Kundalini, ou o "poder ígneo", é
a grande força magnética, o princípio universal de vida que existe latente em
toda matéria. Também chamada "fogo serpentino", é a vida que flui
através dos centros vitais ou chacras.
Princípio ativo que tanto pode criar como destruir, seu
despertar para uma atividade voluntária visa coordenar as diversas
manifestações vitais num todo harmonioso.
O que é a Kundalini? A palavra sânscrita tem sido
traduzida de várias maneiras, em geral por aqueles que não têm uma
concepção real, seja ela qual for, da função que é a sua marca. Supõe-se
que a raiz da palavra seja o verbo kund, que significa "queimar". Este
é o significado essencial, pois a kundalini é Fogo em seu sentido de
abrasamento. Contudo, temos uma explicação adicional para a palavra no
substantivo kunda, que significa orifício ou cavidade. Isso nos dá uma idéia
do recipiente onde o Fogo arde. Mas há muito mais do que isso. Há também o
substantivo kundala, que significa bobina espiral, anel. Temos aqui um noção
do modo pelo qual o Fogo atua e se desenvolve. A palavra kundalini se originou
de todos esses derivados, que atribuem uma feminilidade criativa ao Fogo, o Fogo
Serpentino, como algumas vezes é chamado, o poder criativo feminino que está
adormecido dentro de uma cavidade, dentro de um útero, despertando para o
movimento rítmico da impetuosa subida e para a emissão de torrentes de Fogo.
Ela é uma palavra que significa o aspecto feminino da força criativa da
evolução, força esta que jaz adormecida, em sua potencialidade específica e
muito particular, como que em posição fetal em um útero, na base da espinha
dorsal humana.
O começo do despertar: Espera-se que o resultado seja um
sutil despertar de uma consciência mais ampla, uma vaga sombra do espírito da
consciência Cósmica. Desse modo, uma fragrância do que pode ser chamado de
ozônio espiritual, se elevará no ar. Exultante, o discípulo estabelece
contato do seu eu inferior com o seu Eu superior de maneira muito mais ampla do
que já tenha feito antes dentro dos limites da sua atual encarnação. Ele
alcança uma desobrigação, uma liberdade. Ele converte-se em um pássaro que
finalmente começa a descobrir como usar as asas, batendo-as alvoroçadamente,
embora ainda incapaz de levantar vôo. Neste afã de voar, ele começa a
distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso, o útil do inútil, o belo
do feio. Embora ele permaneça geralmente incapaz de fazer uso do discernimento
assim despertado, ao menos conhece, experimenta e, mais cedo ou mais tarde, o
conhecimento-experiência transforma-se numa atividade equilibrada. Quando isso
começa a ocorrer, é chegada a hora de aparecerem os primeiros passos da
kundalini, que finalmente, libertará para sempre no indivíduo o Fogo da vida e
colocará sobre sua cabeça a Coroa de Flores do Reino eterno.
Os chacras servem de centros para a manifestação de
várias emoções humanas, como o amor, o medo, a raiva e a alegria. Os chacras
têm sido descritos como centros nervosos que governam os vários órgãos, ou
como rodas giratórias, ou como vórtices que servem para ligar o corpo físico
aos corpos etérico, astral, mental ou casual.
Os chacras também funcionam num contexto prático.
Diz-se que o que experimentamos na vida depende, até certo ponto, do chacra com
o qual estamos sintonizados, pois cada chacra é energizado por atributos
emocionais, mentais, psíquicos e espirituais.
Os chacras podem ser encarados como centros de energia e,
o que é muito mais, também podem representar acesso a outros mundos, a outras
dimensões. O Tantrismo ( são nove chacras, sendo 2 não tão importantes )
descreve os chacras com flores de lótus e domínios habitados por Deuses e
Deusas. Os quatro elementos – Terra, Água, Fogo e Ar – e os sons, os
cheiros e as visões básicas estão associadas aos chacras, como os Cinco
Sentidos.
Eis aqui, portanto, os chacras do modo como são
descritos nos textos do Tantrismo.
