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MATURIDADE
E SENSUALIDADE
Quero
fazer algumas considerações sobre a
mulher que é verdadeiramente sensual, e
também sobre como se pode chegar a essa
condição. Algumas – a exceção – são
sensuais por natureza e desde a mais tenra
idade. Mas a grande maioria vai se
tornando mais sensual à medida que evolui
no caminho da maturidade emocional. O
escritor francês Honoré de Balzac sabia
disso, tanto que louvou as virtudes eróticas
da mulher de trinta anos.
A
sensualidade verdadeira se expressa no
modo de ser da mulher e se confirma na sua
vida íntima. Em contrapartida, a
exibicionista só “promete”. Esse tipo
de mulher sofre de profunda imaturidade
emocional, caracterizada por forte egoísmo
e baixa tolerância às frustrações. Usa
seus recursos intelectuais e sua
sensualidade para obter o que necessita. A
isso tenho chamado de instrumentalização
da sexualidade feminina – quando ela está
a serviço de outros propósitos em vez do
prazer.
A
mulher madura é mais independente,
emocionalmente auto-suficiente. Tolera
melhor as frustrações inevitáveis da
vida, e não precisa usar de subterfúgios
para se livrar delas. Sua sexualidade fica
livre para se exercer como fonte de
prazer; não é instrumento ou arma que a
ajudará a atingir outros objetivos. Poderá
se exercer de modo lúdico, visando apenas
à gratificação que a excitação sexual
determina.
Com
o tempo, a mulher vê sua razão se
fortalecer. A maturidade vem acompanhada
de um crescente autocontrole. Aquele medo
que tantas adolescentes têm de não serem
capazes de “domesticar” sua
sexualidade vai cedendo lugar a uma sensação
íntima de segurança; de que o desejo
pode ser vivido com intensidade sem que
isso signifique perda de controle sobre as
próprias ações. A mulher se torna mais
ousada na sua forma de ser e de vestir.
Essa ousadia continua na intimidade, onde
ela “arrisca” mais e se entrega ao
gozo com mais liberdade. A experiência
gratificante reforça mais a ousadia que
sempre, insisto, se baseia no
fortalecimento da razão.
Está
composto agora um “círculo vicioso”
positivo, onde a auto-estima cresce. A
mulher se sente mais atraente e mais
competente para a prática sexual. A isso
se soma outro ingrediente fundamental, que
é a menor preocupação com a perfeição
física. Já afirmei que a obsessão com a
beleza cria sentimentos de inferioridade
em quase todas as moças. Aos poucos, elas
vão percebendo “na carne” que beleza
e sensualidade são coisas distintas. E
que o que conta é a sensualidade, o poder
de provocar o interesse e o desejo dos
homens. Essa mulher madura, expansiva e
exuberante é atraente para os homens com
ou sem algumas rugas ou quilinhos a mais.
A idéia do “sexo não-instrumentalizdo” é
captada por eles e lhes dá coragem para a
abordagem, sem a impressão de estar
caindo numa armadilha – refiro-me aos
mais sensíveis; os mais grosseiros
abordam todas, pois não temem armadilha
nenhuma. A aproximação, inicialmente
sexual, poderá ou não evoluir para um
envolvimento mais consistente. Penso que
temos de aprender a lidar com isso, pois a
situação se inverteu nos últimos anos.
Antigamente, as pessoas primeiro se
comprometiam sentimentalmente para depois
se ligar sexualmente. Hoje o sexo faz
parte das coisas que as pessoas querem
conhecer para saber se irão desenvolver
uma ligação emocional mais estável. Não
há como brigar contra a realidade.
Artigo
de Flávio Gikovate, publicado no
endereço: http://www.flaviogikovate.com.br/
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