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GLOBALIZAÇÃO:
MUNDO DO TRABALHO
"No lugar do
trabalho organizado, altos níveis de
desemprego estrutural; rápida
destruição e reconstrução de
habilidades; ganhos modestos, quando há,
de salários reais; e o retrocesso do
poder sindical".
(D.Harvey)
Considerando-se o
caminho histórico temporal do processo de
globalização (que começou há cem anos
atrás), estamos vivendo atualmente os
impactos da quinta fase deste processo
denonimada por R.Robertson, de "fase
da incerteza". Nesta, as sociedades
(sejam centrais,periféricas ou
semiperiféricas) enfrentam-se cada vez
mais com novas fontes de pressão,
problemas de multinacionalidade e de
politecnicidade, e questões sociais que
atingem uma dimensão também global. O
chamado "capitalismo
tardio/multinacional", reorganiza as
bases do mundo do trabalho para manter a
obtenção máxima de saldos, pois como
diz I.Wallerstein, "o acúmulo de
capital requer uma evolução contínua na
organização da produção".
Assim, temos hoje um
processo de produção no qual: a
padronização cede lugar a uma grande
variedade de produtos (a atração está
no diferente); o controle de qualidade
está presente em cada ritmo e seqüência
do processo, pois com a ampliação da
concorrência ganha quem conquista o ISO
(certificado de qualidade) ; e, os grandes
estoques deixam de existir (a cada dia a
mídia gera novas necessidades de
consumo). No mundo do trabalho, o
multiprofissional ocupa o lugar daquele
que domina apenas uma tarefa; o
treinamento é supervalorizado; a
criatividade do trabalhador é
incentivada, e a liderança participativa
rompe com o comando autoritário.
Para que esta
reorganização seja possível, a
estrutura do mercado de trabalho está se
adaptando ao novo paradigma produtivo e
tecnológico, cujas palavras de ordem
são: produtividade, competitividade e
lucratividade. Porém esta adaptação
está sendo feita com um custo social
bastante elevado e conseqüências
imprevisíveis para as próximas décadas.
A ruptura do compromisso keynesiano, traz
consigo um mercado no qual o emprego
regular (ou de "tempo
integral"),com segurança, salários
reais, vantagens sociais, começa a se
tornar escasso para a maioria; em seu
lugar surge o emprego temporário,
parcial, casual, e outras modalidades que
representam na verdade, o chamado
"desemprego disfarçado", cujas
condições de trabalho estão muito
abaixo dos padrões aceitáveis, e
reeditam o pré-fordismo principalmente
nos países subdesenvolvidos. Somando-se a
este, o "desemprego
estrutural"(ou
"tecnológico") está afastando
um grande número de pessoas do mercado de
trabalho; torna-se global, e tende a
crescer na mesma proporção dos
requisitos tecnológicos.
A reorganização do
mundo do trabalho na economia globalizada,
portanto, é paradoxal; gerando uma
incerteza em todos os aspectos do trabalho
(mercado, emprego, renda e
representação), constitui-se na
realidade numa desorganização, que,
parafraseando Gramsci, está refletindo
também no modo de viver, de pensar e
sentir a vida hoje. Se a segunda
revolução industrial trouxe a conversão
do trabalho em trabalho assalariado, a
terceira está trazendo o fim deste, e
convertendo progressivamente ciência e
tecnologia em forças produtivas, o que
representa grandes desafios para o
processo formativo e educacional do homem.
Texto
escrito por Holgonsi
Soares Gonçalves Siqueira e publicado no
Jornal "A Razão" – 02.08.2001
e no web site
"Pós-Modernidade": http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/
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