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TPM
Como Sintoma
Por: Maria Aparecida Diniz Bressani
TPM é uma síndrome que apresenta um conjunto de sintomas
psico-físico-emocional e atinge cerca de 80% das mulheres em fase
reprodutiva.
No campo psíquico, vemos predominância da ansiedade, excitação e
agressividade. No campo emocional, crises acentuadas de depressão, ou
estados depressivos, com forte sentimento de desesperança e tristeza
profunda; sentimentos de rejeição e pensamentos auto-depreciativos;
irritabilidade e facilidade para chorar; além de dificuldade de
concentração em atividades do cotidiano, insônia e mau humor.
Acontecem também alterações físicas, como a retenção de líquidos, inchaço,
dores musculares, de cabeça, nos seios e dores em geral; há também
acentuado desejo de comer algum tipo de alimento, sobretudo doces e
chocolates, ou um aumento generalizado do apetite. Todos esses sintomas e
outros mais são decorrentes da mudança hormonal, típica do próprio ciclo
menstrual da mulher; somados ao stress decorrente do ritmo e qualidade de
vida que a mulher vive.
O tratamento, normalmente, é feito através de recomendação de exercícios
físicos, vitaminas e/ou anti-depressivos.
Por que algumas mulheres não têm TPM? Por que outras têm
alguns sintomas mais acentuados e outras, menos? E, por que outras
mulheres, ainda, têm um quadro gravíssimo de sintomas deixando-as com a
sensação de falta de controle sobre si mesmas?
Entendo que as doenças desde as mais leves, como uma
gripe, por exemplo, ou a TPM, até uma mais grave, como um câncer têm como
fator decisivo desencadeante o psiquismo. Se pensarmos numa simples gripe,
por exemplo, por que algumas pessoas “pegam” mais gripes que outras? Por
que algumas pessoas demoram mais para se curarem e outras, recuperam-se
mais rapidamente de uma mesma doença? Vírus estão no ar o tempo todo
convivendo conosco, então, porque não somos “atacados” constantemente por
eles e, sim, somente em algum determinado momento? Por que estamos
vulneráveis e com baixa resistência num momento e em outros, não?
Acredito que as doenças inclusive a TPM são
psicossomáticas.
Esclarecendo a tempo: doença psicossomática é uma doença real em todo o
seu quadro de sintomatologia física, que precisa ser tratada com
medicamentos, mas, tem como fator determinante o psiquismo.
E, como estudiosa do psiquismo humano, acredito que,
inconscientemente, “escolhemos” nossas doenças como última instância
para despertar e refletir e, obviamente, mudar nossas crenças e
comportamentos.
Podemos tratar os sintomas da TPM, seja com um complexo
vitamínico e/ou algum anti-depressivo; mas é preciso tratar a “causa”,
caso contrário, a mulher torna-se refém, mês a mês, dos seus sintomas,
tornando-a incapaz de viver, nestes períodos, sua vida com liberdade e
assertividade.
A meu ver, tratar apenas seus sintomas é paliativo, pois
no mês seguinte lá estão eles, à sua revelia, perturbando e alterando sua
vida de uma forma geral.
Como psicóloga, entendo que qualquer situação que se
repete na vida de alguém e, aí incluo a TPM acontece para que ele
reflita sobre as suas crenças e atitudes no que concerne à sua pessoa e à
sua própria vida.
A TPM, com seu conjunto de sintomas, e de como e quanto perturba sua vida
pessoal e profissional é um “sintoma” de que há algo de errado com a
mulher.
Na fase do ciclo menstrual em que ocorre a TPM há extrema sensibilidade e
tudo o que acontece neste período atinge intensamente a mulher. O que
antes a mulher relevava, deixava passar e procurava dar pouca importância,
nesta fase tem-se a impressão que ocorre o contrário. De fato, ocorre o
inverso dos outros momentos!
