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NADA É INSTANTÂNEO

A vida parece estar cada vez mais rápida. Porém, por mais rápida que a vida se torne, nunca teremos algo instantâneo. Decepcionados? Deixe-me contar um pouco melhor esta estória...

Você sabia que a luz não vence instantaneamente a distância de um lugar a outro, e sim sucessivamente? Com certeza, você já percebeu que atirando uma pedra em águas tranqüilas, uma série de ondulações circulares (enciclias) se sucede em redor do local onde a pedra caiu.

Assim se dá com os sons no ar e com a luz no espaço sideral, quando vão de um ponto para o outro. Ambos se transmitem gradualmente por ondulações sucessivas. A luz de uma estrela distante demora um certo tempo para chegar a Terra e essa duração depende naturalmente da distância desta estrela até a Terra.

Na atmosfera terrestre, o som percorre 340 metros por segundo, quando a pressão é de 01 atmosfera (pressão medida no nível médio do mar ou 1013 hPa) e a temperatura é de 15ºC. A velocidade do som na atmosfera depende da pressão e da temperatura. Se a pressão aumenta, a velocidade também aumenta. O mesmo acontece com relação à temperatura. Se nós utilizarmos o trovão como exemplo, o ruído gerado pela descarga elétrica é ouvido pelas pessoas vizinhas ao local no preciso momento em que ocorre o clarão; um segundo depois por aqueles que estejam na distância de 340 metros; três segundos pelos que se acham a um quilômetro; 12 segundos para quem esta a 4 quilômetros; e assim sucessivamente é ouvido o poderoso ruído da Natureza.

Já a luz se propaga com uma velocidade muito maior, porém não instantânea, conforme acreditavam os antigos. Ela percorre 300.000 quilômetros por segundo, e faria sete vezes o giro do globo terrestre em um segundo, se ela pudesse dar voltas. Emprega 1,28 segundos para vir da Lua à Terra. A luz do Sol demora oito minutos e 13 segundos para chegar a superfície terrestre. Já para chegar a Júpiter, demora 42 minutos; duas horas saindo de Urano e quatro horas para fazer a viagem desde Netuno.

Logo, quando vemos os corpos celestes, o que estamos realmente observando é o passado, isto é, qual era no instante da partida do raio luminoso em direção a nós! Se um vulcão, por exemplo, entrasse em erupção em um desses mundos referidos, não o veríamos projetar suas chamas senão 1,25 segundos depois, se estivesse na Lua; 42 minutos decorridos, se estivesse em Júpiter; duas horas mais tarde, se viesse de Urano; quatro horas após, caso proviessem de Netuno.

Se nós nos transportássemos para além do nosso sistema planetário, as distâncias seriam incomparavelmente mais vastas, e portanto maior a demora na chegada da luz. Assim, o 

raio luminoso saído da estrela mais próxima da Terra, a Alfa da constelação do Centauro, despende mais de 1600 dias para chegar até nós, no Sistema Solar; a luz que vem da estrela Sírius emprega perto de uma década para atravessar o abismo que nos separa deste corpo celeste.

Definitivamente o mundo não é tão instantâneo quanto parece. Espero ter convencido a todos... principalmente os apressadinhos!

Artigo do mês de outubro da Revista de Ciência On-line: http://www.cienciaonline.org/