|
Jogo
da Sedução
Por: Sirley Santos M. Bittú
A sedução é a expressão da sexualidade, através da sensualidade.
Trata-se do assumir que é alguém que tem desejos e que é passível de ser
desejado. Sedução implica em ousadia, auto conhecimento, confiança, segurança,
desinibição. É um jogo relacional onde você dá sinais de que se interessa pelo
outro e torna-se alvo de sua atenção. Todas as outras atitudes e comportamentos
reforçam ou não o sinal de interesse. Se é correspondido pode avançar alguns
passos e vice versa tudo depende de seu objetivo, preparo emocional e de sua
capacidade para tolerar frustração.
Culturalmente a sedução masculina sempre foi mais explícita e a feminina mais
escondida. Para os homens sedução era sinônimo de virilidade e para as mulheres
de promiscuidade e desvalor.
Com as mulheres conquistando ativamente seu espaço na sociedade e no mercado de
trabalho, consequentemente assumiram mais seu poder e com ele sua liberdade de
ação e atuação de seus desejos, inclusive sexuais.
Hoje a mulher também escolhe, não é apenas escolhida, a relação de sedução é
mais clara, ela não precisa ou não deseja ficar mais no papel de chapeuzinho
vermelho ou da bela que dorme, enquanto seus desejos aguardam ser despertos.
Hoje a mulher está mais para “Mulher Gato” (no filme I’m Batman) sensual, forte,
intrigante e ágil. Aquela velha fórmula de mulher como sinônimo de atitudes
passivas e homem de comportamentos ativos, a muito não reflete a realidade
social.
O homem também mudou, não é apenas o príncipe encantado que tem que ser belo,
rico, forte e “sarado” em seu cavalo branco, ele já aceita dividir a conta do
restaurante ou ajudar nas tarefas domésticas, sem achar que está perdendo sua
masculinidade.
E o medo? O que fazemos com ele? Como sustentar um olhar sem suar frio, como
desmontar o mito - inconsciente, na maioria das vezes, mas algumas vezes
consciente, fruto de preconceitos culturais - que paquerar não é sinônimo de
promiscuidade, não é coisa de mulher que não presta, ou de homem que não vale
nada?! É verdade!! Alguns homens também sofrem com isso.
O medo de se expor se correlaciona com o medo a crítica, a opinião e avaliação
alheia. Algumas pessoas, geralmente as mais tímidas, carregam um equívoco
importante, deduzem que ser o “bom moço” ou a “boa moça” significa não desejar
nada, apenas esperar ser desejado ou escolhido, e consequentemente quem deseja
estaria se oferecendo descaradamente.
Novamente caímos na idéia de bom e mau, mocinho e bandido. O ser humano é bom e
mau, temos as duas coisas , nossa saúde vem da relação que estabelecemos com o
bom e com o mau que existe dentro de nós. Esta relação é guiada ela noção de
respeito que desenvolvemos por nós e pelos outros, e por nosso entendimento de
nossos direitos e deveres como seres vivos e seres sociais.
Desejar é natural e humano, o entendimento que desejo é algo feio ou imoral
advém de uma sociedade baseada nos contos de fada, na separação simplista de
pureza e impureza, bom e mau, céu e inferno, que se afasta da realidade humana e
pior, onde a sexualidade torna-se feia e suja. Obviamente quando me refiro a
jogos de sedução, o estou considerando entre pessoas adultas e autônomas, e não
quando a sedução é usada contra crianças ou pessoas indefesas, nestes casos,
considero um ato absurdo e covarde.
Vamos desmistificar isso, paquerar como disse antes, significa mostrar interesse
, certo? Este interesse primeiramente será de conhecer o outro, não
necessariamente é um pedido “transe comigo”, e mesmo que seja, caberá a você
decidir se quer ou não.
Torna-se mais fácil arriscar quando não se tem nada a perder e difícil quando
não se sabe como reagirá a uma negativa, se você acredita em si e em sua
capacidade de ser aceito, amar e ser amado, em seu “taco”, o medo torna-se
menor.
Quando vemos um homem bonito flertando com alguém dizemos: “ele sabe que é
bonito”... quando o homem não é tão bonito, mas age com segurança dizemos:
bonito ele não é mais tem um “q” à mais... é um homem charmoso... e com as
mulheres é a mesma coisa.
Algumas pessoas dizem “não sei paquerar” ou quando mais velhas...”passei dessa
fase, não tenho coragem, seria ridículo”. O que realmente está em jogo nessas
situações é o medo, medo de não agradar, medo de não ser aceito, de não ser
interessante, não ser inteligente o suficiente, bonito o suficiente, magra ou
suficiente. A diferença entre os “paqueradores” dos primeiros exemplos e estes é
como você lida com seu medo, é claro que o bonitão ou o não tão bonito também
têm medo, mas a diferença é que arriscam, ousam, tentam, usam sua autoestima
como base.
Nossa autoestima é responsável por vários comportamentos que implicam em
segurança pessoal, portanto, procurar cuidar de sua saúde emocional conhecer
melhor suas características pessoais, tanto as boas como as más, será sempre o
melhor caminho para seu desenvolvimento e para melhorar sua qualidade de vida.
O jogo da sedução pode ser algo lúdico e fortalecedor da auto estima quando
utilizado de forma saudável, afinal de contas, quem não gosta de uma “massagem”
no ego de vez em sempre!
Voltar para
Relacionamentos -
Voltar para Pagina Inicial
|