Todos os anos, no
período do Carnaval, desde 1992, a cidade de
Campina Grande, na Paraíba, é palco de um dos mais
maduros, tolerantes e democráticos eventos
filosófico-humanistas do planeta: O Encontro
para a Nova Consciência - O Pensamento da Cultura
Emergente, atualmente chamado de "Encontro
da Nova Consciência". (Clique
aqui para ver a programação do Encontro da Nova
Consciência de 2010).
O Encontro para a
Nova Consciência é um espaço de encontro (não
de mistura, mas de diálogo e compreensão, pois
a diferença é rica e enriquecedora)
interdisciplinar e inter-religioso, verdadeiro
exercício de um encontro encumênico, onde se
discutem e vivenciam os temas filosóficos mais
caros ao ser humano: o sentimento de fraternidade,
partilha, troca de idéias e vivencias de contato
humano e espiritual a partir de exposições e
diálogos de diferentes tradições e filosofias
(houve mesmo uma extensa reportagem exibida pelo
programa Fantástico, da Rede Globo, sobre o
evento, que foi ao ar no dia 09/03/2003).
"Se
pudermos olhar para o outro como nosso irmão
e fraternal e solidariamente darmos a mão e
caminharmos juntos, esse é o ideal, e foi
pra isso que Deus nos fez. É a prática do
exercício do amor que gera a paz. Essa é a
proposta maior da nova consciência", nos
fala sabiamente o Pastor Nehemias Marien,
participante e trabalhador assíduo do
Encontro desde sua primeira edição, em 1992
(Clique
Aqui para ver a História do Primeiro
Encontro Para a Nova Consciência em 1992)
O evento se mostra
uma espaço de encontro e diálogo (e não - como
querem fazer crer os que, desconhecendo-o, não
obstante pretensiosamente pensam tudo conhecer
- de mistura e muito menos de proselitismo) entre
a ciência, a filosofia e as diferentes tradições
religiosas, como o catolicismo, o espiritismo,
alguns representantes protestantes mais
equilibrados e mais atrelados à madura e
respeitável mensagem original de Lutero - e,
portanto, ainda não contaminada por um
Pentecostalismo fundametalista alienante próprios
do televangelismo moderno -, o budismo, o
islamismo, as religiões afro-indígenas, etc.
As propostas e
práticas de aceitação e harmonia do Encontro
Para a Nova Consciência demonstram a
capacidade do homem de, ao amadurecer, aceitar as
diferenças e a possibilidade do aprendizado mútuo
pelo encontro de diferentes perspecitvas. Nomes
reconhecidos internacionalmente participaram de
diferentes edições do evento, desde o teólogo
Leonardo Boff ao Psicólogo francês, mas brasieiro
de coração - que teve o nome indicado ao Prêmio
Nobel da Paz - Pierre Weil.
O saudoso Bispo de
Campina Grande, Dom Luis Gonzaga Fernandes (foto,
junto com o idealizador do Encontro, então
prefeito e posteriormente governador, Cássio Cunha
Lima; o inesquecível Pastor Nehemias Marien e o
saudoso comunicólogo Augusto César Vannucci, em
foto do primeiro Encontro, em 1992) já no primeiro
e histórico Encontro Para a Nova Consciência,
realizado em 1992, dizia com sabedoria e olhar
amplo, acima das mesquinharias dos vários
"ismos" humanos:
Quando nós
falamos de ecumenismo não estamos pensando
num coquetel de incongruências, mas em
questões bem assentadas. Se desejamos
realmente nos apresentar diante do mundo
como portadores de uma bandeira religiosa
(do latim religare=religar o homem ao
divino), é vergonhosa nossa divisão.
É este clima de
amizade, de aceitação positiva do outro, que tem
feito o Encontro para a Nova Consciência um
sucesso renovado e crescente ano após ano, apesar
das dificuldades de patrocínio e do descaso da
mídia comercial.