1- O CHACRA MULADHARA:
O mais baixo na hierarquia dos sete chacras maiores e dos dois menores,
localiza-se na base da espinha, na região perineal. Nesse chacra a força da
serpente, a Devi Kundalini, jaz adormecida. A Devi tem o brilho do raio e sua
cauda esta enrolada três vezes e meio em torno de uma língua ( símbolo de
Shiva ) de ouro derretido. O chacra Muladhara, com quatro pétalas de lótus, é
presidido pela Devi Dakini, de quatro braços e olhos vermelhos brilhantes,
" portadora da revelação da inteligência sempre pura, e pelo Deva
Brahma, senhor do mundo físico. Esse chacra pode ser chamado de chacra da
experiência física. Está associado à terra e ao sentido do olfato. OBS.:
DEVI = Deusa / DEVA= Deus
2 – O CHACRA SVADHISTHANA:
Possuindo seis pétalas rubras de lótus, localiza-se debaixo do umbigo e na
área acima dos órgãos genitais. É presidido pela Devi Rakini azul, colorida
de lótus e de aspecto furioso, que carrega armas no braços erguidos, e pelo
luminoso Deva Vishunu azul, que também tem quatro braços e é a energia do
universo vital que tudo impregna. Como o chacra Muladhara, este se acha
intimamente aliado a terra. Associa-se à água e ao sentido do paladar.
3 – O CHACRA MANIPURA:
Tem dez pétalas de lótus da cor das nuvens de chuva pesada e localiza-se no
plexo solar. É presidido pela Devi Lakini, de três faces, quatro braços e
portadora do fogo, e por seu consorte o Deva Rudra, de cor vermelha, que possui
também quatro braços, carrega o fogo e representa o mundo da mente. Embora
Lakini coma carne e tenha atributos mais densos que os de uma vegetariana, este
chacra é menos orientado para a terra do que os chacras Muladhara e
Svadhisthana, e pode ser considerado mais como centro emocional. O chacra
Manipura associa-se com o fogo e com o sentido da visão.
4 – O CHACRA ANAHATA:
Este chacra, com doze pétalas vermelhas de lótus, localiza-se na região do
coração. É presidido pela Devi Dakini, que possui três olhos, é feliz e
benfazeja a todo mundo. O presidente Deva Isha é também senhor dos três
primeiros chacras; compassivo, representa a revelação dos mistérios do tempo
e do espaço. O chacra Anahata pode ser considerado um centro de consciência, e
que é aqui que se pode ouvir o som que vem sem o embate de duas coisas uma na
outra.
A. O CHACRA ANANDA – KANDA:
Um dos dois chakras menores. Pequeno, localiza-se logo abaixo do chacra do
coração (Anahata) e, muitas vezes, nem é citado. Apesar disso, existe e tem
oito pétalas de lótus rosa – carmesim. Diz-se que esse chacra concede, às
vezes, a satisfação de desejos antes mesmo que os formule a mente.
5 – O CHACRA VISSUDHA:
Com dezesseis pétalas roxas e enfumaçadas de lótus, localiza-se na região da
garganta. É presidido pela Devi Shakini e pelo Deva Sada-Shiva, cada um dos
quais possui cinco rostos, três olhos e múltiplos braços. Enquanto Shakini se
mostra vestida de um branco brilhante, e tem a forma da própria luz, Sada-Shiva
é um andrógino, de corpo metade branco, representando Shiva, e metade ouro,
representando Skakti. O chacra Vissudha, está ligado à purificação da
inteligência e associa-se ao éter e ao sentido da audição.
B. O CHACRA LALANA: Este é
outro chacra menor. Tem doze pétalas vermelhas de lótus e localiza-se acima do
chacra da garganta ( Vissudha ), na raiz do céu da boca. Associa-se à fé, ao
contentamento, à sensação de erro, ao domínio de si próprio, à raiva, à
afeição, à pureza, ao alheamento, à agitação e ao apetite.
6 – O CHACRA AJNA:
Este chacra tem duas pétalas brancas de lótus e localiza-se entre as
sobrancelhas. Trata-se de um chacra muito pequeno e suas duas pétalas mal
preenchem o espaço entre as sobrancelhas. É às
vezes, encarado como o
terceiro olho místico – o olho interior ou mental. O chacra Ajna é presidido
pela Devi Hakini e seu consorte, o Deva Paramashiva, ambos os quais ingressaram
num estado de alegria produzido por tragos de ambrosia. Essas divindades possuem
seis rostos, três olhos, braços múltiplos e brilham como o relâmpago. O
chacra Ajna associa-se à mente e às faculdades mentais.
7 – O CHACRA SAHASRARA:
A este dá-se o nome de Lótus das mil pétalas; em suas pétalas, todas as
cores se combinam, e ele abrange todos os sons. Localiza-se na coroa da cabeça.
Poder-se-ia dizer que é presidido por Brahma, pois aqui se encontram a
Kundalini – Shakti, de modo que ele volta a unir-se a Brahma. O brilho das mil
pétalas do lótus é a expressão da iluminação. O chacra Sahasrara,
portanto, sinônimo de samadhi, é onde ocorre a explosão na consciência
cósmica.
Como já vimos, Kundalini ou o Fogo Serpentino é uma das
forças emanantes do Sol, inteiramente independente e distinta de Fohat e de
prâna, e que, no estado atual dos nossos conhecimentos, acreditamos incapaz de
ser convertido em qualquer dessas duas energias.
