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Viver
a Vida Integralmente
Por: Maria Aparecida Diniz Bressani
Viver a vida é realmente uma grande viagem.
É no viver que vamos nos descobrindo.
Infelizmente, vivemos continuamente no “automático”. Viver no “automático”
é viver na limitação, pois temos uma ou, no máximo, duas respostas para
casa situação de vida e quando aparece uma situação nova vamos buscar uma
resposta antiga e arquivada que chegue o mais próximo possível da
necessidade do momento. Configura-se então uma vida restrita e sem
horizonte para expansão.
As situações de vida estão a serviço de nossa evolução e desenvolvimento
pessoal, enquanto indivíduos e seres humanos e por isto precisamos
desenvolver não apenas uma nova forma de olhar tais situações, mas também
apurar o nosso olfato, nosso paladar, nossas sensações e nosso saber
ouvir.
Apurar todos os nossos sentidos não significa fazer o contrário, mas sim
diferente. O que nos permite fazer diferente é, primeiramente, a
auto-observação de como nos relacionamos com as situações e pessoas na
nossa vida para, pouco a pouco, introduzir respostas diferentes,
utilizando todos os outros recursos e sentidos até então inativos ou pouco
utilizados.
Precisamos ousar. Apurar nossos sentidos é experimentar perceber cada
situação de vida sob novo prisma; cada situação, mesmo que seja com a
mesma pessoa com quem nos relacionamos, é nova, afinal devemos entender
que todo dia aprendemos algo novo.
Para desenvolver um novo olhar sobre a vida, precisamos, antes de mais
nada, desenvolver um novo olhar sobre nós mesmos. Perceber-nos diferentes
de ontem, pois já vivemos mais um dia e conquistamos um pouco mais de
experiência. Saber olhar diferente, perceber que a situação que se
apresenta a nós é nova só porque já somos outros, diferentes do que éramos
ontem.
Ouvir com novos ouvidos, ou seja, buscar compreender os porquês e os
significados das atitudes das pessoas e as nossas próprias. Ouvir mais
atentamente uma música. Ouvir todos os ruídos à sua volta e perceber que
há vida.
Sentir na pele as texturas do que se toca. Qual a sensação? E os aromas?
Já percebeu quantos são os cheiros que nos atraem e os que nos causam
repulsa? E quando comemos, será que prestamos atenção ao sabor dos
alimentos, da fruta ou do doce?
Sentir mais a vida.
Todo este processo leva-nos ao desenvolvimento da intuição, que é a
capacidade de perceber e compreender – através do conjunto de todos os
nossos sentidos – antes mesmo de passar pelo crivo da razão.
Apurar nossos sentidos é nos voltar para a nossa própria vida. O processo
de autoconhecimento é exatamente isso: voltamos para a nossa vida passada
e a percebemos sob um novo prisma; voltamo-nos para a nossa vida atual, a
observamos e nos permitimos vivê-la diferente, atuando mais e mais com
todos os nossos sentidos, cada vez mais aguçados.
Precisamos nos permitir – dar permissão a nós próprios – que cresçamos e
nos desenvolvamos, nos consentindo perceber e sentir (com todos os
sentidos), a vida. Caso contrário estamos passando pela vida meio vivos,
meio mortos, porque uma parte nossa atua, e outra dorme, inativa.
Precisamos acordar para a vida, viver integralmente. Interagir com as
situações e com as pessoas utilizando todos os nossos sentidos.
Desenvolvendo melhor nossos sentidos – acordando-os para a vida – vamos
despertando para todas as sutilezas nas quais somos envolvidos; vamos nos
sensibilizando para todos os estímulos recebidos, vamos apurando o ser
humano que somos, tornando-nos seres mais plenos e totais.
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