Veja um
vídeo do Encontro da Nova Consciência clicando em
http://www.youtube.com.br/ongnovaconsciencia
O clima de
respeito, tolerância e cordialidade do Encontro
da Nova Consciência é a própria expressão,
in loco, da fraternidade e amor, do respeito e
escuta à diversidade e da riqueza da permuta mútua
de conhecimentos, que é base de todas as grandes
filosofias e religiões da humanidade,
especialmente, no caso do Ocidente, do
Cristianismo. O paradoxal, contudo, é que esta
preciosidade tem sido alvo de ataques de segmentos
religiosos de cunho fundamentalista
"cristão" desde o primeiro encontro, embora sua
agressividade tenha se institucionalizado mais
recentemente. Estes ataques foram aumentando até
que se se tornaram oficiais em um evento paralelo,
imitando de forma caricata, o Encontro da Nova
Consciência, mas que é em tudo o exato contrário,
na teoria e prática, deste. Trata-se do chamado
"Encontro para Consciência 'Cristã' ", que,
veremos, na prática, de Cristã - no sentido ético
de amor e compreensão - parece ter bem pouco,
senão seu oposto, já que demonstram grande
dificuldade em aceitação da diversidade de
pensamento, embora, em teoria, digam seguir o
grande Mestre, maior mártir da fraternidade
universal.
Algumas seitas neopentecostais
protestantes de cunho fundamentalista, capitalista
e conservador, em uma amostra clara de pequenez
espiritual, falta de tolerância e demonstração
cabal do mais abjeto fanatismo religioso, já desde
a primeira edição do Encontro para a Nova
Consciência demonstram seu temor ao livre-pensar,
ao contato de diferenças e ao ecumenismo,
fazendo-se presentes como fator de perturbação do
mesmo. Assim, além de frequentemente ficarem à
porta do Teatro Municipal Severino Cabral de
Campina Grande, onde se realizam as palestras mais
importantes do Encontro da Nova Consciência,
palestrando ou distribuindo panfletos contra o
Encontro - e tendo até mesmo, em 2007, chegado ao
cúmulo de se apresentarem em frente ao Teatro
Municipal vestidos de preto, queimando pneus e
apresentando-se com tochas ao estilo ameaçador das
seitas protestantes que formam a Ku Klux Klan
norte-americana. Sobre a estupidez dessa
ameaça patética e de extrema intolerância dos
evangélicos contra o pacífico Encontro para a Nova
Consciência, veja o artigo de Ricardo Kelmer
publicado na Revista Planeta, com o título
"Salve o Bloco da Nova
Consciência!".
Na verdade, a prática
desta tática por seitas fundamentalistas de cunho
pentencostal foi recentemente tema de um
documentário chocante feito sobre a forma de como
é feito a modelagem do comportamento de crianças
para se tornarem futuros pastores e agressivos
missionários para converter, quase que à força,
todos os que não rezarem pela mesma cartilha, no
impressionante filme
Jesus Camp, de 2006, dirigido por
Heidi Ewing e Rachel
Grady.
E essa mesma prática,
adaptada à realidade brasileira, visando à
expansão proselitista objetivando o poder de
manipulação com viezes políticos é mesmo
denunciada por lúcidos pastores portestantes mais
coerentes com os evangelhos e mais equlibrtados.
Veja-se, por exemplo, a bela explanação do Pastor
Ed. René Kivtiz, apresentado no blog do
Pastor Théo Mendonça, no seu texto
"O Evangelho dos Evangélicos".
Desde 1998 (ou
seja, sete anos depois do primeiro Encontro
para a Nova Consciência), a ala evangélica
fundamentalista promove uma paródia reacionára
cristalizada em um agressivo evento paralelo ,
chamado - em uma arrogante pressuposição
exclusivista (já que se julgam a si próprios como
os representantes únicos e reais da mensagem de
Cristo, e uma repetição de 500 anos de atraso do
pretenso exlcusivismo dos tempos inquisitoriais) -
de Encontro para a Consciência "Cristã".
Este último é, claro, amplamente apoiado pela ala
evangélica conservadora da política local, que vem
impedindo ou dificultando, tanto na Câmara Munipal
de Campina Grande, quanto na Assembléia
Legislativa do Estado, ajuda oficial ao Encontro
da Nova Consciência, que eles anseiam claramente
em acabar, também pressionado a imprensa a não
mais divulgá-lo, ao menos com o espaço antes
ocupado.
Outra manifestação
flagrante de intolerância dos participantes da tal
consciência " 'Cristã' " - também no mesmo ano de
2007 - foi feita quando alguns dos membros mais
fanáticos se vestiram de palhaço e fazerem um
apitaço durante a caminhada ecumênica em prol da
Paz realizada sempre nos domingos de Carnaval
pelos participantes do Encontro da Nova
Consciência (que, como sabemos, incluem e
congregam, de forma harmoniosa, católicos,
evangélicos, islamitas, judeus e até mesmo ateus)
- mas desta vez, ao menos, os "evangélicos" da tal
consciência "Cristã" assumiram os próprios traços,
agindo assim agressivamente por medo ao diferente.