Kundalini recebeu nomes diversos: o Fogo Serpentino, o
Poder ígneo, a Mãe do Mundo.
Aparece ao clarividente, literalmente, como uma torrente
de fogo líquido, percorrendo o corpo. Seu trajeto normal é uma espiral,
semelhante às curvas de uma serpente; "Mãe do Mundo" é nome
bastante apropriado, porque é por ela que podem ser vivificados nossos diversos
veículos.
Pode-se ver um antigo símbolo da coluna vertebral e de
Kundalini, no tirso, bastão com uma ponta cuniforme na extremidade. Na índia
encontramos o mesmo símbolo: o bastão é aí substituído por um bambu, com
sete nós, que naturalmente representam os sete chakras ou centros de força.
Em certos mistérios, em lugar do tirso se empregava um
tubo de ferro que se supunha conter fogo.
A insígnia dos barbeiros, símbolo certamente muito
antigo, com suas faixas em espiral e a protuberância terminal, tem a mesma
significação, segundo dizem, pois o barbeiro moderno é o sucessor dos antigos
cirurgiões, que praticavam também a alquimia, ciência ou trora mais
espiritual do que material.
Kundalini existe em todos os planos que conhecemos e
parece apresentar igualmente sete camadas ou graus de potência.
O corpo astral era, na origem, uma espécie de massa
quase inerte, sem a mais vaga consciência, sem nenhuma capacidade definida de
ação e sem conhecimento preciso do mundo ambiente. Sobreveio depois o
despertar de Kundalini no plano astral, no chacra correspondente as da base da
espinha dorsal. Esta força se encaminhou então para o segundo centro, o umbigo
e o vitalizou, acordando, assim, no corpo astral, a faculdade de sentir, de ser
impressionado por todas as espécies de influências, porém sem lhe dar ainda a
compreensão precisa.
Kundalini passa daí ao terceiro centro (esplênico), ao
quarto (cardíaco), ao quinto (garganta), ao sexto (entre os supercílios) e ao
sétimo (no alto da cabeça), despertando em cada um as diferentes faculdades
descritas nos capítulos precedentes.
O mecanismo que nos dá a consciência do que se passa no
astral é interessante e merece ser bem compreendido pelos estudantes. No corpo
físico, possuímos órgãos especiais, localizados, cada um, em região fixa e
particular: órgãos da vista, do ouvido, etc. Mas no corpo astral reina uma
disposição completamente diferente, pois não há necessidade de órgãos
especializados para conseguir os resultados desejados.
A matéria do corpo astral está em constante movimento;
as partículas deslizam e turbilhonam como as da água fervendo, e passam todas,
sucessivamente, pelos centros de força. Por conseguinte, cada um! destes
centros confere, às partículas do corpo astral, a faculdade de responder a
determinada categoria .de vibrações, correspondentes ao que no mundo físico
chamamos vibrações da luz, do som, do calor, etc.
Quando, pois, os centros astrais são vivificados e se
põem a funcionar, conferem as diversas faculdades à matéria toda do corpo
astral, de tal forma que este se torna capaz de exercer seus atributos em
qualquer região. É por isto que o homem, aluando em seu corpo astral, pode ver
tanto os objetos colocados à sua frente, como atrás, em cima e embaixo, sem
precisar voltar a cabeça. Não se pode, pois, definir os chacras ou centros
como órgãos sensórios, no -sentido vulgar do termo, embora proporcionem ao
corpo astral faculdades sensoriais.
Entretanto, mesmo quando estes centros astrais estão
plenamente despertos, não resulta, de maneira alguma, que o homem possa
transmitir ao corpo físico a menor consciência da ação dos mesmos.
Na realidade, em sua consciência física ele pode muito
bem ignorar por completo essa ação.
O único modo de transmitir ao cérebro físico a
consciência das experiências astrais se dá pelo prévio despertar e
ativamento dos centros etéricos correspondentes.
O método dê despertá-los é exatamente o mesmo adotado
no corpo astral, isto é, pelo despertar de Kundalini, que dorme na matéria
etérica, no chacra situado próximo da base da espinha dorsal.
O despertar de Kundalini resulta do ativamento do centro
na base da espinha, mediante um esforço prolongado e persistente da vontade.
Desperto Kundalini, sua força tremenda vivifica sucessivamente os demais
centros.
O efeito produzido sobre estes centros é o de conferir
à consciência física as faculdades despertas pelo desenvolvimento dos centros
astrais correspondentes.
Mas, para obter estes resultados, é necessário que o
fogo serpentino passe de chacra em chakra, em certa ordem e maneira variáveis
segundo os tipos humanos.