Acredito que justamente por a mulher estar, realmente,
extremamente sensível “com a sensibilidade a flor da pele” que tudo o
que vive é sentido muito mais intensamente, portanto, sua reação também
será intensa e super-dimensionada à situação em si.
Acontece que, antes, as situações eram sub-valorizadas e
sub-dimensionadas em prol das relações ou da imagem que a mulher quer
preservar; porem, durante o período em que ocorre a TPM, estando ela com
elevado nível de sensibilidade, tudo a atinge de forma impactante,
tornando muitas vezes insuportável o que era antes suportável.
Vemos, então, que por força da alta sensibilidade deste
período seu nível de tolerância cai em progressão geométrica em relação
aos momentos anteriores.
Portanto, a mulher deve ficar atenta ao que lhe acontece no período da TPM,
pois suas reações vão “sinalizar” onde podem estar algumas de suas
dificuldades e fontes geradoras de stress e frustrações.
Não justifique uma crise de choro ou uma explosão emocional, por exemplo,
ocorridas durante este momento com “Ah, eu estava de TPM!”, como se não
fosse nada. Ao contrário, o que acontece de “diferente” aí deve ser
observado com atenção.
Embora não conheça nenhuma pesquisa neste sentido, acredito que a TPM seja
uma doença da mulher moderna, sobrecarregada com atividades e obrigações
múltiplas; com alto grau de exigência, onde ela tem que dar conta de tudo,
100% e perfeitamente.
Essas atividades múltiplas e o alto grau de exigência pessoal e social
geram elevado nível de pressão interna e externa e, conseqüentemente,
levam a um stress tal que o organismo e o psiquismo não conseguem
absorver, elaborar e transformar, revertendo assim numa sintomatologia
patológica: a TPM, por exemplo.
Parece que a mulher na atualidade esqueceu-se do que é ser mulher, sobre o
seu papel diante do homem e da sociedade.
O caminho que a mulher percorreu em nossa história ocidental, na busca de
liberdade e autonomia do homem e na sociedade, fez com que ela se
afastasse de si própria, negando seu próprio ritmo e necessidades
femininas.
Ela conseguiu provar para si, para o homem e para a sociedade, sua
inteligência e competência (dentro do universo masculino), mas a um preço
muito alto, que foi ignorar a sua importância como mulher para a sociedade
humana apenas por ser mulher.
Vive hoje num ritmo “como se” fosse um homem (até mais sobrecarregada!).
Homem é diferente da mulher: tem outro processo fisiológico, hormonal e
psicológico. E, parece, que a mulher esqueceu-se disso. Esqueceu-se que
mulher é diferente do homem. Por isso, seu corpo “grita” através dos
sintomas da TPM, para despertá-la para a “sua” realidade como mulher.
É preciso que a mulher se redescubra enquanto mulher. Aprenda a
valorizar-se, agregando suas qualidades naturais, como, por exemplo, sua
receptividade e sensibilidade com as ‘recém descobertas’, tais como, a
capacidade de estratégia e objetividade.
A mulher deve ser a primeira a dar o devido valor para o seu papel e o que
este representa dentro da sociedade humana, começando consigo mesma.
Como disse anteriormente, qualquer situação que reincida na vida de alguém
acontece para que a pessoa pare e reflita. Não acredito que o que passamos
na vida e que chamamos “sofrimento” seja apenas para nos prejudicar
gratuitamente, mas, sim, para “despertar”, refletir e resolver.
Para a mulher, a reincidência da TPM mostra o quanto ela não está
respeitando o seu ritmo e suas necessidade psíquicas, emocionais e
fisiológicas.
Para curar a TPM, a mulher precisa curar a causa, que é resgatar-se como
mulher, despertando-se para seu autovalor e auto-estima e começar
respeitando seus ritmos fisiológico, hormonal, psicológico e emocional.
A TPM, então, como “sintoma” existe na vida da mulher para que ela
desperte, desperte para si mesma!
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