Portanto, explicitaram os próprios temores e
inseguranças de suas dúvidas religiosas
exclusivistas, dúvidas reprimidas mas não
extintas, que e evento ecumênico estiumula e traz
à tona, o que provoca questionamentos que são,
para eles, uma ameaça. Assim, projetam no Encontro
para a Nova Consciência, em um mecanismo de defesa
da representação neurótica da ameaça que, na
verdade, estão neles próprios.
O encontro
"evangélico" tem o óbvio intuito - como dá a
entender o título plagiado e manipulado - de
concorrer e, segundo eles, de refutar o Encontro
para a Nova Consciência, que eles consideram vetor
de "forças malignas" trazidas à Campina
Grande no Carnaval. Estas "forças malignas" seriam
transportadas pelos estudantes, professores
universitários, cientistas, escritores, padres,
pastores mais lúcidos, antropólogos, filósofos,
enfim, gente instruída que, vindo de todo
Brasil e de outros países para o Encontro para
a Nova Consciência, têm o pecado
imperdoável de pensar diferentemente deles, os
grandes missionários salvadores do mundo.
Para se ter uma
idéia da anti-democrática e bushiana
agressividade dos líderes do tal Encontro para a
Consciência "Cristã", oposto ao equilibrado e
Democrático e tolerante Encontro para a Nova
Consciência, vejamos o trecho deste "artigo" do
Pastor Ridalvo Alves da Silva no site do
movimento-seita
Consciência "Cristã":
É verdade
que o evento emerge dentro do contexto do
Nordeste do Brasil, especificamente na
cidade de Campina Grande, no momento em que
se realizava o VIII Encontro Esotérico
intitulado Encontro para a Nova Consciência
- Uma Cultura Emergente, como os
organizadores a denominaram. Houve nesta
conjuntura uma grande preocupação
relacionada ao destino da Igreja Cristã
Evangélica, pois ninguém havia se levantado
até aquele momento para refutar e comparar
em nível de reflexão teológica e apologética
cristã os ensinos perniciosos que submergia
a comunidade campinense como um todo
atingindo já naquela época 48 eventos
paralelos.
A
perplexidade e angústia já haviam chegado ao
coração de muitas pessoas reivindicando da
Igreja Evangélica de Campina Grande uma
tomada de posição firme quanto à invasão
esotérica em nossa cidade. A princípio não
se sabia como fazer para criar uma
estratégia eficaz, não somente para combater
os ensinos distorcidos da Nova Era, como
também trazer diretrizes seguras para a
comunidade quanto aos ensinos de uma
Teologia Cristã sadia. Aconteceu somente em
fevereiro de 1999 o I Encontro Para a
Consciência Cristã quando os alunos do
Instituto Teológico Superior de Missões -
ITESMI, sob a nossa direção, que dirigíamos
pela orientação e urgência do Espírito Santo
de Deus, aceitaram o desafio de enfrentar
não somente as dificuldades de recursos
financeiros, mas também de recursos humanos.
No início
houve crítica, falta de compreensão e de
ajuda por parte de muitos, porém, não era
hora de olhar para as circunstâncias e sim
exercer a fé em Deus que opera nas coisas
impossíveis. Aí entra a disponibilidade do
homem. Por isso, quero destacar a pessoa do
pastor Euder Faber Guedes Ferreira, que nos
instantes decisivos, acreditou plenamente na
visão de Deus, que estava brotando, e largou
seu emprego secular para se dedicar
integralmente à grande causa prioritária do
Reino de Deus. Quero trazer à memória de
nossos caros leitores que foi muito difícil
para implantarmos o I Encontro Para a
Consciência Cristã, no entanto, o milagre
aconteceu.
Não
obstante, a razão do Encontro Para a
Consciência Cristã não somente abrange a
cidade de Campina Grande em seu contexto
esotérico de evento anual, mas prepara a
igreja contra os falsos ensinos que se
alastram em nosso território nacional e
também em outras regiões do mundo ocidental
e oriental. O pluralismo religioso será
certamente o maior desafio da Igreja Cristã
neste novo milênio. Não temos dúvidas que
por trás de tudo isto está o Império da
religião ecumênica liderada pelo seu grande
mentor, o Anticristo.
