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VISÃO
PRIVILEGIADA
Estudar a atmosfera,
prever o tempo e o clima são tarefas
rotineiras para os profissionais de
meteorologia e ciências atmosféricas.
Para realizá-las é necessário um
aparato sofisticado, que provê
informações das mais variadas e
complexas. Porém, uma delas já se tornou
bastante popular e continua chamando a
atenção de todos: as imagens de
satélite. Mais do que uma visão
privilegiada do planeta, eles nos mostram
as mil e uma facetas da camada de ar que
nos envolve. Neste mês, vamos conversar
um pouco sobre isto...
Instrumentos especiais
podem ver as nuvens e a superfície
terrestre de maneiras diferentes. A luz
visível não é a única que existe e
sim, a única que nossos olhos são
capazes de captar e interpretar. Há raios
invisíveis percebidos, por exemplo, por
equipamentos a bordo dos satélites
meteorológicos. Estes fazem com que a
atmosfera adquira vários aspectos,
possibilitando informações antes nunca
sonhadas.
A tecnologia ampliou
nosso olhar e, hoje, podemos observar o
céu como se tivéssemos vários olhos,
mostrando visões diferentes da mesma
realidade. E como isto acontece?
Tudo isto ocorre porque
a luz visível é apenas uma pequena parte
do espectro eletromagnético, ou seja, de
todos os tipos de "raios"
possíveis. Assim, cada fotografia, tirada
com equipamentos especiais capazes de
separar os vários tipos de luz, mostra um
detalhe diferente que é analisado pelo
cientista, pesquisador ou meteorologista.
Cada uma destas imagens é dito ser
produzida por um canal do espectro. Com o
avanço do conhecimento da física de
nuvens, da interação da luz com a
matéria e das propriedades físicas da
atmosfera, as informações dos diferentes
canais são interpretadas e resultam numa
grande quantidade de dados que ajudam a
entender melhor os fenômenos
atmosféricos e tornam a previsão do
tempo e do clima mais confiáveis.
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Imagens
de um furacão ocorrido na costa
leste de Madagascar,
Oceano Índico, no dia 10 de
fevereiro de 1998
NASA/NASDA - Projeto TRMM
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As
imagens que ilustram este texto são um
exemplo didático do que se falou até
agora. O mesmo furacão, no mesmo
instante, visto por vários canais dos
satélites. Em alguns casos, as
diferenças são quase imperceptíveis aos
olhos leigos, mas os profissionais, com a
ajuda de computadores, produzem uma
infinidade de estudos e trabalhos a partir
dos vários "pontos de vista"
que a tecnologia nos proporciona.
Olhar
as nuvens desta forma, pode não ser muito
romântico, mas nos permite conhecer sua
intimidade...e sem pedir licença! Assim,
parecemos super-heróis com super poderes
para ver o que os olhos dos
"mortais" não alcançam.
A
Ciência nos mostra cada coisa...e a
curiosidade dos homens não pára por aí!
Os centros de pesquisa de satélites,
espalhados pelo mundo, continuam a
desenvolver novos equipamentos para que
possamos enxergar nosso planeta com outros
olhos, em outras frequências ou, como
eles dizem, em outros canais.
Continue
atento e de olhos bem abertos às
maravilhas da tecnologia.
Nos
vemos no nosso próximo encontro com
outras inusitadas curiosidades do mundo da
ciência. Até lá!
Artigo
do mês de Junho de 2003 da Revista de Ciência
On-line: http://www.cienciaonline
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