Os ocultistas, que conhecem os fatos por experiência
própria, são extremamente cuidadosos em não dar a indicação quanto à ordem
em que o fogo serpentino deve passar através dos chakras.
A razão disto é que há muitos e sérios perigos, cuja
gravidade não deve ser ocultada, para aqueles que despertam Kundalini,
acidental ou prematuramente. Fazem-se as mais/solenes advertências a quem
cogite em fazer qualquer tentativa deste gênero, antes do momento azado ou sem
a direção de um Mestre ou um ocultista experimentado.
Antes do despertar de Kundalini, é absolutamente
essencial que o homem tenha atingido certo grau de pureza moral e também sua
vontade seja suficientemente forte para dominar esta força. Alguns dos perigos
relacionados com o fogo serpentino são puramente físicos. Seu movimento
descontrolado produz freqüentemente intensas dores físicas e pode até
facilmente romper tecidos e destruir a vida física. Pode igualmente prejudicar
os veículos superiores ao físico.
Um dos efeitos muito freqüentes de seu despertar
prematuro, é dirigir-se ele para as regiões inferiores, em lugar de se elevar
para as partes superiores do corpo; excita, desta forma, paixões menos
desejáveis, estimula-as e intensifica-as a tal ponto que o homem não lhes pode
resistir. Nas garras dessa força, ele é tão impotente, quanto o nadador nas
mandíbulas de um tubarão.
Esses homens se tornam sátiros, monstros de
depravação, porque estão a mercê de uma força de todo desproporcional à
capacidade da resistência humana. É provável que alcancem certos poderes
supranormais, mas estes só servirão para pô-los em contato com seres
subumanos, com os quais não deve a humanidade manter intercâmbio. E para
safar-se desta sujeição, poderá ser necessário mais de uma encarnação.
Há uma escola de magia negra que, com este propósito,
se utiliza de Kundalini, porém os adeptos da Boa Lei, ou Magia Branca, jamais
fazem uso dos centros de força inferiores empregados por esta escola.
Além disto, o desenvolvimento prematuro de Kundalini
intensifica tudo na natureza humana e afeta mais prontamente as qualidades más
do que as boas. No corpo mental, por exemplo, desperta facilmente a ambição e
esta logo cresce excessivamente; e o grande aumento da inteligência é
acompanhado de orgulho anormal e satânico.
Kundalini não é uma força comum, mas algo de
irresistível. O ignorante que, por infelicidade, a despertar, deve
imediatamente consultar uma pessoa competente. Segundo os dizeres do
Hathayogapradipika, "Ela conduz os iogues à libertação e os tolos à
escravidão".
Algumas vezes o fogo serpentino se desperta
espontaneamente; sente-se então um calor morno, e em casos raros, pode começar
a movimentar-se por si.
Neste último caso, apareceriam provavelmente dores
intensas, pois os canais não estão preparados para a passagem do fogo
serpentino, e este tem que abrir caminho queimando grande massa de detritos
etéricos, processo este necessariamente doloroso.
Em tais casos, a força fluirá usualmente de baixo para
cima, pelo interior da coluna vertebral, em lugar de seguir o curso em espiral,
que o ocultista aprende a fazê-lo seguir. É preciso, se possível, deter, por
um esforço de vontade, esta marcha ascendente; porém se não se conseguir
isto, o que é provável, a corrente sairá sem dúvida pela cabeça e se
perderá na atmosfera, sem qualquer outro dano senão um enfraquecimento. Talvez
possa também causar perda momentânea da consciência. Entretanto, os perigos
realmente graves provêm, não do fluxo ascendente, mas do descendente.
Como já expusemos brevemente, a principal função de
Kundalini no desenvolvimento oculto é percorrer e vivificar os chakras
etéricos, afim de comunicar à consciência física experiências astrais.
Assim "A Voz do Silêncio" ensina que semelhante vitalização do
centro colocado entre os supercílios permite ouvir a voz do Mestre, isto é, do
EGO ou EU superior. A razão disto é que o corpo pituitário (ou hipófise), em
plena atividade, constitui uma ligação perfeita entre as consciências astral
e física.
Em cada encarnação é preciso renovar o domínio de
Kundalini, pois em cada vida os veículos são novos, porém quem já o
conseguiu -completamente uma vez, a repetição lhe será mais fácil.
A formação do elo entre a consciência física e a do
EGO tem também suas correspondências nos níveis superiores. No EGO
corresponde à sua ligação com a consciência da Mônada, e na Mônada, com a
consciência do Logos.
A idade não parece afetar o desenvolvimento dos chacras
por meio de Kundalini, mas a saúde é uma necessidade, pois só um corpo
vigoroso pode suportar a tensão.