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Com
a Ajuda dos Deuses
Gregos
Por: Maria Aparecida Diniz Bressani
Nós, humanos, somos seres complexos. Temos necessidades a serem
satisfeitas que, em muitos aspectos, se conflitam. Como um quebra-cabeça
montamos nossa personalidade e precisamos que todas as partes deste
quebra-cabeça, daquilo que chamamos “Eu”, tenha espaço para se expressar na
nossa vida.
Os papéis que representamos no decorrer da vida, dando expressão para uma
parcela do nosso Eu, são também necessidades a serem supridas. A mulher é filha,
mãe, esposa, namorada, amiga, profissional e dona-de-casa. O homem também tem
seus diversos papéis a desempenhar.
A Mitologia Grega nos legou um presente precioso: os diversos Mitos e que são,
na verdade, representações das mais variadas facetas humanas que vivenciamos no
nosso dia-a-dia durante toda a nossa existência.
Todos nós, homens ou mulheres, temos uma Deméter, um Marte, um Zeus ou uma Vênus
dentro de nós, além de todos os outros deuses e deusas também.... Entretanto,
como cada pessoa “satisfaz” cada um desses deuses e deusas internos e harmoniza
as suas expressões depende de seus valores e crenças.
Imaginemos que a vida é feita de “departamentos”. Cada “departamento” vai
precisar que um deus ou deusa se responsabilize e tome frente para organiza-lo e
coloca-lo em funcionamento efetivo, proporcionando à pessoa sensação de
satisfação e realização dentro daquele “departamento” da sua vida.
Embora um deus ou uma deusa possa ser responsável por um “departamento”
específico isto não significa que os outros deuses estão excluídos e isentos de
participarem e colaborarem.
Por exemplo, no “departamento” de filhos, para a mulher a grande responsável é a
deusa Deméter. É ela que proporciona as qualidades necessárias para que a mulher
seja capaz de acarinhar, nutrir e dar todo amor materno incondicional que tanto
a criança precisa.
Para a mulher viver a relação com seus filhos sob a regência da deusa Deméter é
viver no paraíso – tanto para a mãe quanto para o filho – pois é só um usufruir
mútuo de carinho, aconchego e amor.
Porém, esta mulher também vai precisar da ajuda do deus Kronos para entender,
primeiro, que a responsabilidade de educar aquele ser é dela, pois ela é o
adulto da história (ela pode até contar com a ajuda do pai da criança para
dividir a responsabilidade sobre a educação do filho, portanto são ambos os
adultos, co-responsáveis!). Depois, é preciso ter consciência de que o tempo
passa: aquele seu bebezinho vai crescer e cada fase é uma fase diferente,
exigindo então cuidados e limites diferentes e adequados para cada fase.
O que é muito comum é vermos a utilização negativa deste deus: sendo
extremamente permissiva ou por demais “ditadora” (ou permitindo que o pai o
seja).
Para educar uma criança, a mulher precisa também acessar a deusa Atenas,
racional e objetiva, capaz de estabelecer uma estratégia na educação que lhe
dará, para que a criança possa desenvolver suas habilidades intelectuais e o
relacionamento com seus amiguinhos.
Essas duas deusas associadas – Deméter e Atenas – tornam-na uma mãe amorosa e
didática. Brinca com sua criança, por exemplo, com jogos de montar,
quebra-cabeça e faz sessões de leitura e o deus Kronos lhe permitirá dizer o
“não”, sem culpa, tão necessário para a educação e formação de seu caráter.
Precisará, também, da deusa Ártemis para que possa ensinar sua filha a apreciar
e respeitar a natureza; para orientar seu filho a gostar e tratar com carinho os
bichinhos domésticos (tendo-os ou não). É a deusa Ártemis que pede passeios no
parque, piqueniques e programas de acampamentos junto à natureza.
É bom acionar o deus Zeus para ensinar sobre o respeito à autoridade
(normalmente as mulheres deixam isto apenas a cargo do pai – representante de
Zeus), mas é preciso saber que, como mãe, também se é uma autoridade a ser
respeitada pelo filho.
Plutão também deve fazer parte deste panteão, pois é importante ensinar à
criança a suportar a frustração de uma perda e que saiba que isso faz parte da
vida.
É importante dar espaço também para o deus Marte, entendendo a agressividade
natural da criança, orientando-a e canalizando-a, sem reprimi-la.
Todos esses deuses e deusas presentes e atuando na relação mãe-e-filho precisam
de um porta-voz: Hermes, o deus mensageiro dos deuses. É esse deus que,
associado a cada um dos outros deuses, irá propiciar a comunicação entre a mãe e
o filho e permitir o desenvolvimento da percepção na criança.
É através de Hermes que se mostrará o tom bravo da voz da mamãe quando ela está
zangada (Hermes/Deméter/Zeus/Kronos) ou tom doce e suave quando ela estimula sua
criança a ver a borboleta ou o colorido de uma flor (Hermes/Deméter/Ártemis) ou
tom de felicidade quando a criança consegue ficar em pé e dar os primeiros
passinhos (Hermes/Deméter/Atenas) ou aquele “não” firme e categórico sobre algo
que a mãe sabe não ser possível permitir à criança (Hermes/Deméter/Zeus/Kronos).
Então, podermos perceber que embora seja um campo de responsabilidade de
Deméter, ela precisa da ajuda dos outros deuses para que seu trabalho seja o
mais eficiente possível.
E é assim que acontece nos outros setores de nossa vida: primeiro, devemos
“chamar” o auxílio do deus ou da deusa responsável e “permitir” que assuma o seu
respectivo comando, e depois quanto mais pudermos contar com a ajuda dos outros
deuses e deusas para auxiliá-lo(a) mais eficientes e satisfeitos conosco mesmos
nos sentiremos.
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