Vê-se, pois, o grau
de civilidade e maturidade intelectual dos
mentores do tal Encontro da Consciência "Cristã",
não apenas na falta de adesão ao mandamento de
Cristo de "Amar ao próximo", como na total falta
de respeito com quem não partilha de suas idéias,
em uma quase paranóia que abarca a proteção de um
"mercado religioso" altamente lucrativo, baseado
na cobrança de dízimos.
Sentindo-se, parece,
enviados do próprio Deus - que, aliás, apresenta
uma tolerância para eles pouco aceitável -
arvoraram-se no pressuposto de novos "gurreiros da
fé" a empunharem a espada para destruir o que
receim ser um perigo... talvez para o espaço deles
no lucrativo mercado religioso... o que inclui
ideais como democracia, respeito ás diferenças,
pularismo de idéias, liberdade religiosa e
ecumenismo. Para tais "defensores da 'verdadeira
fé',", de modo bem parecido aos fundamentalistas
pró-Bush, quem luta por tais idéias seguem um
mítico Anticristo - que acaba servindo de
axiliar ao estabelecer parte do reino de suas
igrejas no seu medo - e precisa ser dizimado.
Talvez achem que o Deus que dizem acreditar seja
por demais fraco para ter uma glória própria
independemente da ajuda deles. Mas então Deus é
tão pequeno a ponto de precisar de dízimo e de
intolerantes? Veja-se, sobre isso, o excelente
artigo de Gabriel Perissé com o tema
"o fanatismo religioso é um ateísmo."
E não apenas os
participantes do Encontro para a Nova Consciência
são considerados "demoníacos", como mesmo outras
Igrejas Cristãs são publicamente atacadas pelos
"(in)conscientes 'Cristãos' ",o que inclui mesmo
outras denomiaçõs evengélicas. Sobre a gravidade
do mister pentencostal fundamentalista de
demonizar todas as religiões não evangélicas, veja
o artigo escrito pela pesquisadora Mariel Marra,
intitulado
Demonização e Intolerância Religiosa.
Este tipo de atitude tacanha,
egoísta e infantil está tomando proporções graves
em todo o Brasil, a tal ponto que vários setores
da sociedade, preocupados com o avanço da
agressividade fundamentalista, formou a chamada
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa,
ligada à Secretaria de Defesa dos Direitos
Humanos, e que busca promover a liberdade e
diálogo inter-religioso e a proteção contra abusos
contra a vivência democrática de credos e
filosofias várias. De fato, a agressividade dos
fundamentalistas, compiando as táticas de
demoninização e insulto da Igreja Universal,
acabou por levar a Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa a levar a escalada de
intolerância dos evangélicos pentecostalistas ao
conhecimento da própria ONU, como podemos ver em
um artigo publicado pela Folha de São Paulo,
clicando
aqui.
Deplorando a
diversidade de pensamento - para eles uma ameaça
ao processo de doutrinação de sua única "verdade"
que é, claro, altamente favorável a eles -
sustentam - como fazia a Igreja Católica na época
da "Idade das Trevas" - que só pode haver uma
única forma de verdade cristã e uma única "Igreja
do Povo de Deus" fora da qual só existe perdição e
inferno, sem possibilidade de salvação. Índios,
árabes, "pretensos cristãos que não conhecem o
verdadeiro Deus Vivo", asiáticos, budistas, ateus,
etc., por melhores pessoas que sejam em obras, por
não aceitarem adesisticamente o "Cristo" deles
como salvador pessoal já estão condenados - como
se Cristo já não fosse amado por milhões de
pessoas não evangélicas sem precisar de engolir a
verborragia infantil de fanáticos.
Quem desafia de
alguma forma este modo de pensar é, além de
herético, um mal a ser expulso e, se possível
destruído. E é assim recomeça a tragédia e farsa
de uma história já conhecida - mas não aprendida -
de intolerência, agressividade e fogueiras...
"Todo fundamentalista é, a ferro
e fogo, um “altruísta”. Está tão convencido de
que só ele enxerga a verdade que trata de forçar
os demais a aceitar o seu ponto de vista... para
o bem deles! Há muitos fundamentalismos em voga,
desde o religioso, que confessionaliza a
política, ao líder político que se considera
revestido de missão divina. Eles geram fanáticos
e intolerantes."
Frei Betto