Estrelas
de Nêutrons
relógios do universo
Assim
como todos nós, estrelas também
nascem, crescem e morrem. Algumas no
final de sua vida até se reproduzem.
O que a maioria das pessoas não sabe
é que o destino de uma estrela está
traçado, ou seja, estrelas de formações
diferentes, têm evoluções e finais
de vida diferentes. Aqui vamos tratar
de um tipo muito especial de estrelas,
as chamadas estrelas de nêutrons ou
pulsares.
Imensas
bolas de gás em chamas, assim podemos
de forma muito simples, definir uma
estrela. Corpos imensos de incrível
massa, muitos milhões de vezes
maiores que a nossa pequenina Terra. O
Sol, como a estrela mais próxima de nós,
permitiu aos astrofísicos os
primeiros estudos complexos sobre a física
e evolução das estrelas.
Na
maior parte de sua vida a estrela
realiza a fusão nuclear do hidrogênio,
o seu principal componente físico.
Esta fusão os astrônomos chamam de
queima do hidrogênio. A temperatura
na superfície é de milhares de graus
Celsius e no interior milhões de
graus.
Durante
80% da vida a estrela está
equilibrada, queimando hidrogênio em
explosões termonucleares e
contra-balanceando esta força com a
gravidade. A gravidade de uma estrela
é muito grande, isto se deve a sua
enorme massa. Enquanto as explosões
nucleares empurram o gás para fora, a
força da gravidade puxa tudo para o
interior, desta forma a estrela fica
estabilizada.
Alguns
tipos de estrelas, ao chegarem no
final de suas vidas, após ocorrerem
períodos turbulentos, onde muitas
vezes explosões violentas ejetam matéria
para o espaço, adquirem a forma de
uma estrela de nêutrons. Na estrela
de nêutrons a atividade de explosões
nucleares acabou. A força de
gravidade se torna imensa e comprime a
matéria dentro de uma esfera de raio
equivalente a uma cidade como São
Paulo, algumas dezenas de kilometros.
Isto é algo fantástico, que podemos
chamar de um milagre da natureza.
Assim
sendo, a matéria que anteriormente
adquiriu forma de hidrogênio, hélio
e outros elementos da tabela periódica,
agora devido a efeitos de pressão
enorme, perde suas características de
carga, seus elétrons, e tudo é
convertido em nêutrons. Estes nêutrons
estão tão comprimidos devido à
pressão, que muitos dizem que a
estrela de nêutrons é um único núcleo
atômico, gigantesco. Para vocês
terem uma idéia, é tanta matéria
num espaço tão pequeno, que se pudéssemos
cortar um cubo de um cm de aresta da
estrela e pesar numa balança, com
certeza esta balança teria que medir
numa escala de milhares de toneladas.
Este
corpo extremamente massivo, devido a
uma lei física chamada conservação
de momento angular1, gira muito rápido.
Seu período de rotação varia de milésimos
de segundo até poucos segundos. A
velocidade na superfície destas
estrelas chega a ser décimos (10,
20%) da velocidade da luz, 300000
km/s.
Um
campo magnético muito forte também
pertence a estas estrelas, a pouca
radiação que escapa da sua superfície,
na forma de ondas de rádio, raios
gama, etc, sai pelos pólos norte ou
sul magnéticos, onde o campo magnético,
assim como num imã, converge. Quando
um destes feixes de radiação que
saem dos pólos é direcionado para a
Terra, devido à rotação da estrela,
conseguimos observar um pulso nos
nossos detectores de rádio. Um pulso
periódico e muito preciso, mais
preciso que o melhor de nossos relógios.
Quando
as estrelas de nêutrons foram
descobertas, na década de 60,
acreditou-se de se tratar de um sinal
de extraterrestres, devido a sua
extrema precisão nos pulsos. Mas
descobriu-se que se tratava de mais um
capricho da natureza e da magia de
suas leis.
Os
pulsares ou estrelas de nêutrons
tornam a teoria uma realidade
observacional, tornam as leis
verdadeiras e nos mostram os mistérios
do universo.