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As
Famílias e os Novos Tempos
Por: Sirley Santos M. Bittú
Os tempos são novos e com eles aumenta nossa necessidade de
aprimorar e rever nossos modelos.
Na família clássica tradicional o homem constituía a principal e única fonte de
renda, ele era o pilar, a estrutura da casa. Da mulher esperava-se o zelo pelo
lar e pelos filhos e a poucas era permitido executar trabalho externo. A mulher
mantinha com o passar dos anos uma característica de dependência afetiva e
financeira tanto do marido como dos filhos.
O modelo emocional acompanhava esse padrão de agressividade e força para o homem
e passividade e fragilidade para a mulher.
Atualmente esses conceitos têm mudado consideravelmente. A agressividade,
principalmente em seu aspecto de impulso para a vida, a determinação, a
capacidade intelectual, a avidez para os negócios, a produtividade e até mesmo a
força física não são mais atributos referidos apenas ao sexo masculino. Da mesma
forma que a generosidade, a força emocional, a capacidade de amar, a capacidade
de expressar sentimentos e emoções, não são mais vistos como atributos
essencialmente femininos.
A sociedade está gradativamente desenvolvendo a capacidade de reconhecer esses
atributos como necessidades para o auto desenvolvimento pessoal, inerentes tanto
aos homens como as mulheres. Essa clássica divisão: homem forte / mulher frágil,
resultante de uma sociedade patriarcal não tem mais lugar nos dias de hoje.
O desenvolvimento emocional e social da mulher colaborou para ela assumir mais
espaço na sociedade e com isso alterar nossas concepções de família. Ao passo
que as mulheres passaram a refletir sobre seu papel no mundo de forma mais
ampla, consequentemente o alteraram significativamente.
Hoje a mulher trabalha fora e as tarefas do lar são cada vez mais aceitas como
algo que cabe a todos da casa e não apenas à parte feminina da família. Apesar
disso, é natural que ainda existam muitas pessoas que não conseguem se adaptar a
esses novos tempos principalmente aquelas que tem nessas tarefas seus
referenciais de masculinidade ou feminilidade. Isso acontece porque algumas
pessoas se reconhecem, a partir do que fazem concretamente, entendendo essas
habilidades como únicas e com isso, perdendo a noção de seus potenciais e
possibilidades.
Na verdade o homem também mudou sua forma de agir, aprendeu a falar de
sentimentos, reclamar de tanta responsabilidade e passou a ter coragem para
assumir a própria fragilidade.
São mudanças radicais que interferem diretamente em nossas concepções de
família. Hoje temos novos parâmetros construídos através da realidade social e
cultural que estamos vivendo, esses parâmetros mudam a forma como nos
comportamos, mas não mudam o essencial, o que une as pessoas em torno de uma
instituição chamada família.
Sempre ressalto em meus artigos que não podemos perder de vista que o ser humano
é um ser social, precisa estar em relação para se desenvolver emocionalmente,
aprender a lidar com as alegrias e com as frustrações.
A família é nosso segundo útero, é nosso útero emocional. A partir dela
desenvolvemos nossas crenças e nossa visão de mundo. O entendimento de tudo que
vivemos, o filtro que usamos para decodificar nossas vivências começa a ser
construído a partir do que aprendemos com as pessoas que estão diretamente
envolvidas com nosso desenvolvimento. Essa proximidade afetiva proporcionada
pelo grupo familiar, nos ensina a amar e a nos relacionar, e isto, me parece ser
imutável. Por mais que as pessoas reinventem seu "script" ou troquem as funções
que cada uma exerce dentro da família, ainda continua sendo necessária a
harmonia entre os papéis que cada um desempenha, e sem dúvida continua sendo
essencial o exercício do amor, do respeito e da responsabilidade.
A família continua sendo, apesar de todas as mudanças que vivemos, um lugar para
desenvolvermos esses atributos e iniciarmos nossa vida social de forma adequada
e equilibrada.
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