar
nossas dificuldades ou tentar escondê-las apenas nos enfraquece. Entender que
existem dificuldades e limites é ao mesmo tempo, desmistificá-los e aceitar
nossa condição humana, num processo dinâmico de desenvolvimento e
amadurecimento.
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