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PROBLEMAS DE OBSERVAÇÃO DO CÉU
Para
astrônomos e amantes do céu noturno, da
Lua, das estrelas e dos planetas, a
observação do céu é um exercício de
paciência e persistência. Muitas vezes,
é necessário esperar dias para encontrar
um céu sem nuvens. Quando não há
nuvens, ainda pode haver umidade elevada
ou simplesmente visibilidade e transparência
muito baixas. Outras vezes, é necessário
esperar seis meses para que o Sol saia da
constelação que se deseja estudar ou
para observar uma paralaxe.
Para
agravar ainda mais o problema, nossas
cidades crescem com o tempo. A iluminação
pública não é feita de modo racional,
inteligente e econômico, lançando luz
para todos os lados, inclusive para o céu,
ao invés de iluminar apenas as vias públicas,
casas, edifícios e construções. As
emissões de poluentes também aumentam
com o tempo e temos mais poeira e fuligem
nos céus a cada dia. O aumento da
temperatura global poderá aumentar a
formação de nuvens no futuro, deixando o
céu nublado por mais tempo.
Nem
a rádio-astronomia escapa! As ondas
eletromagnéticas de rádio, televisão,
satélites, aparelhos elétricos (e eletrônicos)
e da telefonia móvel já invadem faixas
de interesse para a pesquisa em astronomia
e astrofísica. Se quisermos fazer
pesquisa em astronomia, livre de tanta
interferência, só resta instalar um
observatório no lado oposto da Lua,
aquele que não é visível da Terra e não
recebe nossa poluição eletromagnética.
Quando
observamos o céu, esquecemos que não é
apenas luz visível que é emitida pelos
astros e chega até nós. A maior parte
das emissões da nossa estrela, o Sol, é
luz visível (44% do total) e toda forma
de vida no planeta Terra se desenvolveu
com base nisso. A luz visível é apenas
uma parte do espectro eletromagnético que
é composto por raios gama, raios X,
ultravioleta, luz visível, infravermelho,
microondas, ondas curtas de rádio e ondas
longas de rádio. Ainda existem outras
partículas como prótons, elétrons, nêutrons
e núcleos atômicos que atingem nosso
planeta e são barradas pela
atmosfera......para a nossa sorte!
A
transparência da atmosfera é boa para a
luz visível, parte do infravermelho
(infravermelho próximo) e parte das ondas
de rádio (ondas curtas de rádio). Para
todo o resto do espectro, a atenuação é
muito elevada. Mesmo sob condições
excelentes, a atmosfera sempre funciona
como um filtro que atenua todas as formas
de radiação eletromagnética, tal como
um óculos de Sol. Isto acontece porque
todo elemento químico absorve (ou
reflete) alguns tipos de radiação e é
transparente para outros. Em alguns casos,
a atmosfera bloqueia grande parcela de
alguns tipos de radiação (como raios
gama, raios X, ultravioleta, infravermelho
distante e ondas longas de rádio), isso
é bom para a nossa pele, nossos olhos e
formas de vida que ficam expostas à luz
solar. Mas, compromete a observação do céu.
O
ideal seria realizar observações do céu
sem este filtro natural, pois os astrônomos
precisam saber com detalhes que radiações
e em que quantidade os corpos celestes
emitem, absorvem ou refletem. Para evitar
problemas de observação, astrônomos
constroem telescópios com aberturas cada
vez maiores, fazem experimentos com balões
e lançam no espaço observatórios, satélites
e telescópios. Na superfície terrestre,
também são construídas antenas parabólicas
que servem para observar ondas de rádio
emitidas por alguns astros.
Para
aumentar a qualidade dos dados, é possível
trabalhar com várias antenas de uma só
vez. Um exemplo disto é o Very Large
Array, em Socorro, nos Estados Unidos,
composto de um conjunto de 27 antenas,
cada uma com 25 metros de diâmetro e
arranjadas em forma de Y.
Atualmente,
existem telescópios que possuem espelhos
com até dez metros de diâmetro. O
Observatório de Keck, no Havaí, possui
um espelho deste tamanho, formado por 36
espelhos separados, cada um com 1,8 m e
montados sobre uma superfície parabólica.
Essa abertura é enorme por duas razões:
para recolher o máximo de luz que chega
de um astro (luminosidade) e para separar
detalhes muito próximos (resolução).
Experimentos
com balões permitem fazer observações a
15 km de altitude. A cinco quilômetros,
metade de toda a atmosfera já fica para
trás e é possível observar ondas longas
de rádio.
Finalmente,
nosso telescópio preferido, sem dúvida
alguma, é o Telescópio Espacial Hubble.
Este possui um espelho de 2,4 m de diâmetro,
bem menor do que aqueles dos telescópios
terrestres. O diâmetro é menor, mas isso
não é um problema, pois ele opera no
espaço onde não há atmosfera. A outra
razão do diâmetro ser menor é
simplesmente porque o ônibus espacial não
poderia levar um equipamento maior. O
Hubble possui dois espectrógrafos e duas
câmeras que realizam observações na
faixa do ultravioleta, da luz visível e
do infravermelho próximo. Sua resolução
é dez vezes maior que a de qualquer
telescópio montado na Terra!
Artigo
do mês de setembro de 2002 da Revista de
Ciência On-line: http://www.cienciaonline.org/
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